Ideias do Milênio

"A globalização começou com Cristovão Colombo"

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9 de março de 2012, 13h45

Entrevista concedida pelo jornalista americano Charles Mann ao jornalista Jorge Pontual, do programa Milênio, da Globo News. O Milênio é um programa de entrevistas, que vai ao ar pelo canal de televisão por assinatura Globo News às 23h30 de segunda-feira, com repetições às 3h30, 11h30 e 17h30 de terça; 5h30 de quarta; e 7h05 de domingo. Leia, a seguir, a transcrição da entrevista:

Milênio/GloboNews
Quando Cristovão Colombo descobriu a América em 1492, abrindo para os impérios espanhol e português a conquista do novo mundo, seguidos por outros colonizadores europeus, começava uma nova era não só na história da humanidade, mas na própria vida do planeta. A globalização, não só econômica e política, mas principalmente biológica. Uma troca mundial de plantas, animais, germes e doenças que devastou as populações indígenas das Américas. Destruiu culturas e civilizações no hemisfério ocidental e revolucionou a ecologia de todo o planeta. Para dar contas dessa transformação profunda, ainda não contada nos livros de história, o jornalista americano Charles Mann acompanhou o trabalho pioneiro de cientistas de muitas áreas que nos últimos anos trouxeram à tona o passado esquecido dos nossos continentes. Uma das revelações mais fascinantes é a descoberta na Amazônia de vestígio de grandes civilizações ainda desconhecidas. Em dois livros, 1491 e 1493, ele relata o que está sendo descoberto sobre o antes e o depois da chegada de Colombo, uma viagem que começou em casa, no jardim de Charles Mann.

Jorge Pontual — Vamos começar falando de algo que achei muito interessante. Toda sua jornada pela História das Américas começou em um jardim, no seu jardim. Conte como foi.
Charles Mann —
Eu gosto de jardinagem, mas sou um jardineiro ruim, e eu tenho um jardim onde sempre estou tentando plantar alguma coisa. Principalmente tomates. Eu sou fã de tomates. E, de repente, percebi que não havia nada em meu jardim — moro em Massachusetts — originário de um local a menos de 4.500 km de casa. Eu pensei naquela tarefa doméstica que eu faço, que me faz sentir ligado às raízes. Mas, na verdade, é um objeto cosmopolita moderno exótico. É algo totalmente contemporâneo que representa essa quantidade enorme de pessoas pegando essas entidades botânicas e transportando pelo mundo afora. Isso me fez pensar em como isso aconteceu. Como é possível eu cultivar tomates do México, pimentas da América Central, batatas-doces da América do Sul, batatas dos Andes, além de todas as verduras europeias, aqui, no meu jardim em Massachusetts? Eu comecei a me perguntar sobre isso. Há uma história biológica subjacente à história humana e profundamente ligada a ela. Então, meu pequeno jardim é uma pequena parte dessa enorme convulsão ecológica, que é o maior acontecimento da História da vida desde a extinção dos dinossauros.

Jorge Pontual — Mas essa reunificação da Pangeia não foi um encontro de iguais, não é? Porque Alfred Crosby escreveu sobre isso. Levou ao imperialismo.
Charles Mann —
Há ganhadores e perdedores. O segundo livro dele… Os dois livros são maravilhosos, mas o segundo afirma que esse intercâmbio afetou fortemente os dois lados, mas alguns lados tiraram maior proveito do que outros. A Europa tirou proveito disso, mas as populações nativas, em especial, são as perdedoras. A razão disso é que a primeira onda desse intercâmbio foi de criaturas minúsculas, como bactérias e micróbios de todos os tipos. E um grande número de doenças existentes na Europa, Ásia e África não existia nas Américas. O resultado disso foi que, quando Colombo aqui chegou, os passageiros mais importantes eram invisíveis, e eles exalaram essa nuvem de bactérias e vírus nas Américas. O resultado foi que, nos primeiros 150 anos após a chegada de Colombo, algo em torno de 60%, 75% e até 90%, em alguns casos, dos povos nativos das Américas morreram. E essa extinção foi a pior catástrofe demográfica da História da humanidade, não houve nada igual antes ou depois. E isso explica, em grande parte, por que pequenos grupos de europeus, ao final de longas cadeias de fornecimento, na maioria das vezes, com poucos equipamentos, conseguiram sobreviver em ecossistemas totalmente diferente de tudo que eles viram antes.

