Ameaças na carceragem

Ex-diretor da Petrobras volta a denunciar agente da PF

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5 de maio de 2014, 12h26

Antes de ser transferido da Penitenciária de Piraquara (PR) para a carceragem da Polícia Federal, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa reclamou pelo menos mais uma vez de ter sofrido ameaças. Chegou às mãos do Judiciário nesta segunda-feira (5/5) mais um bilhete em que o executivo afirma que o mesmo agente da PF de que ele reclamou antes o procurou para ameaçá-lo por tê-lo denunciado.

O bilhete data do dia 28 de abril. Paulo Roberto da Costa escreve que esse agente da PF, cujo nome não foi revelado, o procurou para dizer: “Você falou que tinha sido ameaçado por mim e o delegado falou comigo. Eu não terei mais nenhuma boa vontade com vocês!” Em seguida, Costa reclama de ter passado aquele fim de semana “fechado, sem banho e caminhada, por 48 horas”. O ex-executivo da Petrobras também relata ter ouvido do agente da PF: “Você tem que tomar no meio do olho e por isso que você não vai mais sair daí”.

Paulo Roberto da Costa está preso desde o dia 20 de março. Ele é um dos acusados na ação penal que decorreu da operação lava jato, em que a PF investigou denúncias de remessas ilegais de dinheiro ao exterior. A primeira vez que reclamou das ameaças, também por meio de um bilhete, revelado pela ConJur, foi no dia 25 de abril. Nele, Costa afirma que o agente da PF lhe disse que ele estava “criando muita confusão”. O novo bilhete data de três dias depois.

Logo depois das denúncias de Costa, seus advogados entraram com pedido de Habeas Corpus reclamando das condições em que o ex-diretor estava preso. Na sexta-feira (2/5), depois do HC, Paulo Roberto da Costa foi transferido de volta para a carceragem da PF, cinco dias depois de ter saído de lá e ser transferido para a Penitenciária de Piraquara.

Operação lava jato
Costa é engenheiro mecânico e assumiu em 2004 a Diretoria de Abastecimento da Petrobras. Hoje aposentado e consultor na área de petróleo e gás, ele teve o nome envolvido em operação que investiga supostas remessas ilegais pelo doleiro Alberto Youssef. A PF afirma que, em um e-mail usado por Youssef, foi recebida nota fiscal de um veículo em nome de Paulo Roberto Costa, no valor de R$ 250 mil. Por isso, a PF atribui indícios de pagamento de vantagem, o que poderia configurar crime de corrupção ativa.

A prisão temporária foi decretada depois de o juiz do caso, Sérgio Fernando Moro, avaliar que alguns familiares de Costa participaram da ocultação de provas, retirando do escritório dele grande quantidade de documentos enquanto a PF tentava conseguir a chave da sala. Quatro dias depois, a prisão foi convertida para o caráter preventivo. A defesa alega não haver qualquer indício de que o cliente tenha cometido crimes contra o sistema financeiro nacional ou de lavagem de dinheiro.    

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