Cubana que deixou “Mais Médicos” desiste de cobrar indenização na Justiça
26 de setembro de 2014, 17h53
A médica cubana Ramona Matos Rodriguez, que abandonou o programa “Mais Médicos” no começo do ano em meio a uma série de críticas à iniciativa do governo federal, desistiu de cobrar indenização pela experiência no Brasil. Na última quinta-feira (25/9), a defesa da médica pediu à Justiça do Trabalho que o processo fosse extinto, “por razões de foro íntimo”.
Como parte dos salários dos profissionais cubanos são retidos em Cuba, o processo pedia que a Justiça concedesse liminar para bloquear repasses feitos pelo governo brasileiro à ilha. A solicitação, no entanto, foi negada ainda em fevereiro pelo juiz Deodoro José de Carvalho Tavares, da 1ª Vara do Trabalho de Tucuruí (PA).
A cubana vive hoje nos Estados Unidos, segundo sua defesa, e faltou à audiência marcada para a última quinta-feira (25/9). “Na audiência trabalhista a reclamante precisa estar presente. Cogitamos a possibilidade de ela vir, por ser um caso de repercussão, mas ela ficou com receio de perseguição e de ser impedida de voltar aos Estados Unidos”, afirma o advogado João Rolim de Castro, que representou a médica. Ele diz que a cliente pediu sigilo sobre a cidade e o estado norte-americano onde mora hoje.
Apesar da desistência, o documento enviado à vara diz que, a partir da ação movida por ela, “a Justiça do Trabalho colaborou com a imediata melhoria de condições aos conterrâneos cubanos do programa ‘Mais Médicos’, porquanto esses profissionais receberam um aumento salarial, no qual o salário anterior repassado de US$ 400,00 foi elevado à US$ 1.245”.
A juíza Natália Alves Martins determinou que Ramona bancasse custas do processo em R$ 2,9 mil, mas a autora ficou isenta de pagar o valor pois se declarou “pobre na forma da lei”. A audiência foi encerrada sem que a União, o município paraense e as outras partes apresentassem seus argumentos.
Caminho errado
Um acordo internacional poderia impedir a condução do processo, porque a principal ré dizia não poder ser alvo de ações judiciais nem de procedimentos administrativos no Brasil. A Organização Pan-americana de Saúde — responsável por intermediar contratos do programa com o governo cubano — é um organismo internacional com imunidade em seus 38 Estados-membros. Assim, quaisquer questionamentos deveriam ter sido enviados ao Ministério das Relações Exteriores, para tramitação por via diplomática, segundo o próprio Itamaraty.
Clique aqui para ler o pedido de desistência.
Processo: 0000228-98.2014.5.08.0110
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