Dois acusados de tráfico internacional de drogas presos pela midiática operação oversea foram soltos pela Justiça sem serem sequer julgados. É que o Ministério Público Federal não apresentou denúncia contra os suspeitos, segundo noticiou o jornal O Estado de S. Paulo. A ação comandada pela Polícia Federal foi deflagrada em março, alardeada como maior operação contra o tráfico feita em 2014.
Na ocasião, foram apreendidas 3,7 toneladas de cocaína no Porto de Santos, cujo destino era a Europa. Entre os suspeitos que foram soltos por falta de acusação estão os colombianos Yul Neyder Morales Sanches e Cristobal Morales Velasquez. O MPF informou que o procurador responsável pelo caso não comentaria o assunto.
Os Habeas Corpus foram concedidos no dia 7 de outubro. Eles estavam presos desde junho. Nino Toldo, um dos desembargadores federais que compõem a 11ª turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que autorizou a soltura, afirmou na decisão que “o Ministério Público ultrapassou qualquer critério de razoabilidade. Não é aceitável que alguém seja mantido segregado cautelarmente tanto tempo”.
Um fato curioso é que essa é a segunda vez que os homens foram soltos. Logo após a operação, eles conseguiram Habeas Corpus. A polícia os prendeu novamente, com outros mandados, apontando indícios de que eles estavam preparando uma fuga.
Os colombianos são apontados como representantes de fabricantes de cocaína que usavam o Porto de Santos para fazer a droga chegar à Europa. O tráfico era feito com a ajuda de uma facção criminosa e da organização mafiosa italiana N'Drangheta, em diversos portos.
Em setembro deste ano, a 11ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região também já havia concedido, por unanimidade, Habeas Corpus a um dos 43 réus da operação. Segundo a corte, a acusação do MPF estava baseada em "fatos genéricos".
Comentários de leitores
9 comentários
Cheiro de corrupção
Carlos Afonso Gonçalves da Silva (Delegado de Polícia Estadual)
Certa vez discuti com um promotor em Araçatuba. Eu começava minha carreira de professor universitário e ele havia editado uma apostila em que apontava taxativamente queo inquérito policial só poderia ser arquivado pelo juiz para evitar que um delegado corrupto colocasse fim à investigação por interesse financeiro próprio.
À época fiquei muito irritado, não apenas pela gritante infâmia, mas por isso ter sido colocado em um material didático e disseminado para estudantes de Direito.
Hije vejo que ele tinha razão... Somente esqueceu-se de incluir no rol dos corruptos, sua própria classe.
Lamentável esse entendimento de raça superior, de gente tão perfeita que se veste e age em movimento de manada. Que quer independência funcional não para atender a interesses republicanos, mas pelo simples e abjeto Poder.
Assim como seus colegas de escritório, os juizes, que vão comprar ternos em Miami para combater a depressão (vide recente pronunciamento do presodente do TJ bandeirante) pensam e agem como se a distribuição da justiça lhes fosse entregue por herança e que eles na distribuirão conforme seu estrávico entendimento.
Essas instituições precisam ser revistas urgentemente, em especial o ministério público. Esse dualismo congênito de fiscal da lei e parte processual já não mais atende aos interesses do Estado e de seu povo.
Desçam do muro.... Cresçam... E por favor, parem de brincar com a coisa pública como se esta fosse a sua privada.
Coerência
Luiz Carlos de Oliveira Cesar Zubcov (Advogado Autônomo)
Parabéns APF Murilo!
O seu cometário é um exemplo que deveria ser seguido por todos os policias federais. A defesa da instituição e dos colegas seria a melhor imagem para ser divulgada e não a da cizânia. O ambiente de trabalho insuportável prejudica a todos, atinge a sociedade e favorece a criminalidade.
Se um dia o encontrar apertarei a sua mão que é de um verdadeiro conciliador.
Comum
Orpheuslg (Advogado Autônomo - Criminal)
Infelizmente no Brasil virou rotina operações para mídia e não para a justiça! MP é o 4º 'Poder' que entendo ser o 1º 'poder', pois ninguém os fiscaliza! Muitas vezes criminosos são soltos como parece ser o caso, e em outras, inocentes têm a vida destruída pelos excessos! A ex-governador do RS Yeda Cruzius que o diga... passou poucas e boas pelo MPF na midiática operação Rodin, para depois ser isentada de tudo pelos Tribunais antes mesmo do julgamento do mérito, mas não sem antes ela passar 7 anos como 'culpada' pela mídia!
Comentários encerrados em 14/11/2014.
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