Teoria da conspiração

FBI prometeu “pagamentos por martírio” a marroquino

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11 de setembro de 2012, 12h18

Na próxima sexta-feira (14/9), o marroquino Amine El-Khalifi, 29 anos, poderá ser sentenciado de 25 a 30 anos de prisão. Motivo: caiu em uma "operação secreta" armada pelo FBI. O marroquino trabalhou com dois agentes do FBI em uma "conspiração" para explodir o prédio do Congresso americano ("The Capitol"). Foi preso em fevereiro deste ano, depois de um ensaio para a missão, em que ele usou vestes de terrorista suicida, sem as bombas, e uma arma desativada. Em junho, confessou sua participação na conspiração, em um tribunal de Alexandria, Virgínia. As informações são da Associated Press, Washington Post e Huffington Post.

Nesta segunda-feira (10/9), a Associated Press revelou que os agentes do FBI prometeram a El-Khalifi "pagamentos por martírio" de US$ 1 mil por mês, que seriam feitos a seus pais, se topasse executar a missão. 

Os detalhes do caso estão nos autos do processo. O advogado de El-Khalifi informou o tribunal que o marroquino já recebeu, efetivamente, pouco mais de US$ 5.700 dos agentes, como ajuda de custo, durante os seis meses em que foi feita a "operação" do FBI. E que a promessa dos agentes, que se apresentaram a seu cliente como membros da Al-Qaeda, com os nomes de Hussien e Yusuf, era de fazer pagamentos mensais de US$ 500 a cada um de seus pais, por tempo indeterminado, a partir do mês seguinte ao da missão cumprida. 

"El-Khalifi acreditava que sua obrigação mais importante era cuidar de sua mãe e de seu pai. Se deixasse de fazê-lo, não iria cumprir a vontade divina. A promessa de "pagamentos por martírio" surgiu como uma solução para as dificuldades que tinha para cumprir sua obrigação de cuidar dos pais, uma vez que, até há pouco tempo, vinha fazendo corpo mole no trabalho", escreveu o defensor público federal Kenneth Troccoli nos autos. Os "pagamentos por martírio" seriam feitos aos pais de El-Khalifi no Marrocos. Eles passavam por dificuldades financeiras, depois que tiveram de vender seu bazar em Casablanca, que era sua única fonte de renda, disse o defensor. 

O marroquino foi uma presa fácil para os agentes do FBI, diz a defesa, por essa razão e por outras. Ele havia acabado de se converter de uma vida desregrada, que incluía uso de drogas e cinco dias na prisão por delito leve, para o Islamismo radical. Depois da prisão, ele teria sido encorajado por sua mãe a abraçar o Corão, dizem os autos. Ele teria doutrinado a si mesmo de uma forma que o teria levado às interpretações mais extremas da religião. Um alvo perfeito para os agentes secretos do FBI, que "pareciam pensar como ele e que se diziam membros da Al-Qaeda". Segundo o defensor, os agentes teriam instruído El-Khalifi a não discutir a conspiração com quem quer que fosse. E teriam lhe garantido que eles mesmos explodiriam as bombas à distância, caso ele fosse impedido de fazê-lo pelos seguranças do Congresso. 

A defesa do marroquino enfatizou, no entanto, não acreditar que as ações do FBI constituem uma armadilha. Se "o réu não tivesse sido encontrado pelos agentes secretos do FBI, ele iria, de qualquer forma, aproveitar qualquer oportunidade no futuro para cometer assassinato em massa", escreveram nos autos os promotores Michael Ben’Ary e Gordon Kromberg. Os promotores alegam que El-Khalifi manifestou seu desejo de participar da conspiração e que ele mesmo teria escolhido o prédio do Congresso como alvo. 

A defesa alega que ele poderia ter sido desencorajado por membros da família ou por seu líder religioso, não fosse a garantia que deu aos agentes do FBI de não comentar seus planos com outras pessoas. A defesa está pedindo que a sentença seja fixada em 25 anos de prisão. A Promotoria pede 30 anos.

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