Testemunha da história

"Primeira coisa que advogado deve fazer é estudar fora"

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5 de maio de 2013, 9h22

Spacca
Naum Rotenberg - 03/05/2013 [Spacca]Ao comemorar seu 65º ano de vida no último dia 17 de abril, o ainda Demarest e Almeida Advogados colocava no disputado palco da Sala São Paulo, templo da música clássica, duas gerações de artistas. A cantora Maria Rita, ícone pop da MPB contemporânea, empolgava o público ao interpretar canções que fizeram sucesso na voz de sua mãe, Elis Regina, quando chamou à ribalta Gilberto Gil, surpreendendo o seleto público de 1,2 mil convidados. Do evento, a banca saiu mais moderna do que entrou, com novos nome e logomarca. O agora Demarest Advogados adotou como símbolo, usando suas iniciais, as circunferências cruzadas que remetem à lemniscata (um oito deitado), o símbolo do infinito. 

O sócio Naum Rotenberg está além das metáforas planejadas pelo escritório, sendo o exemplo pronto da imagem da banca. Primeiro advogado contratado pelos fundadores Kenneth Elmer Demarest e João Batista Pereira de Almeida Filho há mais de seis décadas, ele ainda circula pelos corredores do escritório como um garoto. Os passos são firmes e os movimentos, ágeis, mesmo que o "garoto" tenha 86 anos. 

Desde 1965, quando a Ordem dos Advogados do Brasil passou a cadastrar as sociedades de advogados, Rotenberg tem seu nome grafado no escritório ativo de registro mais longevo de São Paulo, o de número 9: Almeida, Rotenberg e Boscoli Sociedade de Advogados — nome oficial do Demarest. Mesmo aposentado, Rotenberg não admite parar de trabalhar e ainda opina em casos comerciais e cíveis na sua especialidade: arbitragem e contencioso. "Hoje só atrapalho os mais jovens", brinca. 

Não é verdade, como faz questão de ressaltar Mário Nogueira, sócio-diretor da banca. "Ele tem uma série de funções institucionais importantes. É uma referência para todo mundo, inclusive para os sócios", conta. "Quando a coisa aperta, quando precisamos de alguém que seja acima de qualquer suspeita, recorremos a ele. É uma pessoa cuja opinião é indiscutível. Tudo o que fazemos, comunicamos a ele antes. Também é uma espécie de pacificador."

É com esse respaldo que Rotenberg, em entrevista concedida à revista Consultor Jurídico na sede da banca, em São Paulo, comenta sua participação nas últimas saídas de sócios importantes, sem, no entanto, se referir especificamente a nenhum. Rogério Lessa, antigo CEO da firma, e mais recentemente Geraldo Baraldi e um time de advogados da área trabalhista são exemplos de divórcios marcantes. "Eu tento intervir quando acho que o caso merece a intervenção", limita-se a responder. Ele acredita que a tendência é aumentar a concorrência, mas não sabe dizer se a estratégia de criar boutiques é interessante. "O tempo é que vai definir se eles vão ter continuidade ou se vão ter a vida um pouco mais curta do que se imagina", diz. 

Testemunha e cúmplice do desenvolvimento de um novo jeito de advogar, Rotenberg tem na ponta da língua o que diferenciou o escritório de seus contemporâneos. "O que o Demarest queria, como advogado americano, e o Batista, não era ter o escritório nos moldes tradicionais brasileiros. Eles queriam um escritório institucionalizado. É um escritório-empresa, uma pessoa jurídica. A filosofia deles era que o cliente que entrasse no escritório encontrasse advogado para qualquer tipo de problema jurídico, e não ouvisse: ‘olha, seu caso é trabalhista, procure outro escritório’". Embora outro escritório cinco anos mais velho já tivesse vislumbrado o mesmo foco no país — o Pinheiro Neto Advogados —, também se espelhando na advocacia praticada no exterior, a ideia ainda era uma novidade, e fazê-la funcionar, um desafio.

Formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1951, Rotenberg chegou ao Demarest por meio de um anúncio de "procura-se", no jornal. Ao ganhar a confiança dos sócios, foi ele quem passou a fazer as contratações. Uma das que mais se orgulha é a de Orlando Di Giacomo, fundador e presidente do Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (Cesa) e uma sumidade na advocacia paulista. Morto em setembro do ano passado aos 72 anos, Di Giacomo era funcionário da Justiça quando foi abordado por Rotenberg. "Ele me pareceu adequado. Tinha experiência, podia atender a um cliente e sabia acompanhar um processo", conta.

Com três filhos, seis netos e quatro bisnetos, Naum Rotenberg foi, por duas vezes, presidente da Hebraica, associação judia paulista que tem 60 anos — cargo que o filho Arthur também já exerceu. Arthur seguiu outras pegadas do pai: formou-se advogado e também fez parte da equipe do Demarest por dez anos, até abrir o próprio escritório. Foi o único a optar pela profissão. 

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Leia a entrevista:

ConJur — Como era a vida do jovem advogado há 60 anos?
Naum Rotenberg — A maioria dos jovens não se dirigia para o curso jurídico. Não era como hoje, em que há mais faculdades de Direito que jardins de infância — o que pediu uma atitude do Ministério da Educação em fechar a torneia de novos cursos. Naquela época, os jovens se dirigiam para os cursos de Medicina e Engenharia, só depois vinha o Direito. Faculdade de Direito, só a da USP. Depois veio a PUC-SP e, depois, o Mackenzie. Hoje, há uma enxurrada de faculdades. Além disso, os estudantes entravam na faculdade um pouco mais velhos. Hoje, tem estudante que se forma com 22, 23 anos. Naquela época, se formava com 25.

ConJur — Mesmo ainda sem ter terminado o curso de Direito na USP, o senhor já trabalhava na advocacia, no departamento jurídico do Centro Acadêmico Onze de Agosto. Como foi a experiência?
Naum Rotenberg — Naquela época, as atividades do centro estavam começando. Éramos estudantes do quarto e quinto ano de Direito. Nossa função era atender pessoas que não podiam pagar. Aprendíamos advocacia trabalhando para pessoas sem recursos para contratar um advogado. Fui um dos primeiros presidentes do departamento jurídico do centro, o cargo era de um ano.

ConJur — Qual foi seu primeiro emprego na profissão?
Naum Rotenberg — Comecei a trabalhar quando estava no terceiro ano da faculdade. Fui estagiário na Promotoria, auxiliando o promotor Paulo Teixeira de Camargo. Depois, fui para um escritório de advocacia. Lembro que disse ao camarada que me contratava: “Olha, eu não quero ganhar. Eu quero só que você me pague a condução e o almoço”. Porque o que eu queria era estudar.

ConJur — A família ajudava?
Naum Rotenberg — Meus pais eram comerciantes. Minha família era muito pequena: meu pai, minha mãe, eu e meu irmão. Tinha um tio, também. Todos eram comerciantes. Meu pai tinha uma loja de móveis. Depois teve bar, restaurante… Moramos no Bixiga e no Bom Retiro. Eu morava no Bixiga e ia a pé para a faculdade para economizar o dinheiro da condução.

ConJur — Como foi a vida acadêmica?
Naum Rotenberg — Eu era um aluno razoável. Fiz o ginásio normal nos Campos Elíseos, depois o curso primário Rui Barbosa, no Brás, na Rua do Hipódromo. Depois, não sei como, fui parar no colégio Rio Branco. Depois fui para a faculdade.

ConJur — E o primeiro escritório?
Naum Rotenberg — Naquela época, era tudo no centro da cidade. Estou falando de 1947, 1948, por aí. Fui a um escritório para ser estagiário, aprender. Eles tinham que me pagar o almoço e a condução. Era qualquer coisa simbólica. O camarada, cujo nome eu não vou citar, era sozinho. Era um bom advogado. Só que não me pagava, nem o valor simbólico. Mas me dava muito serviço. Eu ia muito ao fórum. Realmente estava aprendendo muito. Esse advogado tinha uma peculiaridade interessante. Ele tinha duas famílias. Tinha filhos com as duas mulheres. E uma não sabia da outra. Eu acompanhava as peripécias dele. Era moleque, me divertia. Lembro de uma vez em que ele estava com uma das mulheres, quando chegou a outra. Ele disse: “Fique com ela na outra sala e não deixe ela passar para essa sala aqui. Se as duas se encontrarem, eu te ponho na rua!” Então eu fiquei lá, falando com a outra mulher. No fim, a outra foi embora e ele veio para a sala em que estávamos. Certo dia, perdi a paciência e falei: “Vou embora! O senhor não me paga nada, nem o almoço!” Ele respondeu: “Naum, o que é que você quer? Você está aprendendo aqui, está indo bem, está conhecendo muita gente no fórum, está aproveitando. E além do mais, você está se divertindo com as minhas mulheres!” (risos) “E vem aqui discutir comigo almoço e condução?”

