Ranking mundial

100 maiores bancas faturaram US$ 81,9 bilhões

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22 de outubro de 2012, 16h02

O ranking das 100 maiores bancas do mundo, por desempenho financeiro, indica que as firmas de advocacia continuam crescendo, apesar das turbulências econômicas. As receitas brutas combinadas das bancas que entraram no "2012 Global 100", que acaba de ser divulgado, foram de US$ 81,9 bilhões no último ano fiscal — a maior de todos os tempos, de acordo com a publicação The American Lawyer, que compilou os dados com a colaboração da publicação Legal Week. O crescimento foi de 6,8% em relação ao ano anterior. 

Segundo o site Law.com, que pertence ao mesmo grupo, o ranking mostra a resiliência do mercado jurídico em tempos de crise. E confirma um velho ditado americano: "Faça chuva ou faça sol, sempre haverá clientes para as firmas de advocacia" — no caso, diz a publicação, a referência vale para os grandes clientes corporativos. E mostra também que as grandes se tornaram ainda maiores. Mas não há, nem de longe, perspectivas de dominação do mercado por alguma banca, nem mesmo por um grupo de escritórios, garante o Law.com.  

A Baker & McKenzie, organização americana que se estruturou no modelo "verein" para se lançar no mercado internacional, continua a ocupar a primeira posição no ranking mundial, com faturamento de US$ 2,313 bilhões no último ano fiscal. A DLA Piper, que ocupava a terceira posição no ano anterior, passou para o segundo lugar, com faturamento de US$ 2,247 bilhões. Deixou para trás a Skadden Arps Slate Meagher & Flom, que mantém sua estrutura nacional e faturou US$ 2,165 no último ano fiscal. A banca mais "modesta" entre as grandes, colocada no 100º lugar, a Steptoe & Johnson, faturou US$ 376 milhões no período. Observe-se, em nome da proporção, que a Baker & McKenzie tem 4.004 advogados, 725 sócios, enquanto a Steptoe & Johnson tem 422 advogados, 148 sócios. 

Modelo e fenômeno
O modelo "verein" se estabeleceu como novo fenômeno das sociedades de advogados que buscam penetração no mercado global. Na verdade, passou-se a usar o termo "verein" como uma simplificação da expressão "Swiss verein" – o "verein" no estilo suíço. "Verein" é uma palavra alemã (que também pode ser "vereinen") que significa associação voluntária. O "verein" à la Suíça criou uma estrutura mais conveniente para muitas organizações internacionais, incluindo as firmas de advocacia. 

De acordo com a Wikipédia, a "verein" suíça não precisa ser registrada para ter uma personalidade jurídica separada. Uma estrutura "verein" é ideal, por exemplo, para a formação de uma organização não governamental (ONG) internacional, tais como a Anistia Internacional. Mas é conveniente, também, para a estruturação de firmas que estabelecem escritórios em diversos países. Uma das vantagens é a de que o controle da firma pode ser descentralizado. Ou seja, os escritórios só têm obrigações com as entidades reguladoras do país onde estão estabelecidos. O sistema reduz custos e permite que cada escritório opere fundos diferentes de receitas e lucros.

O modelo "verein" transformou o cenário do mercado jurídico no mundo e os rankings mundiais, diz a publicação Law.com. Bancas, como a Squire Sanders, a SNR Denton e a Norton Rose, subiram rapidamente no ranking depois que adotaram o sistema, embora tenham também expandido o seu foco doméstico. O advogado Jonathan Scott, sócio da Herbert Smith Freehills, disse à Law.com que as grandes bancas esperam que a expansão do mercado jurídico para mercados internacionais continue. Afinal, esse é o único meio, praticamente, para promover o crescimento das bancas que já são muitos grandes dentro de seus próprios mercados.

Dados do ranking
A credibilidade do ranking da The American Lawyer e da Legal Week, ambas do grupo The Am Law, é comparável aos relatórios da Global Chambers e do Citi Private Bank Law Firm Group. Os resultados diferem circunstancialmente, devido à metodologias diferentes usadas pelas organizações. Os dados para a formação do ranking 2012 Global 100 foram compilados com base nos resultados financeiros do ano calendário de 2011, para as bancas dos Estados Unidos, e no ano financeiro de 2011-2012, para as bancas do Reino Unido e outras bancas internacionais. Os resultados financeiros foram obtidos de informações prestadas pelas próprias bancas.

