Ideias do Milênio

“Papa Francisco é muito aberto ao diálogo, muito próximo”

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31 de janeiro de 2014, 7h28

Entrevista concedida pelo cardeal brasileiro dom Orani Tempesta ao jornalista Tonico Ferreira, para o programa Milênio, da Globo News. O Milênio é um programa de entrevistas, que vai ao ar pelo canal de televisão por assinatura Globo News às 23h30 de segunda-feira, com repetições às 3h30, 11h30 e 17h30.

Papa Francisco continua surpreendendo com mudanças na Igreja Católica. Ele parece seguir um roteiro bem estruturado. Primeiro foram gestos simbólicos de humildade: pagou a própria conta do hotel, viajou em carro comum, foi às ruas sem medo. Depois, enfrentou temas sensíveis para a doutrina da Igreja. Sobre o homossexualismo, disse: “Se alguém é gay e busca o Senhor com boa vontade, quem sou eu para julgar?”. Agora, na sua lista dos 19 novos cardeais, Francisco mostra que, aos poucos, vai mudar a estrutura de poder da Igreja, inclusive na representação geográfica. Entre os escolhidos, apenas quatro são membros da Cúria Romana, que é o órgão administrativo da Santa Sé. A grande maioria, vem de vários cantos do mundo. Foram contemplados religiosos de quinze países, alguns bem pobres — Costa do Marfim, Haiti. Outros com grande número de católicos, como o Brasil com a indicação de Dom Orani João Tempesta. Monge paulista de São José do Rio Pardo, dom Orani foi arcebispo de Belém do Pará e agora é o arcebispo do Rio de Janeiro. Ficou próximo do Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude, no ano passado. Dom Orani tem o perfil que o papa quer para seus cardeais: pastores que vão às ruas encontrar o seu rebanho. Nós conversamos com dom Orani no Palácio São Joaquim, residência oficial do arcebispo do Rio. Ele já se prepara para viajar para Roma. Em 22 de fevereiro, em um Consistório no Vaticano, Dom Orani e seus 18 colegas irão receber do Papa Francisco o solidéu vermelho dos cardeais.

Tonico Ferreira — A nomeação do senhor aumenta um pouquinho mais a participação do Brasil na hierarquia da Igreja. Sem querer ser muito nacionalista ou chauvinista, isso é bom para o Brasil?

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Dom Orani Tempesta — Eu creio que sim. Eu creio que sempre alguém que representa os sentimentos, as necessidades, as preocupações de uma região do mundo são importantes. O Brasil tem uma importância singular pelo número de católicos que tem e pela sua história também. E é claro, porém, que um cardeal não representa apenas a sua nação, embora ele traga as preocupações da sua nação, ele tem a necessidade de ter um olhar universal, olhar para o mundo inteiro e ver como pode auxiliar o Santo Padre nesses conselhos, reuniões, Consistórios, mas não tem como você sair do chão que você pisa, daquilo que você vendo cada dia que está mais próximo de você. E é claro que tenho que admitir que eu levo comigo as preocupações que eu vejo aqui no Brasil.

Tonico Ferreira — O que o senhor acha que o Papa espera do senhor agora? Algum papel especial, alguma recomendação?
Dom Orani Tempesta — Não. Ele mandou uma carta a todos os cardeais que ele nomeou e nessa carta, entre outras coisas, ele disse que espera essa proximidade de auxiliá-lo no governo da Igreja. É costume que cada cardeal receba uma função em algum Pontifício Conselho, para participar de algumas reuniões, dar opinião sobre alguns assuntos. Isso além dos Consistórios que o Papa convoca para consultar os cardeais sobre algum assunto importante que a seu ver ele quer que os cardeais falem alguma coisa. Então, o Papa Francisco não me disse nada em especial, ou o que ele espera da minha pessoa enquanto tal. Quando nós conversamos aqui no Rio de Janeiro naquela semana que ele esteve aqui, nós conversamos sobre muitos assuntos, assuntos tanto do Brasil como da Igreja, mas ele não fez nenhuma menção especial desse ou aquele assunto, isso somente o tempo e os passos seguintes que eu vou saber.