ConJur — Como foi sua contratação no Demarest?
Naum Rotenberg — Meu pai me mostrou um anúncio no Estadão: “Procura-se advogado”. Nem dizia qual era o escritório, só pedia que o interessado mandasse uma carta. Eu mandei. Como referências, mencionei o promotor Paulo Teixeira de Camargo. Eu já não fazia nada, tinha me formado e estava desempregado. Comecei a trabalhar em seguida.

ConJur — E como foi no início do Demarest?
Naum Rotenberg — Éramos apenas nós três: o doutor Demarest, o doutor João Batista Pereira de Almeida e eu. Alguns advogados de fora ajudavam em algumas coisas, mas eles não eram do escritório. Um deles era o Martin Francisco Ribeiro de Andrade Filho, tataraneto do patriarca da Independência. Ele estudava para ser juiz. Aí, quando eu fui contratado, aquela turminha que ajudava parou. O Batista não ia ao fórum, quem ia era eu. O que foi ótimo, porque eu fazia tudo: cível, trabalhista, criminal… O que vinha, pá! Bola pra frente.

ConJur — O Demarest teve ícones da advocacia em sua equipe. O senhor participava das contratações?
Naum Rotenberg — Claro. Contratei vários que se tornaram sócios do escritório. O Orlando [Di Giacomo] é um deles. Na época, eu precisava de advogado para a área comercial, cível, e ele me pareceu adequado. Tinha experiência, podia atender a um cliente e sabia acompanhar um processo. Eu estava no fórum quando lhe disse: “Orlando, por que você não vai trabalhar no Demarest? Vai ser funcionário público, servidor aqui?” Ele veio. Falei para ele: “Faça uma carta dizendo que quer trabalhar conosco”. Eu ainda tenho essa carta. Foi uma ótima contratação. Da mesma forma que contratei o Arion [Jouacyr Arion Consentino], por exemplo. Ele trabalhava na Fazenda, naquela época, e tinha experiência com os processos dessa área federal. Eu o tirei do fórum e o trouxe para o escritório.

ConJur — O fórum era o celeiro de talentos?
Naum Rotenberg — Sim, porque você sabe que, no começo, eu punha a “barriga no balcão”. Ia ao fórum acompanhar os processos. Fazia tudo: civil, trabalhista, criminal, família, qualquer coisa. Há sessenta e tantos anos não tinha esse negócio de especialização. Não tinha leis como hoje, sobre abuso do poder econômico ou Direito Ambiental. Quando entrei no escritório, apesar de haver uma filosofia diferente que estava em consolidação, eu como único advogado contratado, além do Demarest e do Batista, fazia tudo. O Batista e o Demarest, felizmente, tinham muita confiança em mim. Nunca precisei pedir aumento. Sempre vieram espontaneamente. Às vezes, mais do que eu esperava. Os dois transferiram para mim muitas das responsabilidades administrativas do escritório. E eu fazia as contratações e fixava ordenados. É verdade que eu falava com o Batista e com o Demarest, mas eu é que contratava os advogados e as secretárias.

