Consultor Jurídico

É hora de o Ministério Público fomentar investigações contra corrupção

5 de julho de 2013, 7h00

Por José Reinaldo Guimarães Carneiro, André Luiz dos Santos, Cássio Roberto Conserino, Flávio Okamoto, Luciano Gomes de Queiroz Coutinho, Rafael Abujamra, Silvio de Cillo Leite Loubeh, Tomás Busnardo Ramadan

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O Ministério Público e a sociedade brasileira alcançaram, na noite de 25 de junho de 2013, uma de suas maiores vitórias. Se a Constituinte de 1988 foi um marco na história da instituição, a derrubada da PEC 37, praticamente por unanimidade, representou a efetiva parceria entre ela e o povo brasileiro, em demonstração firme, indiscutível, de que a sociedade quer sistemas mais modernos e vibrantes de investigação criminal, em especial no enfrentamento da corrupção, dos crimes do colarinho branco e das organizações criminosas.

A parceria, verdadeira simbiose, reverteu quadro anterior dentro da Câmara que apontava 70% dos deputados inclinados a votar contra o poder de investigação de promotores e procuradores da República. Tudo isso se ressalta para reafirmar que a derrubada da PEC 37 se deveu, em maior parte, à pressão do povo brasileiro nas ruas. As campanhas desenvolvidas pelo Ministério Público em todo o Brasil, através das redes sociais, de artigos, entrevistas na imprensa, etc., tiveram o mérito de pautar a questão. Sem dúvida, que tiveram. No entanto, foi o posicionamento claro da sociedade, encaminhado juntamente com outras relevantes reivindicações, que virou o jogo dentro do Congresso Nacional, em especial na Câmara.

O povo abraçou sua instituição, protegendo-a, porque sentiu que o momento era difícil e poderia importar em grave retrocesso na sua trajetória. Intuiu que não se tratava de questão corporativa, como insistiam em vender alguns, porém de grave questão de relevância nacional, contra a impunidade. O povo venceu. Assim, impõe-se ao Ministério Público uma reflexão geral, de todos os seus integrantes, sem exceção. A responsabilidade não é de um ou de poucos. É de todos os promotores brasileiros.

A hora, agora, é de mostrar para o país que a luta do povo valeu a pena. É a oportunidade de promotores e procuradores reforçarem suas convicções e seus ideais de luta por uma sociedade mais justa e democrática. Com muito trabalho. É momento de o Ministério Público redobrar seus esforços na condução de inquéritos civis e procedimentos investigatórios criminais, buscando resultados concretos para a sociedade e superando, internamente, eventuais divergências de pensamento. É hora de responsabilidade, no trato das ações públicas. É momento ideal para cada integrante da instituição dedicar especial atenção ao atendimento da população em seus gabinetes.

O povo, que defendeu nas ruas o Ministério Público, precisa ser ouvido por ele quando e na hora em que necessitar. Assim, é tempo de ouvi-lo, identificando e defendendo suas prioridades. É ocasião para que os dirigentes do Ministério Público brasileiro reforcem as estruturas internas, a fim de fomentar a realização de investigações com ênfase no combate à corrupção, grande anseio da sociedade brasileira. É hora de o Ministério Público robustecer e revigorar o trabalho conjunto com as Polícias, sempre com vistas ao interesse público. Vencida de forma contundente a batalha da PEC 37, cabe trabalho voltado à valorização e ao aperfeiçoamento das Instituições Policiais, essenciais para o combate da criminalidade e da corrupção no País. Com a Polícia fortalecida, somos todos mais fortes. Sem ela no combate ao inimigo comum, começaremos sempre divididos.

Enfim, garantido o instrumento da investigação criminal em defesa da sociedade, cabe-nos trabalhar pelo Brasil. É momento de reconhecer equívocos, identificar e corrigir imperfeições. Cabe atingir um futuro próximo que quer (e sonha ter) um Ministério Público vibrante, aparelhado e profissional, com os ideais renovados. É momento de celebrar novas parcerias com as instituições públicas e ao mesmo tempo preservar a independência necessária para as ações que estão por vir. É hora de agradecer ao povo brasileiro, todos os dias e em todas as frentes de trabalho. É hora de retribuir a voz das ruas.