Dados mundiais

Emprego na América Latina recupera-se da crise, diz OIT

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21 de janeiro de 2013, 19h10

A América Latina se recuperou da crise mundial mais rapidamente do que outras partes do mundo. É o que diz o relatório Tendências Mundiais do Emprego 2013, divulgado pela Organização Internacional do Trabalho nesta segunda-feira (22/1). De acordo com o estudo, a região teve no ano passado taxa de desemprego de 6,6%, índice menor do que os 7,8% verificados em 2009, quando a crise eclodiu. Segundo o relatório, o mercado de trabalho na região continua em alta.

Além de diminuir o desemprego, a América Latina também conseguiu reduzir o número de trabalhadores pobres e informais, apesar de a OIT considerar ainda elevado o contingente sem trabalho formal.

A região, porém, tem um calcar de Aquiles: a produtividade. Segundo o estudo, a taxa melhorou de modo apenas moderado nos últimos anos e a previsão é que caia ainda mais, o que tende a limitar futuras melhorias nas condições de vida da população.

Balanço mundial
De acordo com os dados divulgados, o desemprego mundial voltou a crescer no ano passado após dois anos seguidos de queda. O número de pessoas sem ocupação subiu 4,2 milhões e alcançou a cifra de 197 milhões, ou 5,9% de taxa de desemprego.

Segundo a OIT, um quarto da elevação veio das economias desenvolvidas, enquanto três quartos se devem aos efeitos da crise nas outras partes do mundo, em especial Ásia Oriental, Sul da Ásia e África Subsaariana.

O relatório destaca que uma classe média de trabalhadores está surgindo no mundo emergente, o que poderia oferecer estímulos adicionais para a economia mundial, mas ainda constitui um número muito pequeno para compensar o crescimento lento das economias avançadas.

A médio prazo, as previsões indicam que a recuperação econômica mundial não será suficientemente forte para reduzir o desemprego com rapidez e estima-se que o número de pessoas em busca de trabalho aumentará em até mais de 210 milhões durante os próximos cinco anos.

A situação do mercado laboral permanece especialmente desalentadora para os jovens, com quase 74 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos desempregadas no mundo, uma taxa de desemprego juvenil de 12,6%.

Freio e acelerador
O relatório aponta que a crise está se espalhando nas economias desenvolvidas, especialmente por conta da falta de interesse dos investidores na Europa. A região teve 8,6% de desemprego em 2012, e estima-se que aumentará ainda mais este ano. A taxa de desemprego entre os jovens europeus é considerada grave pela OIT. De acordo com o estudo, há países com mais 50% de jovens desempregados. A OIT avalia que o emprego no mundo rico apresentará melhora apenas em 2014.

Já o sudeste asiático encontra-se em recuperação econômica, o que reflete no emprego, diz a entidade. A taxa de desemprego na região deve ficar estável em 4,5%. Apesar da dificuldade que os mais jovens enfrentam para ingressar no mercado de trabalho, o desemprego dessa faixa da população mostra tendência de queda. De acordo com o estudo, mais de 65% da população na região tinha empregos vulneráveis no ano passado.

Crítica à austeridade
Ao contrário das medidas anticíclicas adotadas em 2009 e 2010, o estudo diz que em 2011 e 2012 a resposta política à crise foi em muitos casos prócíclica, o que resultou no aumento do desemprego. Política anticíclica é o termo dado a medidas tomadas pelos governos para minimizar os efeitos de um ciclo econômico (especialmente em períodos de recessão) como expansão dos gastos e do crédito.

"Os responsáveis pela formulação de políticas globais e os órgãos de coordenação como o G20 e a UE deveriam intensificar seus esforços para evitar políticas que empobreçam os vizinhos, que estão ocorrendo por meio de reduções de salário e da proteção social na Europa, assim como através de medidas comerciais e monetárias em outros países”, diz o relatório.

O diretor geral da OIT, Guy Ryder, classificou de “inadequadas” as políticas implementadas para combater a crise. Segundo ele, as medidas debilitaram ainda mais a demanda, freando os investimentos e as contratações. “Isso prolongou a crise do mercado laboral em vários países, reduzindo a criação de empregos e aumentando a duração do desemprego ainda em alguns países que antes tinham taxas de desemprego baixas e mercados de trabalho dinâmicos”, afirmou.

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