Tonico Ferreira — No ano passado o senhor teve uma convivência grande com o Papa Francisco durante a Jornada da Juventude. Qual é a impressão que o senhor tem dele?
Dom Orani Tempesta — Ele se aproxima, ele pergunta, ele quer saber, não é?! Isso é algo que marca também o estilo do Papa Francisco e a sua piedade. Sua vida de oração e de piedade, uma das coisas que me impressiona, eu já falei isso algumas vezes, quando ele passou, nós passamos várias vezes de helicóptero diante do Redentor, da imagem do Redentor, a sua oração ao Cristo, seu sinal da cruz, e mesmo diante de algum momento de oração, diante das imagens, tudo mais… o tempo de oração, o tempo de uma piedade assim que sai do seu coração também. Então, alguém muito aberto ao diálogo, alguém muito próximo, alguém muito simples e alguém muito piedoso de oração.

Tonico Ferreira — Muito diferente do Papa anterior?
Dom Orani Tempesta — Cada Papa tem o seu estilo, como cada bispo também. O Papa Bento XVI, ele como professor, intelectual, ele prestou um grande serviço à Igreja com as suas reflexões, seja com seus discursos e seus livros, como também pela visão do mundo. Foi muito importante naquilo que ele foi colocando como necessidade de reflexão para a Igreja no mundo de tantas transformações. Então, com o Papa Bento XVI a gente sentava para aprender, para ouvir, para ver seu discurso que aprofundava assuntos importantes. Então isso também é importante para a Igreja. Então cada Papa tem a sua contribuição. É claro como um alemão e um professor, ele não tem o mesmo estilo pastoral do Papa Francisco, mas são as riquezas da Igreja, cada um traz a sua riqueza e o seu trabalho.

Tonico Ferreira — Agora, o Papa Bento XVI reforçou muito a questão dos princípios da Igreja, de uma certa pureza, que eu acho que ele achava que desta forma ele estaria fortalecendo a Igreja, mas muita gente acha o contrário, que isso talvez não tenha sido muito bom. Não estou, é claro, querendo que o senhor faça uma crítica ao Papa anterior, mas eu gostaria que o senhor fizesse uma reflexão sobre os novos tempos e o que se exige hoje da direção da Igreja.
Dom Orani Tempesta — Eu creio que as duas coisas são muito complementares. Nós não temos como deixar os princípios, porque nós estaríamos como que renunciando à nossa vida cristã, ao seguimento de Jesus Cristo. Então aquilo que é princípio, aquilo que é importante, sempre é bom estar sempre recolocando. Agora, nós podemos transmiti-los de uma maneira que os outros possam compreender de uma maneira nova. Eu vejo os dois aspectos… Bento XVI com a preocupação de recordar princípios que depois tem consequências práticas e o Papa Francisco que transmite esses princípios de uma maneira clara também, mas de maneira pastoral. Acho que são visões muito parecidas, porém que trabalham de maneira diferente no modo de transmitir. Um como professor parte de um princípio, outro como pastor parte como transmitir isso de maneira que as pessoas possam compreender. Porque muitas vezes aquilo que o Papa Bento XVI foi criticado é porque não foi compreendido naquilo que ele falava. Pinçou uma frase, transmitiu para o Oriente de um jeito que deu uma revolta, pinçou outra frase aqui e acolá e não viu a beleza do seu discurso.

Tonico Ferreira — Por exemplo, na última mensagem do Papa Francisco o que se pensou ali foi a palavra… nem foi citada diretamente, mas a questão do aborto, no meio de uma grande mensagem.
Dom Orani Tempesta — Exatamente. Acho que aí está um pouco o problema. É claro que cada um… Os repórteres sabem muito bem disso, eles têm pouco espaço e têm que dar uma notícia, então eles pegam um trecho apenas e às vezes o trecho pode não ser o contexto geral com relação àquilo que é a mensagem maior e mais importante, e isso pode ocasionar problemas internacionais, como aconteceu muitas vezes, ou má compreensão. Porque sempre o discurso do Papa sempre é mais complexo, muito maior, e o noticiarista, o repórter, sempre tem que primar pela brevidade, por ser mais curto e fazer as pessoas compreender isso, e é claro aí pode ocasionar de pinçar realmente algo e não transmitir o total.

