Contra fatos

Joaquim Barbosa ataca texto da ConJur, mas não o contesta

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5 de agosto de 2014, 18h05

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, usou seu perfil na rede social Twitter para reclamar do texto publicado pela revista eletrônica Consultor Jurídico que aponta os motivos de sua aposentadoria precoce. Em três publicações feitas nesta terça-feira (5/8), Barbosa não refuta nenhum dos elementos do texto, preferindo atacar o interlocutor em vez de responder aos fatos publicados. Barbosa encontra-se em Salta, na Argentina, a passeio com um grupo de amigos.

Nelson Jr./SCO/STF
O ministro aposentado investe contra diretor da ConJur, Márcio Chaer, autor do texto. Na primeira mensagem, diz que a causa do “ataque gratuito desse tal Márcio Chaer” seria o apoio do ex-ministro “ao fim dos embargos auriculares”. Barbosa (foto) se refere ao Projeto de Lei 6.732/13, que pretende definir regras para que advogados sejam recebidos por juízes.

De autoria do deputado Camilo Cola (PMDB-ES) — e com citações da ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon em sua justificação — o projeto é polêmico e divide opiniões de advogados e magistrados. O apoio que Barbosa afirma ter dado, provavelmente diz respeito a outras postagens na rede social, nas quais felicitou o deputado pelo projeto e disse que o projeto de lei “é um primeiro passo, positivo”.

Fazendo suspense, o ministro aposentado diz ainda que “Márcio Chaer e os que o remuneram temem o que vou dizer em breve sobre o assunto” e ensaia um clima de conversa com os quase 26 mil seguidores que tem na rede social dizendo: “Lembram-se dos ataques sistemáticos que esse Chaer fez a mim ao longos dos anos? Achava que estava me intimidando! Ignorei-o.”

Alívio, finalmente!
No texto intitulado “As motivações não tão secretas da aposentadoria de Joaquim Barbosa”, publicado nesta segunda-feira, a ConJur apontou as dificuldades que o ministro aposentado enfrentou no Supremo. Um trecho aponta que quando chegava a hora dos costumeiros questionamentos dos demais ministros ao relator, Barbosa se complicava. “Atônito, sem respostas, ele se punha a reler o voto — que não contemplava a informação solicitada. Uma nova pergunta se seguia de nova leitura do voto.”

Outra parte do mesmo texto diz que quando se sugeriu a Barbosa divulgar melhor sua produção técnica, outro ministro ouviu parte da conversa e, em outra roda, da qual participavam cinco colegas dele, o assunto virou piada.

Ao fim, é feita uma referência à própria rede social usada nesta terça para atacar a reportagem. "Depois de onze anos de embates e desinteligências, ao menos se sabe que Joaquim Barbosa e os ministros do Supremo, no plano institucional, concordaram em alguma coisa. Essa ideia se resume na sintética expressão que o ministro divulgou em seu perfil no Twitter, ao se retirar do ringue: ‘Alívio, Finalmente!’"

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