As memórias de Graça Aranha e
as influências de Tobias Barreto
12 de outubro de 2014, 8h00
Tobias, segundo Graça Aranha, conhecia Richard Wagner, a quem, inclusive, imputara a soberania na música da época[6]. Inovador, prosseguia Graça Aranha, Tobias Barreto havia antecipado que Walt Whitman reformava a poesia moderna, bem como reconhecera a grande novidade que Aluísio Azevedo representou na literatura brasileira, com a publicação de O Mulato[7].
A crítica literária nacional teria sido intensamente influenciada e renovada por Tobias, porquanto Silvio Romero, Araripe e José Veríssimo teriam sido seus discípulos[8]. Tobias Barreto combateu a velha mentalidade brasileira, prosseguia Graça, com as teses do transformismo, do monismo e do determinismo[9].
Especialmente, e de um ponto de vista mais afeto à filosofia do direito, Tobias Barreto fora um crítico do direito natural. Essa é também a impressão de Graça Aranha, que assinalou que para o sergipano, “o direito não é anterior à sociedade, é um produto cultural desta”[10]. Por isso, e só por isso, segundo Graça Aranha, “o seu serviço ao pensamento jurídico foi incomensurável”[11]. Segunda Graça Aranha, com Tobias, “caiu por terra toda construção errônea do direito e no Brasil entrou uma rajada de pensamento livre, de cultura moderna, que fecundou numerosos espíritos”[12].
Apreciador do Recife, e do encanto das pontes, “que atravessa chupando roletas de cana”[13], Graça Aranha revelou que no primeiro ano do curso de Direito o tempo era pouco para “absorver o alimento intelectual que recebia de Tobias Barreto”[14]. Encantava-se Graça Aranha com a cidade, e entre os colegas de faculdade, fez fila com os inovadores e rebeldes[15]. A inovação e a rebeldia são, de fato, os recorrentes epítetos que se colhe, entre os que conviveram com Tobias Barreto.
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