governança corporativa

Clubes devem se transformar em sociedades anônimas

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29 de novembro de 2012, 12h55

A situação crônica de endividamento dos clubes brasileiros e a proximidade da Copa do Mundo levam à reflexão sobre a mudança no estilo de governança corporativa gerencial, com a transformação em companhia.

O sucesso de muitos clubes europeus está ligado ao modo de gestão e a abertura de capital. Somente na Alemanha, o público médio para um determinado clube supera 70 mil pessoas, enquanto, no Brasil, os estádios quase vazios, e a preocupação maior é o dia seguinte, ou seja, como será depois da Copa do Mundo, e quem ocupará as enormes arenas.

Em razão disso, das dívidas com a seguridade social, os valores provenientes das loterias e direito de arena, já chegou o tempo das agremiações pensarem, séria e firmemente, na transformação operacional em sociedades anônimas, pois que conseguiriam adesão de um grande número de associados e torcedores, mediante a compra de suas ações, alocando importantes recursos para a manutenção, além de um corpo profissional adequado.

A caixa de pandora de muitos clubes daria espaço à administração transparente, e a negociação dos seus atletas também imporia um aumento da cotação do papel no mercado acionário, mais do que isso, hoje existe um forte comércio da maioria dos clubes de futebol, e suas atividades poderiam se expandir para outros ramos, a exemplo tênis, vôlei, basquete, assim se criaria musculatura no propósito de se evitar a constante participação de grupos particulares ou públicos nos episódicos momentos de patrocínio.

Pratica-se futebol no país quase que semanalmente, comentários de jornais, de internet e tudo que se possa fazer, daí o momento é nevrálgico para a mudança da legislação e o firme pensamento de concatenar com a abertura do capital em bolsa, mercado primário e, depois, secundário.

As vantagens superariam as desvantagens e todos que acompanham seus clubes poderiam estar sintonizados com o crescimento dos negócios.

De forma alguma o comportamento do clube durante o campeonato traduziria um desinteresse pela compra ou negociação do papel, ao contrário, daria motivação para mais negócios, e os passes dos atletas teriam uma cotação mais real e associada à agremiação, e não aos empresários que pretendem lucrar, desde tenra idade, com atletas que irão se profissionalizar.

Em linhas gerais, estaríamos criando um mercado que agregaria valor e aglutinaria espaço na sua consecução de, inclusive, manter suas arenas construídas depois de eventos mundiais ou, ao mesmo tempo, propiciar recursos correspondentes ao salto de qualidade das entidades.

Não empataríamos se investíssemos pesadamente no aspecto de transformar clubes em agremiações e traríamos, com a governança, uma transparência que hoje não existe.

As federações seriam mais fiscalizadas, as arbitragens e a mídia, de uma forma geral, tudo contribuiria para o crescimento da atividade, sem monopólio ou duopólio de emissoras, mas o aumento de todos os que se interessam pela divulgação da marca e sua expressão.

É comum que, no momento do rebaixamento, os times tenham público menor, direito de arena proporcional e os passes de seus atletas desvalorizem, mas, com o fermento da integração da Bolsa e o mercado, a situação traria um novo denominador comum, a par do Conselho Administrativo e, principalmente, o Conselho Fiscal, e a gestão profissional.

Não há mais tempo para se adiar uma tomada de posição, os clubes estão naufragando em dívidas e não conseguem pagar a Previdência Social, figuram entre os maiores devedores, e a fina sintonia poderia aumentar o leque de atletas que teriam uma remuneração mais proporcional e menos desigual.

Dessa musculatura, sairia a estrutura para a formação da seleção nacional, na medida em que daria ares novos e uma legislação desportiva, já regulamentada pelo mercado acionário e os interesses dos acionistas e investidores, inclusive grandes fundos, que apostam no sucesso da atividade esportiva.

Somente ganharemos profissionalismo e condições reais de termos clubes que mantenham os grandes atletas se os clubes adotarem o perfil de companhias.

O gasto é relativamente pequeno diante do grande dividendo que se logrará obter com a adesão de muitos e o aquecimento dos negócios de cada agremiação.

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