Crimes na ditadura

Comissão da Verdade vai investigar Operação Condor

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25 de setembro de 2012, 15h19

A Comissão Nacional da Verdade, criada para apurar violações aos Direitos Humanos entre 1946 e 1988, vai investigar a Operação Condor —aliança político-militar entre governos autoritários de Brasil, Argentina, Chile, Bolívia e Uruguai que passou a vigorar oficialmente em 1975. 

O grupo será será presidido pela advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, que faz parte da Comissão Nacional da Verdade, e terá como integrantes a professora de história da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Heloisa Maria Murgel Starling, o jornalista Luiz Cláudio Cunha e a assessora da Comissão da Verdade Paula Rodrigues Ballesteros. Todos exercerão as atividades sem remuneração por “prestação de serviço relevante” ao país, conforme publicado no Diário Oficial da União desta terça-feira (25/9).

Segundo  dados dos atuais governos dos países envolvidos, calcula-se que, apenas nos anos 1970, o número de mortos e "desaparecidos" políticos tenha chegado a aproximadamente 290 no Uruguai, 360 no Brasil, 2 mil no Paraguai, 3,1 mil no Chile e 30 mil na Argentina —a ditadura latino-americana que mais vítimas deixou em seu caminho. Estimativas menos conservadoras estimam que a Operação Condor tenha chegado ao saldo total de 50 mil mortos, 30 mil desaparecidos e 400 mil presos.

A determinação do grupo é “esclarecer os fatos, as circunstâncias e autorias de casos de graves violações de direitos humanos, como torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres” durante a Operação Condor, diz o texto que estabelece a atuação dos integrantes. Não há fixação de prazos nem períodos para a conclusão dos trabalhos.

Para integrantes da Comissão Nacional da Verdade, o grupo de trabalho poderá apurar alguns episódios polêmicos da história nacional, como as mortes dos ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek, ambos em 1976, durante a vigência da Operação Condor.

Goulart governou o Brasil de 1961 até ser deposto pelo golpe militar de 1964. Ele morreu em dezembro de 1976, na Argentina, oficialmente de ataque cardíaco. A versão é contestada por parentes que acreditam em envenenamento por agentes da Operação Condor. No caso de Kubitschek, a comissão recebeu da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Minas Gerais (OAB-MG) um relatório contestando a versão sobre a morte dele em consequência de um acidente de carro. Com informações da Agência Brasil.

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