Eleições na OAB-SP

Em debate, candidatos atacam propostas de adversários

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26 de novembro de 2012, 17h21

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Os candidatos a presidente da OAB de São Paulo, Marcos da Costa, Ricardo Sayeg e Alberto Zacharias Toron, voltaram a se enfrentar nesta segunda-feira (26/11), a três dias das eleições na capital paulista. Sem novas propostas aparecerem durante a discussão, os candidatos aproveitaram o debate promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo para atacar posições e propostas já defendidas por seus oponentes, como a criação de um hospital para advogados e a legalização do aborto.

O hospital do advogado é proposto por Sayeg, para quem as verbas da Ordem devem ser usadas para mais do que um convênio com planos de saúde. Atualmente, a OAB-SP é conveniada à Unimed. “A Ordem não tem condições de construir um hospital”, contrapôs Toron, ao propor que a entidade crie “um plano de saúde decente” para os operadores do Direito. Sayeg rebateu: “Eles não acreditam no hospital do advogado porque eles não conseguiram fazer”.

Toron também criticou os descontos dados a advogados em livrarias, por conta da Caixa de Assistência ao Advogado de São Paulo. “Às vezes vou comprar um livro e o sujeito na minha frente é juiz e tem 30% de desconto. O advogado só tem 10%. Isso não pode.”

Como já havia ocorrido no último debate entre os candidatos, a divisão entre oposição e situação não ficou demarcada. Os três candidatos se atacaram, sem que houvesse concentração do "fogo" no candidato da situação. Isso ficou claro quando Toron atacou o atual presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D’Urso, dizendo que ele transformou a Ordem em um “estaleiro de político fracassado”, ao voltar para sua presidência depois de ter perdido as eleições para a prefeitura de São Paulo — nas quais saiu como candidato a vice-prefeito. Marcos da Costa rebateu. Disse que Toron tinha mágoas por ter perdido espaço na gestão de D’Urso, da qual foi conselheiro federal. Sayeg concordou, dizendo que o problema entre Toron e D’Urso é uma briga pessoal.

Os candidatos também divergiram sobre a valorização dos advogados. Enquanto Marcos da Costa disse que a advocacia está valorizada, Toron rebateu dizendo que o advogado é humilhado no seu dia a dia. A discussão passou também pelo papel da Escola Superior da Advocacia (ESA) e pela Lei dos Juizados Especiais, que prevê a possibilidade de entrar em juízo sem advogados. Sayeg apontou que a processualista Ada Pellegrini Grinnover — candidata a conselheira seccional na chapa de Toron — é uma das responsáveis pela lei, e disse que ela não prestigiaria os advogados. Toron saiu em defesa de Ada, dizendo que ela coordenou a ESA em seu apogeu.

Assuntos polêmicos em todas as esferas, como legalização do aborto e descriminalização das drogas também serviram como pano de fundo para que as diferenças entre os candidatos ficassem claras. Ricardo Sayeg e Marcos da Costa se colocaram contra o aborto e contra a descriminalização do uso de drogas. Já Toron afirmou que não é papel da Ordem ser contra ou a favor do aborto, mas que a entidade deve discutir o assunto. Essa também foi a opinião do candidato em relação ao que deve ser feito com os usuários de drogas.

Ataques pessoais feitos ao candidato Marcos da Costa deram ao situacionista direito de resposta, depois de Sayeg dizer que ele tem “perfil limitado”. Ao fim do debate, Toron também criticou Costa. Afirmou que ao dizer que o advogado está valorizado o candidato mostrou que “não entende nada de advocacia”. “Nem sei se advoga”, alfinetou Toron. Costa pediu resposta novamente, pois, segundo ele, essa é "a maior ofensa que um diretor da Ordem, militante da advocacia há 25 anos poderia sofrer". Em suas considerações finais, o candidato da situação falou de forma serena, desejando "um santo Natal e um 2013 com muita luz e fraternidade".

*Texto alterado às 12h04 do dia 27 de novembro para correção de informações.

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