Marca no jornalismo

Autoridades prestam homenagens a Ruy Mesquita

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22 de maio de 2013, 11h51

Morreu nesta terça-feira (21/5), vítima de câncer, o jornalista e diretor do jornal O Estado de S. Paulo Ruy Mesquita. Ele estava internado desde o último dia 25 de abril no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. Mesquita tinha 88 anos e desde a morte do irmão, Julio de Mesquita Neto, assumiu a autoria do editorial do jornal.

Ruy Mesquita nasceu em 1925, era filho de Júlio de Mesquita Filho e neto de Júlio Mesquita. Graduou-se pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. E começou no jornalismo como repórter, em 1948, ocupando também os cargos de redator e editor. Assumiu a direção de O Estado de S. Paulo em 1996 e nos últimos anos se dedicou à editoria de Opinião.

Durante a ditadura militar, enfrentou a censura prévia sobre os veículos O Estado de São Paulo e o Jornal da Tarde, que ele fundou em 1966, e publicava poesias e receitas no lugar das matérias censuradas, como protesto contra a severa vigilância dos censores, que chegaram a apreender uma edição. Como jornalista, acompanhou momentos de importantes da história do país e do mundo, como a chegada de Fidel Castro ao poder em Cuba durante a Revolução Cubana, na década de 1950, e foi homenageado pelos irmãos Castro.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, lamentou a morte de Ruy Mesquita. "O Brasil perdeu um operário da democracia, um feroz defensor da liberdade, valores que sempre nortearam o jornalismo maiúsculo do grupo Estadão. A coragem, a lucidez, a autonomia, a admirável coerência do Dr. Ruy haverão de continuar norteando aqueles que prosseguem honrando o legado familiar dos Mesquita, que por mais de um século vêm demonstrando incondicional amor à verdade e ao país", declarou.

O ministro aposentado do STF Paulo Brossard afirmou que Mesquita "era um jornalista nato, que nasceu para a missão. Era capaz e firme e aprendeu desde criança os padrões de responsabilidade que uma empresa jornalística tem com a democracia."

José Carlos Dias, membro da Comissão Nacional da Verdade e ex-ministro da Justiça, ressaltou em nota que o jornalista era um defensor da liberdade de imprensa. "Aprendi a respeitá-lo e admirá-lo como um grande democrata. A posição do ‘Estado’, de rompimento com os militares e de resistência à censura, mostra firmeza de caráter. Era um defensor da liberdade de imprensa".

Em nota, a presidente Dilma Rousseff lamengou e disse que Mesquita, que era conhecido como Dr. Ruy, “foi um homem de convicções” e “símbolo de uma geração da imprensa brasileira”, ao lembrar a criação do “inovador” Jornal da Tarde. “Neste momento de dor, presto a minha solidariedade à família e amigos”, conclui.

O presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcos da Costa, ressaltou em nota que o jornalista foi um grande defensor do Estado de Direito no Brasil. “Além de ser uma referência no jornalismo brasileiro, no qual introduziu inúmeras inovações, Ruy Mesquita tem o mérito de ser um dos principais defensores do Estado de Direito no país, nas últimas décadas, e uma voz que expressou de forma coerente, na editoria de Opinião de O Estado de S. Paulo, convicções éticas e compromisso intransigente  com os valores republicanos”, disse Marcos da Costa.

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) lamentou o fato e arfirmou em nota que “a imprensa brasileira perde um de seus mais expoentes editorialistas, defensor da liberdade de imprensa e da informação de qualidade”.

O Movimento de Defesa da Advocacia (MDA) também publicou nota de pesar, destacando a importância de Mesquita. “Perde o país um grande jornalista, mas fica um grande legado, à altura do tradicional e indispensável jornal em que ocupou tantos cargos e que dirigiu com independência e firmeza”.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também divulgou nota de pesar pela morte de Mesquita e diz que o país perde um grande brasileiro. "Lamentamos profundamente a morte do Dr. Ruy. Ele nos deixa como legado a luta em defesa da liberdade de expressão e da democracia, valores que o Estado de S.Paulo ajudou a construir no nosso país”, diz o texto.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que “com a morte de Ruy Mesquita, diretor de O Estado de S. Paulo, o Brasil perde um de seus homens públicos mais indispensáveis”. Em nota, o governador afirma que Mesquita enxergava como poucos as forças que emperram a transformação do Brasil em uma nação moderna, e completou dizendo que o jonralista, “nos últimos anos foi o responsável direto pelos melhores editoriais da imprensa brasileira, balizando, com seu bom-senso avassalador, o debate político e econômico”.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lamentou a perda do amigo. "Ruy Mesquita foi um combatente, lutou sempre por seus valores. Na época mais difícil da ditadura, resistiu com coragem. É uma grande perda para o jornalismo brasileiro".

O também ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse em nota que Ruy Mesquita era "um desses raros exemplos de dono de jornal apaixonado pelo jornalismo". "Ele deixa no jornalismo brasileiro uma marca fundamental: a criação do ‘Jornal da Tarde’, que revolucionou a imprensa nos anos sessenta".

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