Ministro do STJ

Ao estimado mestre Athos Gusmão Carneiro, com carinho

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8 de julho de 2014, 14h15

Tive o privilégio de ser aluna do emérito processualista e ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça Athos Gusmão Carneiro, recentemente falecido. Professor extraordinário, calmo, amável, humor sutil, refinado, profundo conhecedor dos doutrinadores estrangeiros e nacionais. Autor de inúmeras obras sobre institutos do processo civil. Magistrado exemplar. Auxiliou, como integrante da magistratura gaúcha, a instalação da sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região em Porto Alegre. Professor dedicado e minucioso nas explicações, paciente ao repetir lições, rigoroso nas provas e na disciplina durante as aulas.

Caminhava pela sala, inibindo pela só presença, a troca de palavras, bilhetinhos ou outros expedientes bem conhecidos pelos alunos. A obrigação do estudante era o estudo, no que estava coberto de razão. Pois bem, estávamos no início dos anos 1970, curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, prova final. Turma ansiosa, aluna aplicada, sentada nas primeiras filas, com caderno exemplar.

Resolvi as primeiras questões com facilidade. A última, valendo cinco pontos, apresentava uma imbróglio processual. Virei e revirei o Código, li e reli diversos artigos, na dúvida, não achava uma solução. O inesquecível mestre, sensível à dificuldade de todos, fez o seguinte comentário ao circular por entre as classes: “Quem não sabe o que procura, quando encontra não percebe …” Pronto, respondi com a aplicação do capítulo que lia e relia.

Muitos anos passados, comentei sobre o episódio, ele não se lembrava de ter dito a frase, verdadeira pérola, por mim recolhida como lição de vida: “Quem não sabe o que procura, quando encontra, não percebe”. Lição de mestre na processualística da vida … Saber ver.

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