Sem perspectivas

Candidatos à Presidência da República não discutem propriedade intelectual

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22 de outubro de 2014, 6h31

Qual a relação entre o Alibaba Technology, gigante chinesa da internet, que recentemente ofertou ao público as suas ações na bolsa de Nova York, com as eleições presidenciais brasileira?

Num primeiro momento, pode-se dizer que nenhuma. O Alibaba surgiu da iniciativa de um professor chinês para atuar no mercado atacadista, de vendas pela internet. Aos poucos, conquistou espaço ao redor do mundo e diversificou sua atuação. Vende-se de tudo: de cortina, pasta de dente, dutos de petróleo a ração de cachorro. Hoje faz frente a gigantes americanas como a Amazon e eBay.

De outro lado, e daí a relação, não se tem notícia no mercado brasileiro de empresa semelhante. Junta-se as expressões clichês startup, inovação, tecnologia e internet e não encontraremos nenhum, ou quando muito, esporádico e esparso, incentivo para o surgimento de Alibabas nacionais. Não nos falta criatividade, boas ideias e mercado interno a explorar. Nos faltam políticas públicas para o setor e a cultura para inovar.

Basta uma simples pesquisa no programa de governo dos presidenciáveis. Tanto Dilma Rousseff (PT) quanto Aécio Neves (PSDB) não apresentam nenhuma medida concreta para o setor. Apenas plataforma de trabalho com ênfase em termos genéricos e ambíguos, ou seja, com fortes indícios que não trarão nada de novo sobre esses temas. Tanto é que nos debates e discursos, o assunto sequer é tratado ou priorizado quando, na verdade, deveria ser o primeiro da pauta.

Vale lembrar que as estatísticas atuais apontam para uma estagnação brasileira na produção de pesquisas científicas e um dos menores índices de crescimento na área de inovação. E, no geral, o cenário não poderia ser mais desolador. Em nenhum lugar do país encontramos, por exemplo, propostas para o desenvolvimento de projetos como o East London Tech City, também conhecido como Tech City ou Silicon Roundabout. Lá, já se encontram milhares de pequenas, médias e grandes empresas e, logo, logo, brotará uma nova Alibaba.

Considerando os números atuais, a falta de perspectiva do atual governo e o curto prazo de tempo para se implementar uma nova política para o setor, na hipótese de eleição de novo presidente, ao que parece não teremos nos próximos quatro anos nenhuma perspectiva para o surgimento de uma Alibaba tupiniquim.

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