Empresas de papel miram investidor desinformado
17 de abril de 2013, 16h38
A globalização econômica trouxe um aspecto fundamental, ligado ao preço de mercado das empresas e à escala do bilhão de fundos e grandes investidores. No entanto, o que temos, na realidade, é um número razoável de empresas somente de papel, com lucros e ganhos artificiais, as quais não passam de uma estratégia em busca do investidor desinformado.
A informação plena não é obtida e muito menos divulgada pelos órgãos de controle e fiscalização de mercado e a circunstância abala a credibilidade e a confiança do negócio. Não é sem razão que bom número de empresas em recuperação se convola num plano inimaginável e sem metas mínimas de cumprimento. Vira uma empresa que aposta no papel do plano, ludibria a comunidade de credores e arrasta o estado de crise até ser decretada a quebra.
Há um começo de mobilização de acionistas minoritários e fundos estrangeiros para abertura de ações no exterior e salvamento dos prejuízos incorridos, mas a batalha é árdua e não podemos dizer que o mercado de risco se transforma numa aventura ou jogo de azar. É comum no Brasil, da noite para o dia, a empresa considerada uma joia cair no desespero do negócio e enfrentar sérios problemas de liquidez. Por certo, a mídia fabrica esse estado de coisa e a publicidade muito mais. No fundo, não há uma avaliação, desempenho ou produção que corresponda à realidade.
Esse verdadeiro dilúvio, criado pelo mercado financeiro, implodiu o sistema imobiliário nos Estados Unidos e contaminou muitos bancos europeus. Aqui no Brasil temos maior higidez no modelo, mas não em relação às empresas. Notadamente aquelas que pretendem abrir seu capital na bolsa e chamar a atenção do investidor para o ganho, quando acorda e se desperta, têm que arcar com o prejuízo, além do que, a tributação, invariavelmente, premia o fisco, cuja alíquota é elevada para tal tipo de negócio.
As empresas chamadas de rating, de uma hora para outra, mudam conceitos e derivam para outras opções, o que dificulta a compreensão e torna perplexo o posicionamento do mercado e alardeia prejuízo ao investidor. Tornou-se rotina dizer que muitas empresas alcançaram a casa da fama do bilhão de faturamento, mas, sinceramente, qual Tomé, é preciso ver para crer, eis que a conjuntura nada oferece que possa propiciar essa gama de lucratividade.
O programa que incentivou o consumo de classes menos favorecidas agora está desabastecido, retirados os impostos da cesta básica, os alimentos não param de subir e a inflação judia do sofrido povo brasileiro. Há um sistema tributário perverso e incompreensível, o gasto público exacerbado, e às vésperas de eleições presidenciais, não seria prático o governo cortar o seu endividamento e reduzir gastos.
As grandes empresas de ontem não são as de hoje e, consequentemente, nesse mercado volátil e mutável, é preciso sempre ficar atento com a informação. De dados privilegiados estão repletos os espertos de plantão, mas se quisermos obter um mercado forte e consistente é fundamental agregarmos valores e aumentar o número de empresas negociadas nos pregões. A bolsa brasileira continua sendo cara e os investimentos tanto piores, talvez a única aposta seja em algum fundo que meça a inflação e assegure o ritmo de maior lucratividade.
Na reunião do Copom, a luta e o verdadeiro tour de force ante os que gostam de juros estratosféricos e aqueles que acenam com o tabelamento, mas de toda sorte, a principal ferramenta é ter a ousadia de encararmos as empresas brasileiras. Muito mais do que um simples papel sem valor incorporado, pois elas devem ser transparentes, mostrar planejamento, ambicionar mercados externos e oferecer concorrência, motivos suficientes para pararmos de apostar no jogo do bilhão, que muitas vezes leva os acrobatas de plantão ao moribundo circo sem pão.
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