Livro Aberto

Os livros que marcaram a vida de Patrícia Vanzolini

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12 de janeiro de 2012, 12h25

Spacca
Caricatura Patricia Vanzolini [Spacca]Diga-me o que lês que te direi quem és. Coincidência ou não, o universo policialesco sempre despertou o fascínio da advogada criminalista, professora e diretora acadêmica da Faculdade de Direito do Complexo Educacional Damásio de Jesus, Patrícia Vanzolini. De estatura pequena, rosto de menina e fala rápida e assertiva, ela contou à ConJur sobre sua relação com a literatura.


Primeiras leituras
Desde pequena Patrícia cultivara o hábito de ler, mas foi aos 10 anos, quando chegou em suas mãos o livro O Caso dos Dez Negrinhos, de Agatha Cristie, que ela percebeu que havia sido capturada por este gênero literário. "Fiquei alucinada, sem dormir uns dias de medo, mas depois disso me viciei em literatura policial, acho que talvez isso tenha influenciado de alguma forma o fato de eu ter me encaminhado para a área criminal. Leio até hoje Agatha Cristie. Melhor que novela", revela a docente.

Durante a adolescência, os livros policiais deram lugar

Reprodução
Poesia Completa de Alberto Caeiro - Fernando Pessoa [Reprodução]à liberdade dos versos, rimas e sentimentos à flor da pele. O interesse de Patrícia se voltou à poesia. Mestres como Fernando Pessoa, Cecília Meirelles, Florbela Espanca e João Cabral de Mello Neto permeavam suas estantes. "A poesia fala muito ao adolescente, pois transmite de forma emotiva, intuitiva. Eu lia também Baudelaire. Até hoje eu gosto de poesia, mas foi um momento marcante dessa fase."

Mas nem só de poesias foi feita a adolescência da professora, que também dedicou seu tempo ao russo Dostoiéviski, com Irmãos Karamasov, e ao alemão Thomas Mann, em A Montanha Mágica.

Graças a um curso de teatro, a criminalista enveredou para o mundo teatral. "Como fiz curso de teatro, li de Shakespeare a Ariano Suassuna, passando por Brecht. Quando você tem a experiência do palco, é mais fácil imaginar toda a situação, o cenário, etc."


Livro Jurídicos

Divulgação
Comentários ao Código Penal - Nelson Hungria [Divulgação]Quando o assunto são livros jurídicos, o primeiro autor que vem à mente de Patrícia é Nelson Hungria, em sua opinião, fascinante. "Ao lê-lo você vê que ele foi o pai mesmo. Sem falar no fôlego que tinha, escreveu em uma época que não havia Google, nem computador, escreveu à mão e é uma obra de uma pesquisa exauriente, uma revelação. Hungria é pura literatura, é saboroso, ele escreve muito bem. Considero Hungria um Machado de Assis do Direito. Sabe quando você percebe que cada frase foi burilada, nada está ali por acaso", delicia-se a advogada.


Policial Contemporâneo

O Homem que Odiava as Mulheres Atualmente a professora tem flertado com livros policialescos suecos, os da trilolgia Millennium, escrita por Stieg Larsson, são eles: O Homem que Não Amava as Mulheres, A Menina que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo do Ar. O tema da violência sexual contra as mulheres nos seus livros se deve ao fato de que Larsson, enojado, testemunhou o estupro coletivo de uma jovem quando ele tinha 15 anos. O autor nunca se perdoou por não ajudar a garota, cujo nome era Lisbeth — como a jovem heroína de seus livros.


DescasosLi e recomendo
Patrícia recomenda a leitura do livro Descasos, escrito por Alexandra Szafir. A obra fala da experiência da advogada, também criminal, na advocacia pro bono. "É um livro que mostra a visão do preso, do réu, do condenado, numa perspectiva realista e humana, onde está a beleza do advogado criminalista. O advogado criminalista é uma pessoa complicada na sociedade, ele é frequentemente misturado ao criminoso, pois ele o defende. O livro mostra a beleza de defender alguém que está sendo processado indevidamente, ou até devidamente, mas que tem direito a defesa e não merece um tratamento humilhante", explica a professora.

Em um dos trechos, a autora descreve o projeto desenvolvido dentro de uma penitenciária feminina, cujo encerrameto foi com um show do Alexandre Pires. Foi pedido que ninguém relacionado com o show usasse roupa amarela, pois as presas usavam roupas amarelas, mas o staff do cantor fez questão de ir todo de amarelo. Para mostrar que todas as pessoas são iguais, então foi um momento muito bonito. "Ela conta episódios da vida real emocionante", finaliza Patrícia.

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