Tonico Ferreira — Muitos analistas acham que a Igreja ficou um pouco presa, não por culpa dela ou porque ela quis. A Igreja ficou um pouco presa à esses temas: a questão do aborto, a questão do homossexualismo, da pedofilia, e parece que não consegue sair dessas questões, fica um pouco amarrada nisso. O senhor não acha isso?
Dom Orani Tempesta — Não, eu perguntaria se foi a Igreja que ficou presa a isso ou se a imprensa que colocou esses vários problemas ali e pautou, digamos assim, seus problemas o tempo todo. Assim, é que quando o Papa Francisco começa a dizer outros temas e começa a não responder tanto essas perguntas, ele começa a mostrar um outro lado que talvez não era muito visível da Igreja. Então eu creio que são temas que interessam à grande imprensa de discutir e que às vezes coloca a Igreja como aquela que é contra tudo e não vê a beleza que é o seu anúncio positivo. Eu creio que nesse aspecto aí a comunicação do Papa Francisco, ele como pastor tem ajudado muito a ver esse lado positivo, digamos, um grande anúncio, inclusive a sua exortação apostólica ele fala da alegria do Evangelho. E essa é uma frase, é um texto sempre repetido, a Igreja transmite alegria, transmite uma vida nova, alguém que está ali para curar, ele falava do hospital de campanha também naquela entrevista, enfim, esses aspectos todos que a Igreja é, só que precisa alguém explicitar e falar, e o Papa falando a repercussão é muito maior.

Tonico Ferreira — Durante o Concílio Vaticano II, o Papa João XXIII popularizou uma palavra que é aggiornamento, que é digamos uma atualização da Igreja, uma aproximação dela maior com o mundo atual. O senhor acha que isso está acontecendo agora de novo com o Papa Francisco?
Dom Orani Tempesta — Sim. Atualização em português. E a atualização ou o aggiornamento ele justamente é uma palavra que reflete a Igreja que tem os seus princípios, mas que necessita transmiti-los de maneira compreensível. Interessante é que o Papa Francisco ao nomear o secretário de João XXIII como cardeal, dá uma boa sinalização…

Tonico Ferreira — Pois é, com mais de 90 anos…
Dom Orani Tempesta — É, exatamente, o cardeal que vai ficar assim apenas emérito, tudo mais, mas ele quis distinguir justamente…

Tonico Ferreira — Mas é um sinal.
Dom Orani Tempesta — É um sinal. E isso inclusive foi já, pelo Papa João Paulo II, quando foi para as festas do ano 2000, disse que uma das coisas necessárias era fazer o Concílio Vaticano II estar vigorando na Igreja, porque é claro que 50 anos que estamos agora vivendo o Concílio, para a história da Igreja é pouco para poder traduzir tudo aquilo que o Concílio colocou. E ao mesmo tempo, claro, o mundo de hoje é muito rápido nas suas mudanças e transformações e a Igreja às vezes nem sempre é tão rápida assim nas suas soluções, mas eu creio que é algo que está se buscando e para a Igreja 50 anos é muito pouco, mas para o mundo é muito, para a sociedade de hoje com grandes mudanças. É necessário que a gente acelere ainda mais como traduzir essa atualização, esse aggiornamento de João XXIII para o mundo de hoje, com aquilo que Bento XVI coloca, sem ter a ruptura, sem perder a continuidade, mas ao mesmo tempo ter algo que vai renovando a Igreja e traduzindo os princípios para hoje.

Tonico Ferreira — O que o senhor conseguiu desvendar da escolha dos 19 novos cardeais pelo Papa Francisco? O senhor vê ali também algum tipo de mudança que o Papa Francisco está indicando?
Dom Orani Tempesta — Sim, eu não os conheço tão bem, a não ser pela imprensa e pela nomeação, a não ser um ou outro que a gente conheça um pouco mais, mas sem dúvida sinalização de uma cidade do Haiti, alguém mais da Ásia, a da África, tudo mais…

Tonico Ferreira — Menos italianos…
Dom Orani Tempesta — Demonstra, justamente, a Igreja quer se universalizar cada vez mais e abrir-se também para que escutar as vozes que vêm de outros cantos do mundo também. Ainda temos a maioria italiana, os cardeais, mas sem dúvida que essa abertura para a universalização já faz tempo que existe, mas o Papa Francisco marcou uma bandeira muito clara em relação a isso.

