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Os livros que marcaram a vida do advogado Luiz Kignel

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16 de fevereiro de 2012, 14h51

Luiz Kignel [Spacca]Spacca" data-GUID="luiz_kignel.jpeg">O advogado especialista em sucessões familiares, Luiz Kignel, se diz amante das letras desde criança. Hoje, aos 47 anos, já escreveu algumas obras onde o jurisdiquês deu lugar a uma linguagem informal, a exemplo de seu último lançamento E Deus Criou a Empresa Familiar, recheado de parábolas religiosas.

A última aventura de Kignel extrapolou o universo jurídico. A Morte Tudo Resolve — que será lançado no dia 20 de março no shopping pátio Higienópolis, em São Paulo — é um thriller policial, em que o Dr. Thomas, um esforçado advogado em começo de carreira, protagoniza uma trama em torno de um testamento cerrado.

O sócio do PLKC Advogados teve o seu primeiro contato com a leitura dentro dos balões de quadrinhos, acompanhados de desenhos da Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão e todo o resto da turma. Os gibis reinavam na casa de Kignel, que preferia os brasileiros aos da Marvel, com seus super-heróis norte-americanos.

Ainda na infância chamou sua atenção o clássico O Menino do Dedo Verde, cujo toque do polegar era suficiente para que nascessem plantas. "Outro livro que eu gostei, que chamam de livro de miss, pois toda miss cita durante o concurso, foi O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry", conta o entrevistado.

Um gênero de leitura que o agrada muito são as crônicas, pelo dinamismo. Ele se diz aficionado por Luis Fernando Veríssimo, e recomenda As mentiras que os Homens Contam e Comédias para se ler na escola.

Quando o assunto sai da ficção, a dica do advogado é História das Guerras, de Demétrio Magnoli. O livro relata as pelejas desde Gêngis Khan até a 2ª Guerra Mundial. Suas estratégias de dominação e razões políticas.

Depois vieram os livros de advogados, como A Firma, de John Grisham, que virou filme em 1993, bem como O Dossiê Pelicano. O último autor a conquistar a sua estante foi o sueco Stieg Larsson, autor da Trilogia Milenium (Os Homens que não amavam as mulheres, A menina que brincava com fogo e A Rainha do Castelo do Ar). Mas o melhor de todos, para o advogado, ainda é o best seller mundial, O Físico, de Noah Gordon.

Fora da Gaveta
O romance que Kignel irá lançar ficou cerca de um ano na gaveta, até que um dia a editora Alameda, conhecida por publicar livros jurídicos, gostou do que leu e resolveu investir no lado escritor do advogado e  encomendou logo uma série.

Processo Criativo
Kignel explica que a linguagem jurídica engessa a criatividade, são muitas normas técnicas a seguir, o que dificulta a fluidez do texto. O exercício literário permitiu ao autor explorar outras facetas do seu poder de escrita.

O advogado conta que durante o tempo em que escreveu o livro, cerca de um ano, mal conseguia ler outros livros, tamanho envolvimento com Thomas e a atmosfera do romance. Muitas vezes saia do escritório e mergulhava imediatamente nas linhas do livro. O que o impedia de varar a noite escrevendo era a realidade a bater em sua porta com o lembrete de que no dia seguinte era esperado no escritório para mais um dia de labuta.

Quatro, cinco horas em frente à tela resultam em poucas páginas, segundo relata. O processo de Kignel não é verborrágico, mas sim lento e cerebral. Como num jogo de xadrez, por tratar-se de um thriller, a amarração das histórias exigiu um cuidado todo especial, nada podia estar à toa. 

Durante a elaboração da obra, os personagens vão criando vida própria e o roteiro começa a tomar forma. O final do livro, a conclusão do mistério, evolui junto e conforme o romance, não é premeditada, revela e autor. A medida que os fatos vão tomando cor e forma, outras narrativas começam, conta. 

A Morte Tudo Resolve usa como pano de fundo aspectos da religião judaica, aproximando o leitor da cultura hebraica. Outra curiosidade contada pelo autor é que outro personagem da trama entende tudo sobre vinhos, o que o obrigou a pesquisar o assunto.

Se o Direito e as tramas da vida real, vistas diariamente em seu escritório, contribuíram para o livro? Com certeza. É a arte imitando a vida, ou seria o contrário?

Apesar do romance ainda não ter sido lançado, Kignel já começou o segundo livro da saga do advogado Thomas. A Morte Toca Violino. E adianta: "Nesse estou ainda mais ousado."

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