Mudança nas bancadas

Prognóstico do Diap para a Câmara dos Deputados na eleição de 2014

Autor

  • Antônio Augusto de Queiroz

    é jornalista analista e consultor político mestre em Políticas Públicas e Governo pela FGV ex-diretor de documentação do Diap autor dos livros Por Dentro do Governo: como Funciona a Máquina Pública e RIG em Três Dimensões: Trabalho Parlamentar Defesa de Interesse perante os Poderes Públicos e Análise Política e de Conjuntura e sócio-diretor das empresas Consillium Soluções Institucionais e Governamentais e Diálogo Institucional Assessoria e Análise de Políticas Públicas.

12 de setembro de 2014, 8h20

Com base em informações qualificadas — como serviços prestados, vinculação a grupos políticos, econômicos e sociais, influência regional, estrutura partidária e apoio financeiro — o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar  (Diap) promoveu um amplo levantamento destinado à elaboração de um prognóstico sobre a composição da Câmara dos Deputados, a ser eleita em 2014.

Adotou-se, como metodologia, a consulta a jornalistas, parlamentares, pesquisas eleitorais, especialistas, e também partiu-se do pressuposto de que os candidatos à reeleição, deputados estaduais, vereadores de capitais e ex-prefeitos de grandes centros, bem como os suplentes bem votados na eleição anterior, dependendo da coligação, são competitivos.

Advirta-se, desde logo, que levantamentos com essas características, destinados a identificar os candidatos mais competitivos, estão sempre sujeitos a imprecisões e surpresas, razão para qual o fato de constar o nome nesta lista não significa que será eleito nem a ausência significará derrota. Trata-se de um esforço de antecipar tendência em relação à composição das bancadas, identificando os candidatos com potencial de eleição.

De acordo com a tabulação dos dados, que considera o possível desempenho eleitoral de cada partido em cada uma das 27 unidades da federação, a Câmara dos Deputados continuará muito pulverizada, com a redução das bancadas dos principais partidos em relação ao pleito de 2010 e aumento do número de agremiações com representação na Câmara, que deve passar de 22 para 28, conforme tabela abaixo.

Partido Bancada eleita 2002 Bancada eleita 2006 Bancada eleita 2010 Bancada atual Prognóstico 2014
Mín. Média Máx.
PT 91 83 88 88 70 82 95
PMDB 75 89 78 72 48 60 73
PSD 0 0 0 45 29 38 48
PSDB 70 66 53 44 36 44 53
PP 49 41 41 40 29 35 41
PR 32 25 42 32 23 27 32
DEM 84 65 43 28 20 22 25
PSB 22 27 34 24 23 28 34
SD 0 0 0 21 16 18 20
PROS 0 0 0 20 15 17 20
PTB 26 23 21 18 18 22 27
PDT 21 24 28 18 13 15 18
PCdoB 12 13 15 15 12 16 20
PSC 1 9 17 12 11 13 16
PRB 0 1 8 10 10 13 16
PV 5 13 15 8 9 11 14
PPS 15 22 12 6 9 10 11
PSOL 0 3 3 3 2 3 4
PMN 1 3 4 3 3 3 4
PTdoB 0 1 3 3 3 3 4
PRP 0 0 2 2 2 3 4
PEN 0 0 0 1 1 2 3
PTC 0 3 1 0 1 1 2
PHS 0 2 2 0 1 1 2
PRTB 0 0 2 0 1 1 2
PSDC 1 0 0 0 1 1 2
PTN 0 0 0 0 0 1 1
PSL 0 0 0 0 1 1 2
Fonte: Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP)

A provável redução da bancada ou o número de eleitos se justifica, entre outras razões, pela criação de partidos em 2013, como PSD, Pros e SD, que tiveram importantes adesões, com a consequente perda de parlamentares em todos os grandes e médios partidos, com exceção do PT.

Segundo o prognóstico do Diap, apesar de menores, o PT e o PMDB continuarão, respectivamente, como primeira e segunda maiores bancadas. O PSDB continuará em terceiro lugar e o PSD e o PP disputam a quinta posição. O PR e o PSB disputam a sexta posição, seguidos do DEM, do PTB, do Pros, do SD, do PDT e do PCdoB.

Apenas dois partidos (PT e PMDB), que certamente terão mais de 50 deputados, poderão ser classificados como grandes. Na categoria de médio, com entre 20 a 49 deputados, podemos citar PSDB, PP, PSD, PSB, PR, DEM e PTB.  Podem ser enquadrados como pequenos, com entre 10 a 19 deputados, os partidos: PRB, PV, PPS, SD, Pros, PDT, PCdo B e PSC. Na condição de muito pequenos, apelidados pejorativamente de nanicos, com menos de dez deputados, podemos citar: Psol, PMN, PTdoB, PRP, PRTB, PTC, PEN, PHS, PSDC, PTN  e PSL.

A julgar pelos aspectos apontados, o próximo presidente da República, seja quem for, terá que negociar com vários partidos no varejo (caso a caso) para formar maioria pontual e, acima de tudo, ficará na mão dos partidos médios (muitos dos quais fisiológicos). Num cenário desses, as chances de reformas estruturais são praticamente nulas. Ou haverá pressão popular ou o toma-lá-dá-cá tende a aumentar.

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