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Sistema da Polícia Federal pode estar repassando aos EUA grampos feitos no Brasil

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27 de setembro de 2014, 16h43

O programa usado pelas operadoras de telefonia do Brasil para fazer interceptações telefônicas quando há autorização judicial é desenvolvido por uma multinacional apontada como auxiliar da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA, na sigla em inglês, vinculada ao Departamento de Defesa). Há suspeitas de que o conteúdo dos grampos feitos pelo sistema passe às mãos do governo americano durante as investigações e antes mesmo que a Justiça tenha conhecimento de seu conteúdo. Segundo o blog do jornalista Claudio Tognolli, o tema deve ser levado por um grupo de autoridades à presidente Dilma Rousseff.

Em 2013, a divulgação de que comunicações da Presidência foram alvo de espionagem da agência americana gerou uma crise nas relações diplomáticas entre os dois países. Agora, autoridades disseram ao jornalista que o Brasil não tem controle sobre as interfaces usadas pelas empresas de telefonia. Todas elas usam o software Reliant, do grupo Verint.

O pesquisador Stephen Lendman, especializado na área de espionagem e associado ao Centre for Research on Globalization, afirmou ao blog que a NSA “mantém uma relação muito próxima com a Verint e companhias isralenses similares”, circulando entre elas “informações secretas e extrajudiciais”.

“Em resumo, os grampos todos feitos no Brasil podem chegar nos Estados Unidos antes de chegarem nas mãos da Polícia Federal”, declarou uma autoridade ao blog de Tognolli. A Verint, de acordo com o jornalista, mantém parceria com fornecedores em vários países para ajudar a empregar a infraestrutura de interceptação mais econômica possível. Hoje, a central de monitoramento é implantada no mundo todo.

Espionagem global
A rede de espionagem norte-americana tornou-se conhecida em junho do ano passado, quando o jornalista americano Glenn Greenwald publicou no jornal

Reprodução
Guardian programas de vigilância adotados pela NSA ao redor do mundo, como o Prism, captando dados, e-mails, ligações e outros tipos de comunicações. As informações foram divulgadas com base em documentos fornecidos por Edward Joseph Snowden (foto), técnico em redes de computação que trabalhou em programas da agência e pediu asilo na Rússia.

Segundo o programa Fantástico, da Rede Globo, documentos fornecidos por Snowden a Greenwald apontam que a NSA espionou a Petrobras com interesse nas transações com o Brasil. Outra reportagem revelou que, além de grandes empresas, a espionagem atingiu a presidente Dilma. Em janeiro deste ano, o presidente americano Barack Obama declarou que aliados dos Estados Unidos não seriam mais espionados.

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