Entre as 100 potências listadas no ranking de 2012, 23 bancas obtiveram receitas anuais superiores a US$ 1 bilhão. No ranking anterior, foram 21 bancas. As receitas brutas registraram um crescimento de 6,8% em relação ao período anterior, confirmando-se como o maior faturamento combinado das "100 mais" de todos os tempos: US$ 81,9 bilhões.

O faturamento combinado das 25 primeiras colocadas no ranking cresceu 6,9% — para US$ 38,9 bilhões. As bancas classificadas da 26ª a 50ª posição cresceram 6,2% — faturamento combinado de US$ 19,4 bilhões. O faturamento combinado das bancas nas 50 primeiras posições cresceu 6,6% — total de US$ 57,5 bilhões. Foi o faturamento das bancas classificadas na metade debaixo da tabela, porém, que teve o maior crescimento: 7,3% — no valor de US$ 24,4 bilhões.

O lucro de cada sócio das "100 mais" cresceu, em média, 3,65% — isto é, US$ 1,518 milhão por ano. Os sócios das "25 mais" tiveram, em média, 4% de aumento— isto é, cada sócio ganhou, em média, US$ 2,574 milhões por ano. O faturamento bruto de 23 bancas foi superior a US$ 1 bilhão no período. E de 74 bancas foi superior a US$ 1 milhão. Entre as 100 maiores, 24 bancas têm escritórios em dez ou mais países (eram 20 no ano anterior). Também entre as 100 maiores, 14 têm pelo menos 50% de seus advogados trabalhando em outros países (no ano passado eram nove). 

Impacto das "vereins"
Entre as bancas classificadas nas primeiras 25 posições, cinco adotaram a estrutura "verein" — três delas, entre as dez maiores: Hogan Lovells, Baker e DLA. Há cinco anos, a Baker era a única "verein" entre as 100 maiores. A DLA Piper começou a operar um sistema de fundos separados de receita doméstica (EUA) e internacional em 2010. 

Se o faturamento combinado das "vereins" fosse excluído do ranking, o crescimento das receitas brutas das restantes das firmas cairia de 6,8% para 4% no último ano. Foram essas bancas que tiveram maior crescimento. A Squire Sanders, por exemplo, pulou do 64º lugar em 2011 para o 41º lugar em 2012 (ganho de 23 posições) depois de sua associação no estilo "verein" com a Hammonds, do Reino Unido, em 2011. 

A SNR Denton subiu da 74ª posição para a 43ª (ganho de 31 posições) depois da fusão "transatlântica" entre a Sonnenschein Nath e a Rosenthal and Denton Wilde Sapte. A Norton Rose, que já havia pulado de 67ª posição para a 34ª, em 2010, graças a sua associação com a Deacons da Austrália, subiu para a 14ª posição depois de sua associação com a Deneys Reitz da África do Sul, Ovilvy Renault do Canadá e Macleod Dixon. O faturamento combinado da Norton Rose Group em 2012 foi de US$ 1,32 bilhão — aumento de 175% em dois anos.

A flexibilidade da estrutura no estilo "verein" está tornando o modelo no veículo preferencial das bancas para conseguir uma rápida expansão internacional. Os críticos desse modelo afirmam que esse é apenas um recurso que torna muito fácil evitar as dificuldades das decisões de integração de bancas que, em algum ponto, vão expor suas fraquezas institucionais. Mas o sucesso das últimas transações "verein", em termo de impacto material, vem popularizando o modelo e lhe atribuindo credibilidade. 

A advocacia continua dividida sobre a viabilidade de longo prazo dessas associações voluntárias que resultam em múltiplos centros. Os defensores do modelo argumentam, porém, que essa é uma maneira simplificada de se criar marcas genuinamente globais. 

Conheça o ranking das 100 maiores bancas do mundo por desempenho financeiro no último ano fiscal, comparado com o ano anterior.

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