Jorge Pontual — Essa “extinção”, como você disse, escondeu o fato de haver uma enorme variedade de civilizações com uma História muito rica nas Américas. Nos livros, lemos que os europeus encontraram um enorme continente intocado, cheio de natureza, mas isso não é verdade, não é? Mas por que isso só foi descoberto recentemente? A verdadeira história do que havia antes de Colombo?
Charles Mann —
Há vários motivos diferentes. Parte deles é por causa das grandes batalhas contra os nativos, pois eles usavam armas por mais de uns 200 anos, como os brasileiros sabem muito bem, mas era muito conveniente minimizar o inimigo. É o que sempre acontece. Mas as pessoas sempre tenderam a olhar em volta e imaginar que o que veem é o que sempre existiu. Por exemplo, uma das coisas que fiz em meu livro 1493 foi trabalhar com pessoas da “National Geographic” e entrar em contato com dezenas de arqueólogos, antropólogos, geógrafos, e perguntar a eles como era a Costa Leste dos EUA no século 16, quando Colombo chegou. E havia áreas enormes abertas que os nativos haviam desmatado para a agricultura. E as florestas haviam sido desbastadas, formando áreas abertas, de modo a encorajar a caça. Portanto, os humanos já haviam deixado grandes rastros, e a paisagem fora afetada tremendamente pelas atividades humanas. E, quando essas pessoas morreram, as queimadas e o desmatamento pararam, e a floresta voltou. Assim, quando os europeus chegaram, um século depois, dois séculos depois, e viram essa floresta imensa, com aquela terra intocada que os escritores descrevem, não perceberam que, na verdade, aquilo era algo recente e que, longe de uma terra intocada, o que eles viam era um cemitério. E parte do motivo pelo qual se demorou tanto para descobrir isso é que os arqueólogos e antropólogos precisaram criar ferramentas para ver isso, em especial na Amazônia, onde há pouquíssimas pedras, pouquíssimos metais, e os artefatos produzidos pelas pessoas seriam feitos de cerâmica, de madeira, de tecido, e muito pouco disso pode ser preservado naquelas condições. É úmido demais, quente demais. Então é preciso conseguir fazer coisas como ver as marcas no solo…

Jorge Pontual — É necessário foto de satélite?
Charles Mann —
Isso é muito útil. É preciso uma série de técnicas de tecnologia avançada que não estavam disponíveis até 30, 40 anos atrás. A datação por carbono, que permite saber a data de restos de materiais orgânicos, só surgiram na década de 1950.

Jorge Pontual — Não sei se nossos espectadores já ouviram falar dos geoglifos. Explique para nós o que são. Alguns são imensos e só podem ser vistos por satélite. Quem os construiu e onde estão?
Charles Mann —
É uma ótima pergunta. Nos últimos anos, um grupo de arqueólogos do Brasil, dos Estados Unidos e locais como a Finlândia têm descoberto que, em uma área grande da Amazônia Oriental, que engloba Acre, Rondônia, parte da Bolívia e talvez até mais ao sul, no Mato Grosso, aquele grande território é coberto com centenas e centenas — as estimativas chegam a 2 mil — de desenhos esculpidos na terra. Muitos deles têm centenas de metros de lado. E são tipicamente…