Tonico Ferreira — Sempre que se entrevista um bispo vem a pergunta inevitável: o senhor é progressista ou é conservador? Será que essas categorias já perderam significado? Mas eu de qualquer forma tenho que fazer a pergunta: o senhor se considera um progressista?
Dom Orani Tempesta — Aí tem sempre aquela questão do nominalismo, o que significa progressista, o que significa conservador. Hoje na Igreja há muito mais traduções para o conservadorismo, que é a questão de voltar à antiga liturgia antes do Vaticano II, ou mesmo não aceitar o Concílio, tudo mais que às vezes acontece ligado ao conservadorismo.

Tonico Ferreira — Em alguns lugares até a volta do latim.
Dom Orani Tempesta — Sim, o latim em si não é um grande problema, mas a maneira de ver as coisas. Porque o latim também existe no dia a dia, na própria liturgia renovada. E o progressista é algo que ficou já no tempo passado. Interessante, hoje é muito mais forte a corrente conservadora do que a progressista, que muitas vezes não aceitava alguns princípios da Igreja e achava que a maneira de enxergar não deveria ser tanto através do Evangelho, mas através de uma ideologia ou de uma filosofia, maneira de ver o mundo. Isso foi solucionado de diversas formas e ficou sacramentado no documento de Aparecida, quando ele fala que a maneira de nós vermos o mundo é através do Evangelho, como cristãos, nosso ponto de partida. Então, a questão que o bispo é progressista e conservador, é muito relativo. Agora aquilo que eu vejo a mim mesmo, como eu me vejo, vejo como alguém que quer realmente viver aquilo que a Igreja é, aquilo que o Evangelho ensina, ao mesmo tempo traduzir isso para a sociedade, no diálogo com a sociedade, com o mundo de hoje, e ao mesmo tempo saber que aquilo que se é falado é importante para a pessoa e para o mundo e para a sociedade, sem cair em exageros e nem de direita e nem de esquerda, mas sim procurando conservar esse equilíbrio se isso é possível no mundo de hoje, que evidentemente com tantas correntes a gente sempre corre o risco de escorregar para cá, escorregar para lá, mas essa tendência que eu queria que a maioria dos Bispos procurassem fazê-lo também.Ou seja, no meio de tantas situações, procurar ter um lugar em que ele possa ver o que acontece, ver as correntes filosóficas, teológicas, sociais, e ver como que enquanto cristão eu posso ajudar esse mundo a ser melhor.

Tonico Ferreira — Quando a gente vê agora a partir da história a teologia da libertação e aquele caminho que grande parte da Igreja Católica aqui no Brasil seguiu, o senhor avalia de que forma: mais positivamente ou mais negativamente?
Dom Orani Tempesta — Ela trouxe algo muito importante, que é justamente a preocupação de ver que as pessoas necessitam de algo que seja transformador também da sua existência e da questão social e isso o Papa Francisco tem falado muito, que são necessárias atitudes novas com relação ao problema da pobreza no mundo, da situação de injustiça e tudo mais. Ele teve alguns momentos importantes, como o caso de Lampedusa, justamente, onde ele foi lá onde os náufragos chegavam fugindo do seu país, no Dia Mundial dos Direitos Humanos lançou a campanha contra a fome no mundo, encontrando caminhos para que ninguém passe fome, quando da Guerra da Síria ele fez a sua intervenção mesmo contra os Estados Unidos, para que não aumentasse ainda muito mais as mortes na Síria, para que não houvesse mais guerra e convocou o mundo inteiro para oração e jejum. O grande problema que às vezes alguns grupos da teologia da libertação fizeram, é que às vezes ficava apenas o social sem ter o Evangelho na base. Então apenas uma questão da mudança social, mudança de partido, mudança de política, mas não levada justamente pela base evangélica, da base do Evangelho, e é aí que está a diferença. Ou seja, o que a teologia da libertação trouxe é importante naquilo que é o olhar da Igreja para situações de injustiça, de miséria, tudo mais, porém nós somos chamados a fazê-lo partindo como cristãos do Evangelho.

