Grandes negócios

Advogado da Pensilvânia some com dinheiro dos amigos

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18 de março de 2012, 7h44

Nos últimos anos, Anthony J. Lupas Jr., o mais proeminente advogado de Wilkes-Barre, na Pensilvânia, mostrou uma capacidade invejável de transformar clientes em amigos. Ele os ajudava a ganhar dinheiro, através de seus serviços profissionais. Depois, ele mesmo os ajudava a aplicar o dinheiro em investimentos com retorno garantido de 7%, sem impostos, pagos mensalmente, o que, para os padrões americanos, é um grande negócio. E mais a garantia de que o capital seria preservado, acontecesse o que fosse com o mercado financeiro.

Nos últimos dias, os "amigos" começaram a processar Lupas Jr, que também enfrenta uma investigação criminal. O conceituado advogado de Wilkes-Barre se dedicava, na verdade, a uma operação de investimentos fraudulentos, chamada nos EUA de "esquema Ponzi" – em referência a Charles Ponzi, o inventor do esquema também conhecido como pirâmide, preso pela polícia em 1910, por fraude financeira. As ações judiciais foram anunciadas pelos dois sites mais importantes do condado de Luzerne, onde está a sede do Wilkes-Barre), o citizensvoice.com e o GOlackawanna.

O golpe é mais do que centenário e levou à cadeia, mais recentamente, o megainverstidor de Wall STreet Bernard Madoff. Lupas Jr. provou apenas que o esquema pode ser sempre aplicado por quem sabe fazer amigos e influenciar pessoas – especialmente as que são atraídas pela possibilidade de ganhar dinheiro grande sem fazer esforço. E essa é a razão por que o esquema Ponzi funciona. Lupas Jr. garantia retornos maiores do que em qualquer outro investimento e os investidores recebiam pontualmente os rendimentos mensais. Ele enviava a cada investidor um cheque pessoal, pelo correio, que nunca atrasava.

Com que dinheiro Lupas Jr. pagava os rendimentos? Com o dinheiro dos próprios investidores, que ele nunca aplicou em investimento algum. Apenas o depositava em sua própria conta bancária. E com o dinheiro de novos investidores, conquistados por ele ou pelos próprios clientes, que faziam propaganda boca a boca de sua vantajosa operação.

Sua facilidade de conquistar "investidores" veio com a prática diária de seu bom trabalho como advogado. Ele se especializava em conseguir para seus clientes indenizações por acidente – clientes que, muitas vezes, perdiam o dinheiro para alguma outra pessoa mais "esperta". E ele não podia deixar que isso continuasse acontecendo. Ele também administrava patrimônio de alguns clientes, que rendiam dinheiro que precisava ser aplicado em um bom investimento.

Com o tempo, ele descobriu mais dois tipos de clientes, que poderiam ser bons investidores: aposentados e viúvos(as). Os aposentados economizaram a vida inteira para ter uma velhice tranquila, mas colocavam o dinheiro na poupança, que lhes proporcionava um rendimento muito baixo. As viúvas e viúvos recebiam dinheiro de seguros pela morte de um dos cônjuges. Eles também precisavam da assessoria de um advogado bem ocnceituado, antes que caíssem nas mãos de algum vigarista. E aparentemente se tornaram investidores promissores, porque Lupas Jr. começou a frequentar funerais para consolar as viúvas e viúvos.

A Wikipédia explica que todo "esquema Ponzi" estoura, quando os cheques param de chegar pelo correio. O esquema de Lupas Jr. estourou assim, mas só depois de sobreviver alguns meses. No primeiro mês que o cheque não chegou, eles concluíam que houve algum problema, que seria solucionado em breve. No segundo mês, que alguma coisa poderia estar errada, mas que haveria uma explicação. No terceiro, se desesperaram, porque se deram conta de que nunca pediram comprovação de qualquer espécie dos investimentos, porque o nível de confiança era muito alto. O advogado pregava um bilhetinho explicativo no cheque e isso era tudo. Mas não tinham coragem de denunciar o amigo. Até que um "amigo" fez a primeira denúncia.

Um grupo de três pessoas contratou o advogado Ernest Preate Jr. e outro grupo de dez pessoas contratou o advogado Gavin Lentz. Os dois advogados estão encarregados de recuperar, até agora, US$ 1,7 milhão. Mas os advogados já descobriram que não há muito o que recuperar. O colega que os dois estão processando, o advogado Lupas Jr., aparentemente já se desfez do dinheiro. Por exemplo, ele emprestou pelo menos US$ 400 mil para seu filho, que é juiz do condado de Luzerne, e uma quantia ainda indefinida para outros familiares.

O empréstimo para o filho, o juiz David W. Lupas, foi para financiar sua campanha política, em 1999, para o cargo de promotor distrital do condado. Não há notícias, por enquanto, de contribuições do pai para a campanha do filho para o cargo de juiz, anos mais tarde. O juiz declarou aos jornais de Luzerne que já disse aos investigadores o que sabia sobre as operações do pai. Por enquanto, se sabe apenas que ele ainda devia US$ 227 mil aos pais, mas essa dívida foi perdoada.

Quanto ao advogado Anthony Lupas Jr., seu paradeiro é desconhecido. "Não foi visto em lugar algum nas últimas duas semanas", informou o xerife do condado. Mas, um aviso foi pregado na porta da casa do eminente advogado, informando que não foi possível lhe entregar uma intimação. O aviso pede que ele entre em contato com as autoridades policiais, para que a intimação seja entregue – caso ele apareça.

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