Jorge Pontual — Há quadrados perfeitos.
Charles Mann —
Há quadrados, círculos, figuras geométricas. Eles se assemelham às famosas linhas de Nazca, no Peru. Ninguém sabe ao certo quem os fez. Os primeiros relatórios arqueológicos sérios sobre eles, publicados e disponíveis para todos, só surgiram em 2009. E há uma excelente arqueóloga em Belém, Denise Schaan, que pacientemente tem tentado catalogar tudo com o auxílio de paleontólogo do Acre, Alceu Ranzi. E eles têm descoberto essa enorme civilização que existiu e que criou esses geoglifos, provavelmente para algum ritual, embora não tenhamos certeza, deixando, literalmente, suas marcas na paisagem. O que é fascinante é que é muito difícil entender sua utilidade, pois elas são tão grandes, que não é possível percebê-las, a menos que as veja do alto. Mas uma coisa que sabemos é que não faz sentido imaginar esse tipo de coisa no meio de uma floresta. Eles não poderiam ser vistos. Portanto, com certeza, toda essa área foi desmatada, e essa área enorme, grande parte da qual hoje é uma floresta, naquela época, era uma savana. Um arqueólogo chamado Clark Erickson demonstrou como ainda há estruturas remanescentes lá que mostram como as pessoas, nas savanas, que são alagadas temporariamente, construíam essas estruturas elaboradas para pegar peixes e plantavam em áreas elevadas, causando essa enorme transformação na paisagem em uma paisagem simbólica altamente produtiva que era tudo, menos a terra intocada que nós imaginávamos. E isso é importante porque os solos da Amazônia, como aqueles da maior parte das florestas tropicais, é muito pobre, impossibilitando o cultivo, mas eles transformaram grandes trechos do terreno, para torna-lo um solo altamente produtivo, que faz dele, ainda hoje, uma das áreas mais produtivas da Amazônia. E há um estudo publicado recentemente que mostra que as áreas com maior biodiversidade na Amazônia, alvos de programas de conservação, em muitos casos, são as áreas que sofreram mais impacto humano, onde as pessoas mudaram drasticamente a paisagem, mas de maneira que, mais tarde, desenvolveram a biodiversidade. E isso é algo que… Acho que isso permite entender como essas pessoas, que viveram nesses ambientes por milhares de anos, aprenderam a trabalhá-lo de uma maneira produtiva.

Jorge Pontual — Que bom. Voltando à jardinagem, em vez de ser uma terra intocada, uma selva, a Amazônia era um jardim.
Charles Mann —
Um jardim, exato. E, quando você costeia o Rio Amazonas e vê essa floresta incrível ao redor, talvez uma maneira de pensar nela é uma grande plantação que os donos foram obrigados a abandonar algumas centenas de anos atrás. E um dos motivos pelos quais, ao entrar na floresta, encontrarmos todas aquelas frutas maravilhosas, palmeiras, castanhas, etc., é porque as pessoas as plantaram. E há pesquisadores do INPA, em Manaus, que… Quando as pessoas plantam algo, sempre pegam a mais produtiva. Se você tem uma árvore que é mais produtiva do que as outras, quando for plantar, você planta essa árvore. E é possível ver esse padrão nessas árvores cultivadas na Amazônia há 160 anos. Muitas árvores são originárias da Amazônia Ocidental, e é possível ver esse padrão, indo do oeste para o leste, aproximando-se da desembocadura do rio, onde as árvores úteis são cada vez mais abundantes. Isso é um sinal da presença humana, que agora, gradualmente, conseguimos observar. E os estudos genéticos que irão confirmar isso estão começando. É uma área muito interessante. Para um jornalista científico, como eu, é muito divertido saber essas coisas, pois as pessoas estão descobrindo essas coisas incríveis todo dia e trazendo à vida essa paisagem. Não essa natureza intocada, mas essas extraordinárias criações humanas, em que as pessoas trabalharam com a natureza para criar algo que é incrível, na minha opinião.