Tonico Ferreira — Na visão do senhor então hoje esse movimento pendular da Igreja para a esquerda, direita, teria ido um pouco mais para o lado conservador, mais do que deveria? No momento atual, esse seria…
Dom Orani Tempesta — Eu sinto que há uma pressão muito grande, justamente por parte de muitas pessoas, muitos jovens inclusive também, nesse aspecto aí. Mas uma visão muito minha de Brasil. Eu não posso olhar o mundo… não sei como isso acontece na África ou acontece na Ásia, na Europa isso é um pouquinho mais também, a gente sabe que isso tem, algo que a gente vê acontecer por aqui. Não é que também tem seus valores, ou seja, eles estão… reclamam que a Igreja não pode fazer grandes rupturas, mas deve ter uma certa continuidade, então como valorizar tanta gente inteligente e de boa vontade para dizer tanta coisa importante, porém a gente não pode querer que eles querem que seja abolido o Concílio Vaticano II. Então como valorizar as ideias, mas sem perder também aquilo que a Igreja tem de positivo.

Tonico Ferreira — Se o senhor pudesse definir com uma palavra ou com poucas expressões qual é o significado do atual papado, o que o senhor diria?
Dom Orani Tempesta — A gente pode ver alguns traços por onde estão sendo conduzidas as coisas. O Papa Francisco, eu acho que nas congregações gerais antes da eleição papal, se conversou muito sobre a questão da reforma da Cúria Romana, e ele tem levado adiante isso de maneira muito concreta, tanto a reforma da Cúria, como os problemas todos com novas nomeações, e mesmo com grupos de estudos para ver como é que se pode resolver e melhorar o próprio funcionamento da Cúria, seja no relacionamento com a própria Igreja que está no mundo inteiro, como também da comunicação, ou mesmo das finanças, etc. Esse trabalho ele tem feito com afinco. Um segundo aspecto que o Papa Francisco tem apontado é uma Igreja mais missionária, uma Igreja que vai às ruas, que vai assim à igreja, que se alimenta da palavra, da eucaristia, da vida em comunidade, mas também que vai às ruas, que vai onde a pessoa está, que vai às periferias existenciais do mundo, e nesse aspecto vem o terceiro aspecto que é a grande preocupação com a pobreza no mundo, com a miséria e com as preocupações. O próprio nome Francisco que ele escolheu leva um pouco essa tônica e chama a atenção do mundo, ele passa a ser uma liderança não só da Igreja, mas uma liderança mundial chamando a atenção dessa necessidade do mundo ser mais justo e ter uma vida um pouco mais justa para com todos, nesse ponto ele chama a atenção em relação a essa pobreza, à miséria, e às exclusões do mundo de hoje. E um quarto aspecto é o chamar a atenção da Igreja enquanto tal para que cada um viva com alegria e a sua consagração… o padre como padre, religioso como religioso, suas intervenções justamente para que dentro da Igreja cada vocação viva intensamente e com alegria isso tudo.

Tonico Ferreira — Mas de qualquer forma tudo passa por um pouco de aggiornamento na Cúria, digamos, na administração do Vaticano?
Dom Orani Tempesta — É, eu creio que são vasos comunicantes, porque evidentemente que muita coisa depende de como a Cúria se reforma e se renova, mas depende também de como que as pessoas também se renovam e também passam a ter novas atitudes também nesse sentido no dia a dia… É todo um quebra-cabeça muito complexo que nós sabemos que nós fazemos a nossa parte, fazemos aquilo que está ao nosso alcance. Nós sabemos que à nossa frente, diante de nós e atrás de nós está o Espírito Santo que vai conduzindo os fatos, a Igreja, as reformas, como conduziu também a mudança do Papa Bento XVI para o Papa Francisco em um momento muito bonito da Igreja que deu o testemunho de alguém que viu que era importante renunciar e ao mesmo tempo a chegada de um outro que trouxe com ele toda uma espiritualidade de ser latino-americano de reforma. Tem a ação do Espírito Santo que é o nosso aliado invisível.

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