Das 32 ações originadas pela chamada operação caixa de pandora que tramitam nas Varas Cíveis de Primeiro Grau, todas as que envolvem políticos, como o ex-governador do Distrito Federal José Arruda, foram distribuídas por sorteio para a 2ª Vara da Fazendo Pública, comandada pelo juiz Álvaro Ciarlini — são oito no total. As informações são do blog do jornalista Mino Pedrosa, que classifica o juiz como “severo”.
A operação deflagrada pelo Polícia Federal em 2009 investigou suposto esquema de pagamento de propina a parlamentares da base aliada na Câmara Legislativa do DF, conhecido como mensalão do DEM. O processo terminou com a prisão e perda do mandato de Arruda.
Mino Pedrosa aponta também que o delator do caso, Durval Barbosa, então secretário de Relações Institucionais, afirmou em depoimento à subprocuradora-geral da República, Raquel Dodge, ter ouvido da promotora Débora Guerner que havia um esquema de corrupção no contrato de coleta de lixo no DF. A empresa Caenge seria responsável por arrecadar e distribuir propina.
Entre os beneficiários da propina, ainda de acordo com Pedrosa, estaria o “pessoal do NCOC”, promotores que colheram os primeiros depoimentos de Durval Barbosa e preparam o acordo de delação. A única exceção seria o promotor Eduardo Gazzinelli.
Na época do governo Arruda, os promotores do DF fizeram pressão pela contratação emergencial da coleta de lixo, afirma Pedrosa. O valor seria de R$ 1,1 bilhão. O acordo foi fechado por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta assinado pelo governo do Distrito Federal e pelo Ministério Público. A homologação ficou por conta do juiz titular da 2ª Vara da Fazendo Pública, Álvaro Ciarlini.
Pedrosa também afirma que o juiz Ciarlini foi o único magistrado de primeiro grau da Justiça do DF convidado para o camarote VIP do governador Agnelo Queiroz (PT) na Copa das Confederações. O petista teria se beneficiado da queda dos políticos envolvidos no esquema.