Jorge Pontual — É uma grande tragédia que tudo isso tenha sido destruído, perdido.
Charles Mann —
É. E foi uma tragédia todas essas pessoas terem morrido. Não era o que pretendiam ou que queriam os europeus, ou que eles até entendessem, mas isso não é desculpa para o que fizeram depois, pois eles cometeram atrocidades terríveis. Mas a maior parte dessa catástrofe ocorreu fora da vista deles. Como essas doenças não existiam nas Américas… Na verdade, doenças epidêmicas, como um todo, não existiam. Esse tipo de doenças que é passada por uma tosse não existia. Então, os povos das Américas não conheciam essas doenças. Consequentemente, quando chegou a varíola, alguém do povoado adoeceu, e todos foram confortar essa pessoa. Eles não conheciam a quarentena — claro que não —, então todos adoeciam, o povoado todo adoecia, e eles não conheciam os germes, não pensavam: “Este é um vírus novo.” Eles pensavam: “Está acontecendo algo horrível aqui, precisamos ir embora.” Então eles iam para o povoado vizinho, a cidade vizinha e levavam a doença com eles, e o mesmo acontecia. As doenças se espalharam como um dominó pelo continente, despovoando áreas que nunca tiveram contato com os europeus. Assim, um século depois, quando os primeiro europeus chegaram a essas áreas, viram que não havia ninguém e pensaram que a área nunca tinha sido habitada. Há esses registros extraordinários, na América do Norte e na do Sul, de pessoas que chegam a áreas devastadas por epidemias. Eu fui criado em uma cidade pequena na costa noroeste do Pacífico, perto da fronteira com o Canadá, e os primeiros europeus a deixar registros disso chegaram no século 18, com uma expedição náutica comandada pelo capitão Vancouver. Mas eles chegaram 15 anos após uma terrível epidemia de varíola que varreu as tribos de lá. E eles encontraram corpos por toda parte. Esse tipo de relatos dos efeitos catastróficos das doenças e de europeus chegando depois das doenças é extraordinariamente comum nos arquivos.

Jorge Pontual — Eu achei interessante que a famosa Pequena Era do Gelo, nos séculos 16, 17 — por volta daquela época, não? —, na verdade, provavelmente foi causada pelos humanos, pelo intercâmbio colombiano. Então as mudanças climáticas não são algo novo, não é?
Charles Mann —
Não, não são algo novo, e isso é algo impressionante… Eu devo dizer que isso é algo mais teórico, há muitos fundamentos, mas não é um fato comprovado. Mas a ideia, de certo modo, é bem simples. Havia dezenas de milhões de pessoas na Américas obviamente fazendo coisas, e uma das coisas que elas faziam era desmatar grandes áreas…

Jorge Pontual — Com queimadas.
Charles Mann —
…geralmente, com queimadas, para abrir espaço para a agricultura. E isso vale para a América do Sul no meio da Amazônia, como para a América do Norte.

Jorge Pontual — Eles aqueceram a atmosfera.
Charles Mann —
Isso. Aqueceram a atmosfera. E isso se deu de duas maneiras: desmatando essa área e queimando, mas também evitando que as plantas voltassem a crescer ali. Ambas as coisas pararam de acontecer bem rápido no início do século 16, não só porque pararam de enviar dióxido de carbono para a atmosfera, mas, como não havia mais pessoas para limpar a terra, a árvores voltaram, tirando grande parte do dióxido de carbono da atmosfera, e há várias comprovações disso, como bolhas de gás do gelo ártico e esse tipo de coisa. Há também sedimentos no fundo de lagos. Há várias maneiras de registrar quanto carbono havia na atmosfera 500 anos atrás, e também uma boa queda que começou por volta de 1550 e continuou até o final do século 18. E essa também foi a época da famosa Pequena Era do Gelo, que foi uma onda glacial de cerca de 50 anos, com terríveis tempestades de neve, geleiras descendo os Alpes e todo esse tipo de coisa. Na verdade, foi quando surgiu um novo gênero de pintura flamenga, retratando crianças patinando nos canais. Se você já esteve na Holanda, sabe que, hoje em dia, não há crianças patinando nos canais. Eu tenho um quadro — não original, claro, uma cópia — de Pieter Bruegel, um famoso pintor flamengo, mostrando as crianças patinando nos canais. Eu li a biografia de Bruegel, e fiquei pasmo de saber que esse quadro mostrando toda aquela neve, na verdade, foi pintado no final de abril, começo de maio. Faz muito tempo que a Holanda não vê 1 metro de neve e gelo em maio.

