Luto na advocacia

Morre aos 80 anos o criminalista George Tavares, defensor de presos políticos

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13 de junho de 2014, 20h22

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Morreu nesta sexta-feira (13/6), aos 80 anos, o advogado criminalista George Francisco Tavares, conhecido por defender presos políticos durante a ditadura militar. Seu corpo será velador a partir das 8h de amanhã, no Memorial do Carmo, zona norte do Rio de Janeiro. O enterro está marcado para as 11h, no Cemitério do Caju.

Nascido na capital fluminense, Tavares formou-se em Direito, em 1958, pela antiga Universidade do Brasil, hoje Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No ano seguinte, se inscreveu na Ordem dos Advogados do Brasil.

Sua estreia na profissão aconteceu em 20 de junho de 1956, no 2º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. A performance de Tavares foi elogiada pelo o juiz da corte na época, Bandeira Stampa. No dia seguinte, seu desempenho também foi aplaudido pela imprensa: “Devemos destacar também a atuação do jovem acadêmico George Tavares, o qual vem demonstrando rara sagacidade e invulgar capacidade de oratória”.

Nos anos seguintes, atuou em casos célebres, como a chacina de Lins de Vasconcelos, o desaparecimento da socialite Dana de Teffé e o assassinato de Aída Curi. 

Em parceira com o também criminalista Antônio Evaristo de Moraes Filho, defendeu perseguidos pela ditadura militar. Entre seus clientes estavam os ex-presidentes Juscelino Kubitschek e Fernando Henrique Cardoso e os jornalistas Fernando Gabeira e Carlos Heitor Cony. Por sua atuação, chegou a ser preso, em 1970, pelos militares.

Com a volta da democracia, foi convidado, em 1985, por Tancredo Neves para ocupar o cargo de Procurador-Geral da Justiça Militar. Ao tomar posse, emitiu parecer pelo desarquivamento do inquérito que apurava o atentado ao Riocentro. No fim, o caso acabou sendo deixado de lado pelos ministro do Superior Tribunal Militar.

Sobre a nomeação de Tavares, o advogado Sobral Pinto, também conhecido por atuar na defesa de perseguidos políticos, escreveu: “Na angustiosa, para não dizer alucinante, preocupação pela saúde do eminente brasileiro e insigne político Tancredo Neves, a sua ascensão à Procuradoria-Geral da Justiça Militar surgiu, para mim, como uma espécie de bálsamo consolador, por ser manifesta prova de que algo já mudou na área da Justiça Militar”.

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