Marreta de borracha

Preso é torturado e fica cego e tetraplégico no Acre

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31 de julho de 2013, 18h39

Um preso que foi transferido de Porto Velho (RO) para Rio Branco (AC) em boas condições de saúde está, há quase dois meses, deitado em um leito do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco, cego e tetraplégico após ser torturado. Ele afirma que seis agentes penitenciários do presídio federal de segurança máxima Antonio Amaro Alves o agrediram. As informações são do portal Terra.

Wesley Ferreira da Silva, de 27 anos, diz que os agentes utilizaram uma marreta de borracha, dispararam spray de pimenta e deram socos e chutes nele e em outros dois detentos. Condenado a 21 anos de prisão por um homicídio, um roubo e seis furtos, ele apresenta lesões no cérebro e na coluna.

A campanha para evitar que Wesley denunciasse as agressões se estendeu por dois meses e envolveu médicos, enfermeiros, assistentes sociais e agentes penitenciários, que o esconderam durante inspeção de rotina do Ministério Público no presídio.

Informada por um repórter, a juíza da Vara de Execuções Penais, Luana Campos, foi ao hospital e, após ouvir o homem, determinou a abertura de um inquérito para apurar as denúncias de tortura. Ela está de férias, e quem responde pela vara é o juiz Elcio Sabo Mendes Júnior.

Ele deferiu um pedido de prisão domiciliar apresentado pelos advogados do condenado e determinou que a diretoria do presídio deve fornecer em até 24 horas a pasta carcerária de Wesley: em até 48 horas, a direção deve encaminhar à vara o prontuário, um diagnóstico clínico e outros documentos anexados à pasta.

O último relatório social sobre Wesley aponta que, quando ainda estava preso em Rondônia, ele foi espancado por outros detentos e ficou com sequelas, tendo retirado o baço e sofrendo com pressão arterial descontrolada. Não havia, porém, quadro de incapacidade física, como ocorre atualmente.

Neurologistas de Rondônia e do Acre já avaliaram Wesley, mas ainda não diagnosticaram a causa da paralisia. Ele está preocupado porque sua mãe, que cuidava dele, voltará para Rondônia e não há garantia de que alguém o ajudará. O caso está sendo acompanhado também pela promotora Laura Miranda Braz, da 4ª Promotoria Criminal, a pedido da procuradora de justiça Patrícia Amorim Rego, chefe do Ministério Público do Acre.

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