Jorge Pontual — Então a globalização começou com Colombo, certo? Esse intercâmbio colombiano é um fenômeno biológico.
Charles Mann —
É biológico, mas também ecológico e econômico. Nós pensamos na globalização como uma troca de bens, mas há esses passageiros escondidos no caminho. E tudo começou com Colombo, que uniu essas duas partes do mundo. Ele tinha motivações econômicas: queria chegar à China para fazer comércio e ganhar dinheiro, e isso aconteceu, mas ele trouxe várias outras criaturas com ele, sem saber, além daquelas que voltaram à Europa. A Europa é um lugar onde quase não há alimentos para todos, e realmente só se ergueu quando a batata, originária dos Andes, chegou ao norte da Europa, e o milho, originário do México e da América Central, chegou ao sul da Europa. E o mesmo aconteceu quando a mandioca foi para a África. Houve uma mudança enorme naqueles lugares.

Jorge Pontual — A China também foi afetada.
Charles Mann —
Foi. Então, depois disso, os espanhóis tentaram chegar à China e estabeleceram uma colônia espanhola nas Filipinas, em Manila, e foi aí que surgiu esse comércio contínuo. Aí, o mundo se tornou interligado nesse ciclo contínuo de comércio, no qual a prata, descoberta nas grandes minas de Potosí, atravessava o Pacífico para chegar a Manila e ser trocada por seda, porcelanas, escravos e especiarias, que iam para o México, e para o Peru, e então eram mandados à Europa, onde eram trocados por armas e cavalos, usados para comprar os escravos que vinham para as Américas, para o Brasil para trabalhar a plantação, para a Bolívia, para extrair prata… Então havia essa interligação entre todas as partes do mundo. E, com os navios, vinham esses “passageiros”. A China, que também não conseguia alimentar sua população viu chegarem a batata-doce, o milho e a batata. E o resultado foi uma enorme explosão populacional na China, que levou a uma expansão para o Ocidente, para áreas onde eles antes não conseguiram cultivar, com vários danos ecológicos em decorrência disso. E tudo isso começou com Colombo e a reunificação do mundo.

Jorge Pontual — Agora estamos vivendo essa nova onda de globalização, que elevou a outro patamar países como Brasil, China e Índia, mas que também é muito destrutiva para as culturas locais. Que lições dessa História que foi desvelada podem ser úteis ao lidarmos com essa nova onda de globalização?
Charles Mann —
Eu acho que estamos saindo do campo dos fatos para entrar no campo das opiniões. Espero que você não me leve muito a sério, como dizemos. Mas uma das coisas que impressionam é que a globalização certamente tem ganhadores e perdedores, mas, no geral, ela aumenta a renda das pessoas. O mundo está mais rico por causa da globalização, mas ela tem sido imensamente destrutiva do ponto de vista cultural. Então temos um benefício econômico, mas com devastação cultural. Ainda que nossa renda esteja aumentando, línguas estão desaparecendo, e, com elas, modos de vida ou literaturas, que estão desparecendo. Portanto, me parece que uma das coisas que podemos fazer, pelo menos, é ter consciência dessa enorme perda cultural. A maioria das sociedades não tem feito nada para tentar evitar isso, e, mesmo quando pequenos esforços são feitos, como na França, onde as pessoas são encorajadas a fazer filmes franceses e tal, isso é tão devastador para a economia mundial que esse tipo de protecionismo cultural deixa de ser uma boa ideia. E eu não me surpreenderia se, no futuro, o Brasil tomasse medidas para tentar salvaguardar… Uma das coisas maravilhosas do Brasil são essas extraordinárias diferentes culturas regionais, com diferentes tipos de música. Para um estrangeiro que viaja pelo país, é um prazer ir a lojas de discos e ouvir o ambiente musical, que é totalmente diferente de uma parte do Brasil para outra, e seria uma pena se esse reflexo do processo histórico local acabasse desaparecendo. Eu acho que o Brasil, que começou a proteger sua cultura, não deveria desistir disso.

Jorge Pontual — Muito obrigado.

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