Clima eleitoral

Oposição inédita na Aasp movimenta disputa por Conselho Diretor

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28 de novembro de 2014, 9h23

A primeira eleição com grupo opositor na Associação dos Advogados de São Paulo desde 2008 já gera trocas de e-mails, telefonemas, conversas de corredor e mensagens pelas redes sociais. A campanha tem relevância porque a Aasp é uma das maiores entidades de adesão voluntária da advocacia no mundo, com 93 mil associados. Todos eles poderão ir às urnas na próxima terça-feira (2/12) para escolher um terço do Conselho Diretor — a exceção é de estagiários, bacharéis sem inscrição na OAB e de quem não está em dia com a mensalidade.

A presença de dois grupos interessados em 7 das 21 vagas surpreendeu associados ouvidos pela revista Consultor Jurídico. Nos últimos seis anos, a escolha tem sido tranquila, com chapas únicas. Em 2013, apenas 187 pessoas votaram. A eleição é presencial e vai acontecer das 13h às 18h, na sede da associação (rua Álvares Penteado, 151, no Centro). Os conselheiros têm poder para escolher o próximo presidente.

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Todos os integrantes da Chapa 1 já têm atividades na Aasp. Cinco são conselheiros (incluindo dois substitutos em exercício há mais de um ano) e outros dois atuam como diretores da associação.

Do outro lado, nenhum nome da Chapa 2 integrou alguma vez o conselho. Dois membros são diretores do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp): Mário Luiz Delgado Regis e Miguel Pereira Neto. A única mulher no grupo, Rosana Chiavassa, já se candidatou à presidência e à vice-presidência da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo.

“As gestões na Aasp são sempre marcadas por um grupo fechado, sem o ingresso de todos os associados”, afirma Mário Delgado. Segundo ele, a entidade presta bons serviços aos advogados, mas falta democratizar a comunicação entre associados e conselheiros, como a publicação de balanços e informações na internet e a abertura de diálogo para novos serviços. “Até o registro da nossa chapa, não havia nem divulgação sobre a eleição.”

“Hoje, os associados querem participar mas não têm voz, pois não há chamamento para que isso ocorra. Nosso movimento é uma ruptura da inércia”, afirma Luiz Tarcísio Teixeira Ferreira, ex-secretário de Negócios Jurídicos na Prefeitura de São Paulo. Ao ser questionado por colegas sobre a iniciativa, ele disse que a disputa eleitoral em uma associação é “estatuária e democrática”.

‘Politização’
Já o advogado Renato José Cury, integrante da Chapa 1 e segundo secretário da Aasp, avalia que a criação do outro grupo tenta gerar uma “politização” dentro da entidade, o que para ele não deveria ser o foco. Embora a chapa rival intitule-se como “renovação”, Cury defende que já há espaço para a troca de cadeiras atualmente, pois o próprio estatuto impede que conselheiros fiquem mais de nove anos no cargo.

Uma pessoa ligada à cúpula da Aasp, que pediu para não ser identificada, disse que a entidade já é aberta à participação, com divulgação nas assembleias e em boletins periódicos. Apoiadores da Chapa 2 afirmaram, também sob anonimato, que a insatisfação teve início a partir de posições institucionais tomadas pela entidade, como um suposto apoio para a nomeação do ex-conselheiro Alberto Gosson como desembargador do Tribunal de Justiça paulista, pelo quinto constitucional — a atual gestão nega que isso tenha ocorrido.

Veja quem disputa a vaga ao Conselho Diretor:

Chapa 1 – Situação
Flávia Hellmeister Clito Fornaciari Dórea
Marcelo Vieira von Adamek
Renato José Cury
Ricardo de Carvalho Aprigliano
Roberto Timoner
Rogério de Menezes Corigliano
Silvia Rodrigues Pereira Pachikoski

Chapa 2 – Oposição
Daniel Willian Granado
Luiz Tarcísio Teixeira Ferreira
Mário Luiz Delgado Regis
Miguel Pereira Neto
Robson Maia Lins
Rogério Bassili José
Rosana Chiavassa

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