Provas forjadas

ONG cobra investigação sobre prisões de manifestantes em São Paulo

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2 de julho de 2014, 10h31

A ONG Humans Right Watch cobrou nesta terça-feira (1º/7) das autoridades de São Paulo uma “investigação célere, aprofundada e imparcial” sobre denúncias de que policias usaram provas forjadas para prender os manifestantes Fábio Hideki Harano, 26, e Rafael Marques Lusvarghi, 29, após protesto contra gastos da Copa do Mundo no dia 25 de junho.

“Manifestantes que cometem atos de violência e vandalismo devem ser responsabilizados, mas isso também deve valer para policiais que forjam provas e acusam manifestantes de crimes que sabem não terem cometido” afirmou Maria Laura Canineu, diretora da entidade no Brasil.

A dupla foi presa em flagrante por formação de quadrilha, incitação ao crime, resistência, desobediência e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Policiais afirmaram ter encontrado um “artefato incendiário de fabricação rudimentar” na mochila de Fábio e uma “garrafa de iogurte com forte odor de gasolina” com Lusvarghi.

Segundo a ONG, o padre Julio Lancellotti, conhecido defensor dos direitos humanos, presenciou a prisão e negou o relato da polícia. “Quando entrei na estação do metrô, eu vi dois policiais civis abordando Harano e abrindo sua mochilha. Tiraram de dentro uma máscara de gás e um pacote de salgados de pimenta, mas nenhum explosivo”.

O boletim de ocorrência, obtido pela Humans Right Watch, aponta ainda que policias decidiram revista Harano após observarem que o “grupo liderado por [ele] já se movia com o objetivo de iniciarem o quebra-quebra”. O documento afirma ainda que Lusvarghi “mantinha estreito diálogo com [Harano]” e por isso também foi seguido.

A Justiça de São Paulo decretou no último dia 27 de junho a prisão preventiva dos manifestantes. Harano está na penitenciária do Tremembé e Lusvarghi, na cadeia da 8ª Delegacia de Polícia da capital. Segundo a decisão, eles devem permanecer detidos porque “a ordem pública estaria ameaçada com a sua colocação em liberdade”.

Na segunda-feira (30/6), a Defensoria Pública enviou pedido de Habeas Corpus ao Superior Tribunal de Justiça pedindo a soltura imediata dos manifestantes. Segundo o órgão, as prisões ocorreram por uma “questão mais política do que criminal”.

“Governos têm o dever de coibir ataques violentos contra a polícia e o patrimônio público e privado,” disse Canineu. “Mas se as autoridades paulistas não apresentarem provas contundentes dos crimes supostamente cometidos por Harano e Lusvarghi, eles devem ser imediatamente liberados.”

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