Toron diz que atuará em sintonia com a jurisprudência do TSE
19 de abril de 2014, 15h50
Advogado de João Paulo Cunha (PT) na Ação Penal 470, o processo do mensalão, Toron reafirmou que não tem vínculos com o partido, e falou que tem amigos e conhecidos em praticamente todas as grandes siglas. “Eu não tenho vinculação com o PT, eu tenho vinculação com a Justiça”, afirmou o novo juiz do TRE-SP.
Leia abaxo a entrevista:
Estado — O fato de o sr. ter sido advogado de João Paulo cunha no processo do mensalão pode ter pesado para sua nomeação?
Alberto Toron — Eu não tenho vinculação com o PT, eu tenho vinculação com a Justiça. Sou advogado há 32 anos. Fui defensor do João Paulo, mas também sou defensor de uma empresa do cartel do Metrô de São Paulo, fui defensor do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto (condenado pelo desvio de verbas das obras do Fórum Trabalhista da Capital), do ex-juiz Rocha Mattos (Caso Anaconda), do Boris Berezowski (caso MSI/Corinthians). Estou nas principais demandas. Atuo nas mais importantes operações da Polícia Federal. Eu me orgulho do meu trabalho, vivo do meu trabalho. Sou filho de imigrantes, tudo o que eu tenho é graças à advocacia e sou muito grato à Justiça do meu País.
Estado — Como encara o novo desafio?
Alberto Toron — Minha disposição é fazer com que as leis sejam cumpridas em sintonia com o que jurisprudência vem dizendo. Sou muito preocupado em seguir o padrão de decisão dos tribunais superiores, de modo a ter uma sintonia com a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral.
Estado — é a favor do financiamento público de campanha?
Alberto Toron — Particularmente, não sou a favor do financiamento público de campanhas. Num país que ainda é pobre, com significativos problemas nas áreas da saúde, educação e, entre muitas outras, o setor penitenciário, parece-me uma demasia que também se sustentem as campanhas dos partidos.
Estado — O sr. considera que empresas podem fazer doações eleitorais?
Alberto Toron — Do meu ponto de vista, respeitadas as posições divergentes, não consigo identificar qualquer ilegalidade na doação feita por empresas. No ponto, minha posição se afina mais com a do ministro Gilmar Mendes que, todavia, parece ser minoritária no Supremo Tribunal Federal, no julgamento sobre a matéria, que ainda está inconcluso. Entendo que as empresas podem, em tese, fazer doações, mas obviamente vou me submeter ao critério da maioria, aquilo que o Supremo indicar.
Estado: Que interesse uma empresa tem em fazer doações para políticos?
Alberto Toron: Empresas, desconsiderados interesses escusos, podem ter interesse na proposta de desenvolvimento econômico deste ou daquele partido e por isso o apoio. Não vejo mal nisso. É, até onde enxergo, parte do jogo democrático.
Estado — não há impedimento em continuar advogando? pode atuar em causas eleitorais?
Alberto Toron — Estou absolutamente impedido de advogar no eleitoral e assim será. Nas demais áreas poderei advogar. Como todos sabem, sou criminalista há mais de 30 anos e só nessa área é que advogo.
Estado — Qual a imagem que o sr. tem do político brasileiro? e suas impressões sobre a política do país?
Alberto Toron — Há muitos políticos sérios e competentes. Há também os duvidosos e, infelizmente, até os criminosos. Mas não é diferente no empresariado, na advocacia e até na magistratura. A sociedade tem um pouco de tudo. No caso dos políticos, porém, como a visibilidade destes é maior e sua responsabilidade social é igualmente de destaque, tudo aparece mais. O certo é reprimir e prevenir desvios. Não podemos, contudo, desqualificar os políticos e a política de uma maneira geral, sob pena de desembocarmos em um novo período autoritário.
Estado —o sr. Se dará por impedido para julgar demanda relativa a algum político ou a algum partido nas próximas eleições?
Alberto Toron — Em princípio, não me vejo impedido para nenhum tipo de causa eleitoral. Tenho amigos e conhecidos em praticamente todos os grandes partidos e já fui presidente do Conselho estadual de entorpecentes no Governo Covas em 95/96.
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