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Morre, aos 82 anos, o advogado e doutrinador Amauri Mascaro Nascimento

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24 de junho de 2014, 11h30

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Morreu, nesta terça-feira (24/6), aos 82 anos, em decorrência de um câncer, o advogado Amauri Mascaro Nascimento, considerado um dos maiores nomes do Direito do Trabalho do país. O corpo será velado a partir das 18h no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1957, Mascaro Nascimento obteve o título de doutor em Direito 15 anos depois, pela Universidade de São Paulo, onde viria a ser professor.

Fundador do escritório Mascaro Nascimento, também foi juiz do Trabalho, promotor de Justiça e chefe da Consultoria Jurídica do Ministério do Trabalho. Publicou pelo menos 30 livros, entre eles, Teoria Geral do Direito do Trabalho e Curso de Direito do Trabalho. Ele deixa a mulher, Nilza Costa Nascimento, e dois filhos, Marcelo e Sônia.

Aluno de Mascaro na USP, em 1979, o ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, do Tribunal Superior do Trabalho, lamentou a morte do antigo professor. “Era o melhor mestre de Direito do Trabalho e seu livro de iniciação, muito didático, inspirou-me a escrever meu Manual Esquemático sobre o ramo laboral”.

“Todas as temáticas atuais do Direito e do Processo do Trabalho encontravam nele um estudioso ponderado e indagador, que sugeria respostas aos problemas, preocupado na harmonização das relações laborais”, acrescentou o ministro.

Em nota, Maria Cristina Peduzzi, também ministra do TST e conselheira do CNJ, ressaltou o legado e a contribuição do jurista para o engrandecimento do Direito do Trabalho. Para o presidente da corte, ministro Barros Levenhagen, “é um dia de pesar para toda a comunidade jurídica”.

Também ministro do TST, Walmir Oliveira da Costa afirmou que o jurista “granjeou o prestígio e a admiração da comunidade jurídica por sua cultura humanística e grande dedicação ao estudo de temas importantes para o Direito do Trabalho”.

A desembargadora Jane Granzoto Torres da Silva, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, afirmou que a morte do jurista causa um vazio sem precedentes. “Suas palavras, sua sabedoria, seu carinho, seu amor ao Direito do Trabalho, jamais serão esquecidos. A ausência do professor Amauri Mascaro Nascimento no mundo jurídico, quer na seara acadêmica, quer na magistratura trabalhista, ou ainda na advocacia, causa um vazio sem precedentes, sobretudo para nós, seus eternos alunos.”

Para o advogado Paulo Sergio João, Mascaro era uma pessoa especial. “O professor Amauri deixa um legado de valorização para o Direito do Trabalho tanto pelas suas obras como pela geração de advogados trabalhistas apaixonados que formou ao longo de sua carreira. Era uma pesso especial, marcado pela clareza de ideias, sempre com humildade de um sábio. Suas obras representam uma parte do grande jurista e que sempre será lembrado”.

O presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcos da Costa, lamentou a morte. “A advocacia está enlutada. A contribuição do professor Amauri Mascaro Nascimento para o Direito Trabalhista brasileiro é das mais significativas, tanto no aspecto técnico —pela sua vasta produção intelectual— quanto na esfera prática por ter atuado na linha de frente dessa Justiça especializada. Também é fundamental ressaltar que emprestou seu prestígio e brilho à defesa das prerrogativas profissionais da classe”.

O professor de Direito do Trabalho Gáudio Ribeiro de Paula lembra que Amauri era conhecido como “professor de todos” por ministros do TST, autores e outros docentes. “Profundo conhecedor do Direito nacional e de outros países, Amauri deixa órfãs diversas gerações de estudiosos do Direito do Trabalho”, acrescentou.

A Academia Paulista de Direito do Trabalho afirmou que, com a morte de Mascaro, o Direito do Trabalho perde “um dos paradigmas, cujas lições, entretanto, permanecerão em benefício de muitas gerações”.

O advogado trabalhista e professor da USP Nelson Mannrich usou palavras como “genialidade” e “humildade” para lembrar de Mascaro. “Todos nós éramos fascinados pela magia de seus discursos e simplicidade e profundidade de suas aulas. Sua inteligência iluminada transmitia com serenidade sua sabedoria”, disse.

O diretor cultural da Associação dos Advogados de São Paulo (Aasp), Luís Carlos Moro, lembra que Amauri Mascaro formou diferentes gerações de profissionais do Direito. "Suas obras constituem um guia seguro aos estudantes e profissionais que se dedicam ao Direito do Trabalho e compõem um significativo legado que o jurista deixa aos seus pósteros", diz Moro.

Presidente do Instituto dos Advogados do Brasil, Técio Lins e Silva afirma que Mascaro "era uma pessoa extremamente amável e muito dedicada ao aprimoramento do Direito, sendo que seus ensinamentos são seguidos, desde a década de 1980, por inúmeros advogados, magistrados, membros do Ministério Público, e professores".

*Texto alterado às 17h08 do dia 27 de junho de 2014 para acréscimos.

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