ConJur — Que filosofia estava sendo implantada no Demarest quando o senhor chegou?
Naum Rotenberg — O que o Demarest queria, como advogado americano, e o Batista, não era ter o escritório nos moldes tradicionais brasileiros. Nada disso. Não queriam um escritório em que o advogado é o nome, ele é tudo. E se ele morrer? Acaba o escritório? Não. Eles queriam um escritório institucionalizado. Um escritório para sempre. Tem gente que não gosta muito de usar essa expressão, mas tem que usar. É um escritório-empresa, uma pessoa jurídica. A filosofia deles era que o cliente que entrasse no escritório encontrasse advogado para qualquer tipo de problema jurídico, e não ouvisse: “olha, seu caso é trabalhista, procure outro escritório”. Não. Tem tudo aqui dentro. É uma pessoa jurídica que atende a clientela em todo e qualquer problema jurídico que ela tenha. Não precisa sair daqui.

ConJur — Houve alguma influência das ideias trazidas por José Martins Pinheiro Neto ao fundar o Pinheiro Neto Advogados, anos antes?
Naum Rotenberg — O Pinheiro Neto e o Demarest são mais ou menos da mesma época. Dizer quem foi o primeiro ou o segundo é difícil. Eu diria que foi uma coincidência de momento. Ambos têm a mesma mentalidade. Nós somos pessoas jurídicas e o nosso escritório não existe para nós, existe como instituição, como pessoa jurídica, para servir hoje, amanhã e sempre, nos moldes internacionais.

ConJur — Quais foram os primeiros clientes?
Naum Rotenberg — O escritório era pequeninho, lá na rua XV de Novembro. Eram quatro ou cinco salas, com divisórias de papelão. No centro ficavam duas secretárias e a recepcionista. Eles tiveram muitas dificuldades no início. Quando fui contratado, o escritório estava prestes a não poder continuar, porque não tinha clientela. Mas aí apareceu um caso famoso, um choque de navios no Porto de Santos. O Demarest e o Batista foram contratados pela empresa prejudicada, que ganhou do seguro uma quantia apreciável. E os honorários garantiram o escritório por algum tempo.

ConJur — Como era advogar sem computador?
Naum Rotenberg — Havia livros de jurisprudência. Além disso, valia a pena ir ao fórum para tomar conhecimento, ver como foram peticionadas outras causas, como decidiu o juiz, você tinha de se socorrer de tudo. Mas a petição, você mesmo tinha que fazer. Não tinha de quem copiar.

ConJur — As decisões judiciais demoravam como hoje?
Naum Rotenberg — Não. Hoje é pior. Sempre demorou, só que hoje é pior.

ConJur — Como era o relacionamento com o cliente?
Naum Rotenberg — Nós éramos, eu e o Batista, mais do que advogados. Éramos amigos dos clientes. Enchia a paciência. Era jantar na casa deles, jantar na nossa casa, mas era um relacionamento muito efetivo e que dava muito resultado. E o campeão — o que nos Estados Unidos chamam de rainmaker — em conseguir clientes chamava-se Demarest. Era uma coisa inacreditável. Ele dizia: “Amanhã vou almoçar com fulano de tal, presidente da empresa tal, um americano. Vamos ver”. E o que ele trazia de cliente para o escritório dessa forma era impressionante. O Batista também. Só que o Demarest era o campeão. Era uma coisa inacreditável. Era uma pessoa muito inteligente e cativante. Atraía o cliente, era muito simpático, tinha pinta de ator de cinema. Às vezes, saía bêbado das reuniões. Uma vez fui chamado para carregar ele e o cliente.

ConJur — Que tipo de envolvimento o advogado deve ter com o cliente?
Naum Rotenberg — É difícil generalizar porque cada pessoa tem a sua formação. Eu, pessoalmente, vivia os problemas do cliente. Até hoje, no pouco em que posso me envolver, assumo o problema da parte que eu represento. E acredito que a maior parte assim faz. Você não objetiva só seu resultado pessoal, mas a satisfação de atender bem a quem você representa. Isso foi uma coisa no escritório que não se impôs, era uma filosofia natural. Não precisava nem falar, porque era um sentimento generalizado. Os profissionais do escritório vibravam, como hoje vibram, pelo sucesso do cliente. Quer dizer, você tem que se incorporar àquilo que o cliente deseja. Tem que ser parte, e não apenas advogado. Não pode dizer: “O resultado disso não me importa, é problema do meu cliente”. Não é assim. O resultado desse processo me interessa porque se eu não for bem sucedido, eu é que vou sentir que perdi, vai me machucar. Então, eu defendo o cliente, quero para o cliente aquilo que quero para mim. Ou, como eu costumo dizer numa entidade sem fins lucrativos que presidi, é mais importante você cuidar dos interesses de quem confia no seu trabalho do que das suas próprias coisas. Então, se eu puder dizer a você que eu fico mais feliz em ver um cliente bem sucedido do que as minhas coisas caminharem mais ordenadamente, é verdade. Eu quero um cliente bem sucedido.

