Livros doados

Biblioteca do STJ tem acervo do jurista Caio Mário

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12 de maio de 2012, 9h19

A biblioteca do Superior Tribunal de Justiça agora tem o acervo completo do jurista Caio Mário da Silva Pereira. “Um livro fechado é um coração que chora. Que os livros do professor Caio Mário estejam sempre abertos aqui na biblioteca do Superior Tribunal de Justiça. Esse é o meu desejo”, afirmou Ari Pargendler, presidente do Tribunal da Cidadania, na cerimônia de inauguração da coleção particular do jurista. A decisão de liberar os livros para maior biblioteca do país foi da família do renomado advogado.

Desde 2004, quando o jurista morreu, aos 90 anos, a família procurava honrar o pedido feito pelo próprio professor Caio Mário: doar a biblioteca pessoal para alguma instituição na qual ela fosse preservada e utilizada pelas futuras gerações. Após extensa pesquisa, os herdeiros decidiram doar todo o acervo à biblioteca do STJ, que, nas palavras do neto do advogado, Leonardo da Silva Pereira, abriga as melhores condições de manutenção e exposição para “os amados livros desse ledor impenitente por toda a vida.”

Em 2010, os termos de doação foram oficializados e, de lá para cá, todas as obras, que estavam guardadas em caixas de papelão, passaram por rigoroso processo de higienização. Os livros foram aspirados, restaurados, limpos e indexados para posterior disposição nas estantes da biblioteca. As obras raras e delicadas, no entanto, ficarão acondicionadas em uma sala especial, com acesso restrito.

A Biblioteca Ministro Oscar Saraiva contava, antes da doação da família de Caio Mário, contava com cerca de 170 mil obras jurídicas. Agora serão mais 4 mil livros, alguns deles bastante raros – dos séculos XVII e XVIII –, além de revistas e artigos deste grande autor mineiro, conhecido nacional e internacionalmente pelos estudos do Direito Civil. Sua obra mais conhecida, “Instituições do Direito Civil”, é um clássico dos manuais sobre o tema.

A cerimônia de entrega do acervo à população, que ocorreu na manhã de sexta-feira (11/5), na nova casa dos livros do professor Caio Mário, contou com a presença de vários ministros ativos e aposentados do STJ e do Supremo Tribunal Federal, além dos desembargadores convocados para o Tribunal: Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes Maia Filho, Og Fernandes, Antonio Carlos Ferreira, Marco Aurélio Buzzi, Fernando Gonçalves, Paulo Távora, Cláudio Santos, Castro Filho, Vasco Della Giustina, Adilson Macabu, e Celso Limongi. O evento também trouxe ao STJ o advogado-geral da União, Luís Inácio Lucena Adams, e a responsável pela tradicional Editora Forense, Regina Bilac Pinto.

A solenidade foi acompanhada ainda pelos três filhos do professor, alguns netos e bisnetos. Caio Mário foi casado por mais de 60 anos com a prima Marina e teve quatro filhos, 13 netos e oito bisnetos. Na oportunidade, o presidente do STJ ofereceu uma placa em homenagem à família Silva Pereira, pelo nobre gesto de doação.

Tesouro
“As minhas palavras são de agradecimento à família de Caio Mário. Esse ato generoso é uma contribuição para o futuro do país. As novas gerações de operadores do direito têm um tesouro ao alcance da consulta pública”, enfatizou Pargendler. 

O ministro Carlos Mário Velloso, ex-presidente do STF, convidado pelo ministro Ari Pargendler para falar aos presentes sobre a convivência com Caio Mário – professor das Universidades Federais de Minas Gerais e do Rio de Janeiro –, comoveu a plateia com histórias do tempo em que foi aluno do civilista. “Caio Mário foi um notável mestre. Que didática magnífica. Apreendíamos aquelas lições e não esquecíamos mais. Caio Mário era um exímio e sábio conversador. Depois da aula, saíamos conversando. Era um homem que gostava de vinhos finos e tinha paixão pela liberdade”, disse Velloso.

Ao final da cerimônia, um dos netos de Caio Mário, o também advogado Leonardo, agradeceu em nome da família pelo “belíssimo” trabalho de restauração e disposição dos livros do avô. Tânia, filha do jurista, ajudada por Ari Pargendler, fez o desenlace da fita que abriu simbolicamente o universo particular do professor Caio Mário ao conhecimento de todos os brasileiros. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.

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