Réu e testemunha

Ministros do STF cogitam proteção oficial a Valério

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3 de novembro de 2012, 10h50

Ministros do Supremo Tribunal Federal declararam que cabe avaliar se Marcos Valério, réu condenado pela corte a mais de 40 anos de prisão, receba ou não proteção oficial do Estado. Ainda assim, os ministros não descartaram a possibilidade de que Valério apenas esteja estrategicamente tulmultuando o julgamento com notícias de deter novos detalhes sobre o caso do mensalão e do risco que corre por conta das informações que possui. As informações são da Folha de S.Paulo.

Os ministros disseram que se o réu teme por sua segurança, este fato não pode ser negligenciado. Desde que prestou voluntariamente novo depoimento ao Ministério Público Federal em setembro, há notícias que Valério estaria disposto a revelar detalhes ainda inéditos sobre o esquema de compra de votos de parlamentares durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com a Folha, o ministro Marco Aurélio, do STF,  afirmou que estava na hora de Valério "desembuchar, não falar em doses homeopáticas". "Depois da porta arrombada, não adianta colocar cadeado", disse "Na área da delinquência, falo de forma geral, o jogo é pesado."

Embora não haja notícias de o réu solicitar proteção oficial, a imprensa especula que cabe ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, avaliar a necessidade de proteção a Valério e sua provável inclusão no Sistema Nacional de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas.

Foi o jornal O Estado de S. Paulo que revelou que Marcos Valério prestou um depoimento a Roberto Gurgel no fim de setembro, ocasião em que teria relacionado Lula e o ex-ministro Antonio Palocci ao esquema de corrupção.

A revista Veja desta semana afirma que Valério teria informações relacionando a cúpula do PT ao assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002. Segundo a publicação, Valério teria dito que o PT solicitou recursos para subornar pessoas que ameaçavam revelar informações que ligavam ao crime o ex-presidente Lula e o ministro Gilberto Carvalho, que comandou o gabinete de Lula e hoje chefia a Secretaria-Geral da Presidência. O contato teria sido feito pelo então secretário-geral do PT, Silvio Pereira.

Silvio Pereira disse, contudo, à reportagem da Folha que a matéria publicada pela revista "é puro delírio". O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse desconhecer o assunto "completamente".

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