ConJur — Captar clientes é uma tarefa a que nem todo advogado consegue se adaptar. Kenneth Demarest trouxe essa visão de negócio?
Naum Rotenberg — Claro. Ele procurava os clientes. E um trazia outro. Como consequência, começamos a ter uma série de clientes norte-americanos, às vezes até de alguma outra nacionalidade. Uma das formas pelas quais a gente mantinha o cliente era ter relacionamento pessoal, sempre além do profissional. O que eu recebi de cliente em casa para jantar… E o Batista, então? Hoje em dia, as coisas mudaram bastante. Mas naquela época era importante. E o que era também muito importante é que, pela proximidade que você obtinha com o cliente, acabava de tal forma ganhando a confiança dele que ele te convidava para ser diretor da empresa. Eu cheguei a ser diretor, no Brasil, de mais de 30 empresas estrangeiras. O Batista, mais de 50. Fui diretor da Kibon e da Goodyear, só para lembrar algumas. Como diretor da Kibon, fui presidente do Sindicato dos Congelados e Subcongelados da Indústria. Representava a indústria de sorvetes da Federação das Indústrias. Éramos considerados diretores, sem designação específica, cuja função era representar o acionista, o cotista do exterior na assembleia de sócios. Quando acontecia um problema, a gente já estava lá. Isso durou muitos anos. Era uma maneira de você atrair e manter o cliente, porque eles gostavam.

ConJur — Como os dois sócios fundadores se conheceram?
Naum Rotenberg — O Demarest procurou o Batista. Ele queria constituir um escritório aqui, nos moldes americanos. O Batista era diretor jurídico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e o Demarest apostou nele por ele conhecer muita gente do setor. A firma não ia ser Demarest e Almeida, ia ser Demarest, Almeida e Garcia. Manoel Garcia Filho era advogado, diretor da Goodyear. Tanto é que o endereço telegráfico do escritório era “Dealgar”, de "Demarest, Almeida, Garcia". Só que na hora que o escritório alugou a sala e começou, o Garcia desistiu.

ConJur — Como foi aprender com advogados tão experientes?
Naum Rotenberg — Quando comecei, o Batista via tudo o que eu fazia. Lembro do primeiro trabalho que eu fiz. Ele falou: “Naum, escreve um pouco mais, você não escreveu nada”, porque sempre fui muito conciso. Eu respondi: “Pois é, mas eu disse tudo”. Mas ele mandava fundamentar mais. Hoje, ainda existe esse controle de qualidade no escritório. O advogado responsável tem que olhar tudo o que se está fazendo.

ConJur — Qual a diferença entre o advogado de hoje e o advogado de antigamente?
Naum Rotenberg — Houve evolução, sem dúvida. O advogado progrediu e muito, não só no Direito, mas também no exercício da profissão. Hoje em dia, com a tecnologia e com os ensinamentos que a tecnologia nos traz, o advogado, como qualquer profissional, recebe uma gama de conhecimentos que o colocam em uma situação muito mais vantajosa do que há 50 anos. Eu poderia ser um grande jurista há 50 anos. Só que não dá, hoje, para conhecer tudo. Naquela época, não havia lei de abuso econômico, Direito Ambiental, biotecnologia. Hoje, para você ser um bom advogado, tem que também entender da tecnologia computadorizada. Se não, você não trabalha mais.

ConJur — Qual a sua recomendação para quem está começando agora na profissão?
Naum Rotenberg — A primeira coisa é pegar um avião e estudar lá fora. O advogado precisa se aprimorar. E a melhor maneira de fazer isso é fica um ou dois anos no exterior. Quando ele volta para cá, está valendo mais.

[Notícia alterada em 6 de maio de 2013, às 16h41, para correção de informações.]

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