Um preso que foi transferido de Porto Velho (RO) para Rio Branco (AC) em boas condições de saúde está, há quase dois meses, deitado em um leito do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco, cego e tetraplégico após ser torturado. Ele afirma que seis agentes penitenciários do presídio federal de segurança máxima Antonio Amaro Alves o agrediram. As informações são do portal Terra.
Wesley Ferreira da Silva, de 27 anos, diz que os agentes utilizaram uma marreta de borracha, dispararam spray de pimenta e deram socos e chutes nele e em outros dois detentos. Condenado a 21 anos de prisão por um homicídio, um roubo e seis furtos, ele apresenta lesões no cérebro e na coluna.
A campanha para evitar que Wesley denunciasse as agressões se estendeu por dois meses e envolveu médicos, enfermeiros, assistentes sociais e agentes penitenciários, que o esconderam durante inspeção de rotina do Ministério Público no presídio.
Informada por um repórter, a juíza da Vara de Execuções Penais, Luana Campos, foi ao hospital e, após ouvir o homem, determinou a abertura de um inquérito para apurar as denúncias de tortura. Ela está de férias, e quem responde pela vara é o juiz Elcio Sabo Mendes Júnior.
Ele deferiu um pedido de prisão domiciliar apresentado pelos advogados do condenado e determinou que a diretoria do presídio deve fornecer em até 24 horas a pasta carcerária de Wesley: em até 48 horas, a direção deve encaminhar à vara o prontuário, um diagnóstico clínico e outros documentos anexados à pasta.
O último relatório social sobre Wesley aponta que, quando ainda estava preso em Rondônia, ele foi espancado por outros detentos e ficou com sequelas, tendo retirado o baço e sofrendo com pressão arterial descontrolada. Não havia, porém, quadro de incapacidade física, como ocorre atualmente.
Neurologistas de Rondônia e do Acre já avaliaram Wesley, mas ainda não diagnosticaram a causa da paralisia. Ele está preocupado porque sua mãe, que cuidava dele, voltará para Rondônia e não há garantia de que alguém o ajudará. O caso está sendo acompanhado também pela promotora Laura Miranda Braz, da 4ª Promotoria Criminal, a pedido da procuradora de justiça Patrícia Amorim Rego, chefe do Ministério Público do Acre.