Disputa em abril

Luiz Antonio Marrey decide disputar chefia do MP

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25 de janeiro de 2014, 6h42

O procurador de Justiça Luiz Antonio Guimarães Marrey decidiu concorrer à chefia do Ministério Público de São Paulo nas eleições marcadas para abril. Depois de comentar com colegas que não tinha mais vontade de assumir o cargo, no qual atuou por três vezes (nos biênios 1996-1998, 1998-2000 e 2002-2004), ele afirmou nesta sexta-feira (24/1) à revista eletrônica Consultor Jurídico que mudou de ideia após ter sido procurado por um “grande número” de procuradores e promotores. Na quinta-feira (23/1), o jornal O Estado de S. Paulo noticiou que ele estava analisando a questão.

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Marrey, que hoje atua na Procuradoria de Justiça Criminal, afirma que o Ministério Público precisa de uma liderança “mais ativa e aberta à sociedade”. “A instituição funciona corretamente, mas ainda é muito carente de estrutura, de servidores, de prédios próprios em diversos lugares. Nós temos que garantir melhores condições para o Ministério Público cumprir o seu papel”, afirma. Segundo ele, não se trata de nenhuma disputa pessoal com o atual procurador-geral, Márcio Fernando Elias Rosa. “Manifesto meu respeito pessoal pelo atual procurador-geral. A disputa é de modelos de exercício de Ministério Público.”

Com esse discurso, ele diz que uma “liderança mais ativa” teria evitado o “conflito” gerado no ano passado com o Tribunal de Justiça de São Paulo, quando o então presidente da corte, Ivan Sartori, determinou que 532 promotores e 1.290 servidores do MP deixassem as salas ocupadas em 58 prédios forenses, para ampliar a estrutura judiciária. A medida está suspensa ao menos até março. “A ordem de saída é absolutamente inaceitável”, diz Marrey. “Uma instituição pública que atua há décadas num prédio público não pode ser despejada de maneira arbitrária.”

O candidato a procurador-geral também declarou ser “absolutamente inconstitucional” a recente resolução do Tribunal Superior Eleitoral que limita ao Judiciário o poder de autorizar a instauração de inquéritos para apurar crimes eleitorais na disputa de 2014. “Parece uma infeliz nova investida contra os poderes do Ministério Público, que restringe os próprios poderes da Polícia Judiciária. As instituições do Estado têm de ter meios para fazer apurações, doa a quem doer, independentemente de partido político de qualquer pessoa que pratique corrupção.”

Questões políticas, aliás, não interferem em sua atuação, diz o procurador, que foi secretário em administrações do PSDB em São Paulo. Sobre as suspeitas de cartel envolvendo o metrô paulista, por exemplo, Marrey declara que, “provada a corrupção, os responsáveis devem ser punidos exemplarmente, independentemente de quem forem”. Ele avaliou que, até agora, a instituição tem feito “tudo o que está a seu alcance” para esclarecer os fatos ligados à suspeita de pagamento de propina pela Alstom. Descartou ainda qualquer conversa com representantes políticos sobre a decisão de disputar a procuradoria-geral: “em hipótese nenhuma; isso é um assunto interno do Ministério Público”.

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