Falta de conservação

Obras de arte de Edemar estão em risco, diz nota técnica

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12 de setembro de 2013, 10h01

Um laudo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) diz que as obras de arte em poder da massa falida do Banco Santos correm risco de deterioração e recomenda a entrega do acervo a instituições museológicas. Os objetos estão abrigados em uma mansão na rua Gália, no bairro do Morumbi, em São Paulo, e compõem cerca de 600 peças.

Desde que foi despejado do imóvel, em 2011, o ex-controlador do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira, acusa o administrador da massa falida, Vânio Aguiar, de descuidar da casa e dos objetos. A troca de farpas teve um novo capítulo no último dia 8 de agosto, quando o Ibram divulgou uma nota técnica a pedido do próprio administrador.

Diz o documento que a iluminação da casa é precária, que os sistemas de abertura de janela e de circulação de ar estão com problemas e que não há monitoramento técnico dos sistemas. “Esses fatores favorecem o aumento de umidade relativa do ar, provocando, indiscutivelmente, a proliferação de microrganismos que podem causar danos aos itens”, afirma a nota técnica.

“Esses fatores somados às demais possibilidades de ocorrência de agravantes para a gestão do acervo ali preservado, tais como sinistro, controle físico de itens (inventário) entre outros, sugerem que as instituições museológicas sejam os espaços mais adequados para a preservação desse conjunto”, continua o documento.

Apesar das críticas ao atual estado da casa, o documento reconhece que a existência de microorganismos nos objetos já havia sido constatada oito anos atrás. “Cabe ressaltar que microorganismos já haviam sido identificados em alguns itens de artes plásticas e fotografia, desde 2005, conforme demonstra o laudo pericial elaborado pelo Sr. João Carlos Lourenço e Sra. Maria Cristina Paranhos do Rio Branco”.

Briga de laudos
No ano passado, a empresa responsável por cuidar da casa, a Diálogo Administração, contratada pela massa falida, emitiu um laudo em que critica a construção e a arquitetura do imóvel, dizendo que os problemas de vazamento, insolação e mofo decorrem da falta de cuidado do antigo morador, Edemar Cid Ferreira.

“Os antigos inquilinos descuidaram-se da conservação e manutenção do imóvel, o que provocou rápida deterioração em vários aspectos da residência, em especial no que tange à automação, controles eletroeletrônicos e vazamentos hidráulicos”, diz a Diálogo.

Mesmo com todos esses problemas, a empresa diz que as obras não estão ameaçadas. “As manchas de mofo nos vidros e nas molduras apenas atestam as condições da casa, narradas nos itens anteriores, porém, não afetam a qualidade ou coloca em risco a obra em si.”

Além dos documentos da Diálogo, do Ibram e dos peritos designados pelo juízo em 2005, há ainda um laudo do MAC-USP, de 2011. Este último documento foi elaborado a partir de petição da massa falida para que o museu ficasse com 300 obras da mansão da rua Gália. Na seleção das peças, o MAC descartou 133 obras, contaminadas por fungos.

A Diálogo contesta o laudo do MAC e diz que muitas das peças apontadas como contaminadas já constavam da lista de obras com mofo e fungos elaborada pela perícia em 2005. “É nosso parecer que o MAC-USP utilizou-se de um expediente técnico, que ensejaria um debate pericial, para estabelecer um critério de escolha que fosse de encontro a seus interesses", disse a Diálogo.

Clique aqui para ler o laudo do Ibram.
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aqui para ler o laudo da Diálogo.
Clique aqui para ler o laudo do MAC-USP.

*Texto alterado às 16h19 do dia 12/9 para acréscimo de informações.

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