Nova versão

Duda Mendonça diz não ser único que recebeu de Valério

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14 de julho de 2012, 17h11

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza pode ter feito outras remessas para o exterior além dos recursos depositados na conta de uma offshore criada pelo publicitário nas Bahamas. Quem afirma é a defesa de Duda Mendonça, nas alegações finais entregues aos ministros do Supremo Tribunal Federal, como noticia reportagem publicada neste sábado (14/7), no jornal O Estado de S. Paulo. O texto é assinado pelos jornalistas Eduardo Kattahe e Fausto Macedo.

A reportagem conta que em agosto de 2005, no auge do escândalo do mensalão, durante depoimento à CPI dos Correios, Duda Mendonça afirmou aos parlamentares que, do pacote de R$ 25 milhões fechado com o PT para a campanha de 2002, cerca de R$ 10, 5 milhões foram depositados no ano seguinte na conta da Dusseldorf Company, vinculada ao BankBoston, em Miami.

A defesa do publicitário contesta a versão da Procuradoria-Geral da República. No documento de 16 páginas, os advogados Tales Castelo Branco e Frederico Crissiúma dizem ser falacioso o argumento de que Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes foram os únicos que receberam valores no exterior e que, por essa razão, mentiram ao afirmar que agiram assim por determinação de Marcos Valério.

Duda e Zilmar respondem pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. No memorial encaminhado ao STF, a defesa sustenta que os acusados desconheciam a origem ilícita dos recursos depositados na conta Dusseldorf e que eles estavam dispensados de apresentar declaração de depósitos no exterior conforme regra do Banco Central.

Duda diz que, para ele, sempre pareceu que os valores recebidos por seu lícito trabalho eram oriundos, na pior das hipóteses, de infração prevista na legislação eleitoral: um caixa dois mantido no Brasil e no exterior.

O documento foi apresentado em abril. Depois disso, os advogados deixaram a representação do réu. De acordo com eles, as operações só vieram à tona em virtude da confissão dos acusados. O advogado Luciano Feldens, novo representante de Duda Mendonça, não foi localizado.

Na CPI, em depoimento, Duda Mendonça disse que os recursos foram depositados em uma conta aberta por sua agência no exterior, por determinação de Valério. Este último rebateu. Disse que o próprio Duda quem exigiu que os recursos fossem depositados na conta que ele já possuía no exterior.

Os advogados afirmam também que a relação dos acusados com o Partido dos Trabalhadores já vinha desde 2001 e todos os pagamentos sempre foram autorizados e aprovados por Delúbio Soares, diretor tesoureiro do partido.

É o criminalista Marcelo Leonardo que defende Valério. Ele diz que não há nenhum outro caso em que o pagamento tenha sido feito no exterior a não ser o de Duda e lembra que de todas as pessoas da lista de pagamentos feitos pelo Marcos Valério, atendendo ao pedido do Delúbio Soares para o PT e partidos da base aliada, o único pagamento no exterior foi o do Duda. Pare ele, a versão não se sustenta documentalmente.

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