Pé na estrada

Chiavassa começa disputa pela presidência da OAB-SP

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6 de fevereiro de 2012, 18h19

As gráficas já estão rodando panfletos para a eleição da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil que acontecerá em novembro. Na tarde desta segunda-feira (6/2) a advogada Rosana Chiavassa, pré-candidata à presidência da entidade, fez corpo a corpo com colegas na porta de fóruns na zona Leste de São Paulo, distribuindo panfletos com um "manifesto" que assina. "Isso é para afirmar que eu estou na cabeça da chapa e ouvir o que os advogados têm a dizer", diz Rosana.

Às 13h, enquanto os termômetros da capital paulista mediam 33º C, Rosana e outros cinco apoiadores de sua candidatura esquentavam a disputa pela direção da Ordem para os próximos três anos, parando advogados na porta do fórum de São Miguel Paulista para apresentar a candidata e entregar panfletos. Enquanto alguns alegavam pressa para não conversar, outros reconheciam a advogada de outras campanhas (ela concorre desde 2002), principalmente da última, em que foi vice-presidente na chapa do advogado Raimundo Hermes Barbosa.

Rosana Chiavassa cumprimentava efusivamente aqueles que a reconheciam e, complementava enquanto entregava o papel com suas propostas, "olha, agora estou como cabeça". Quando alguém criticava a atual gestão da OAB-SP, aproveitava para reiterar que a entidade está "distante das bases".

Para ela, os outros candidatos, inclusive de situação, só vão chegar aos fóruns da zona Leste no fim do processo eleitoral. "Muitos preferem discutir política de portas fechadas, longe de 90% dos advogados, que não estão nos grandes escritórios", alfineta. Segundo a advogada, a campanha deve ter foco no interior e não no centro, que tem eleitorado muito dissolvido. As visitas aos fóruns não foram avisadas às subseções locais da OAB-SP, pois estas estariam alinhadas à chapa da situação e seria melhor "ir atrás do advogado na rua".

O advogado Francisco de Assis entrava no fórum de Itaquera quando foi abordado pela candidata. Ele afirma que a movimentação na porta do local é comum em ano de eleição, mas está começando mais cedo do que esperava, uma vez que o pleito será realizado apenas em novembro. "Já recebi informação por e-mails de colegas, mas ainda não parei para analisar as possibilidades porque acho muito cedo para isso. Eu não votei na atual gestão e não me interesso por manter a [chapa de] situação", diz.

Opinião diferente do advogado Roberto Borgiani, que também carregava um panfleto de Rosana Chiavassa quando passava pelo detector de metais da entrada do fórum, onde advoga há 21 anos. "Não lembro em quem votei, mas todas as vezes que precisei da atual gestão, recebi apoio. Estou com duas representações na Ordem, porque, aqui na zona Leste, não dá para agradar todo mundo, e eles têm me auxiliado."

Para a candidta que buscava apoio no local, o auxílio prestado aos advogados é mínimo. O principal ponto atacado pela advogada neste primeiro momento da campanha é o desprestígio do profissional frente à sociedade. "Precisamos reerguer a figura do advogado, que enfrenta leis que minam a profissão desde 1995, é sempre mostrado como vilão, como bandido, e a OAB nada faz."

Apoio garantido
Apontada por alguns como "candidata de si mesma", Rosana Chiavassa irrita-se quando questionada sobre uma possível falta de apoiadores. "Sou candidata de um grupo, que tem o apoio de Fábio Konder Comparato", explica, enquanto arma um contra-ataque: "Se eu tenho pouco apoio, por que, então, os outros candidatos ficam me pedindo para ser vice-presidente na chapa deles?" Dar início à panfletagem, diz ela, serve também para evitar esse tipo de fofoca.

A possível presença da advogada Sônia Mascaro em outra chapa para concorrer à presidência da OAB-SP é vista com otimismo por Chiavassa, que levanta a bandeira da questão de gênero na disputa pelo cargo. "Temos poucas mulheres ativas politicamente, pois a mulher tem menos tempo para se envolver, uma vez que cuida, além da profissão, da casa e da família", diz a advogada, que já teve de levar seus filhos para a sala de audiência quando estes eram crianças.

Além das bandeiras de prerrogativas e de questão de gênero, a advogada aproveitou para falar sobre a atuação política da OAB no julgamento que definiu a atuação do Conselho Nacional de Justiça. "Antigamente, uma mobilização da OAB parava uma cidade, hoje em dia vão pouquíssimos. A Ordem sequer entrou como amicus curiae na ação que decidiu sobre os poderes do CNJ. Era o mínimo que tinha de fazer", reclama.

A advogada Rosana Chiavassa tem militância principalmente em Direitos Humanos e direitos da mulher. Formou-se em 1984 pela faculdade de Direito da USP. Em 1986 passou a trabalhar na área criminal com o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira. Quando ele foi eleito presidente da OAB em 1987, Rosana passou por todas as Comissões da OAB de São Paulo. Em 1991, montou o primeiro escritório do estado de São Paulo de advogadas associadas. Em 2000, foi uma das coordenadoras da campanha que levou Rubens Approbato Machado à presidência da Ordem.

Além de Rosana Chiavassa e de Sônia Mascaro, também já foram declarados pré-candidatos os advogados Alberto Zacharias Toron, Ricardo Sayeg, Roberto Podval e o atual vice-presidente Marcos da Costa.

Toron anunciou sua candidatura, no fim de novembro, em evento que reuniu nomes conhecidos da advocacia paulista, como Márcio Thomaz Bastos e Mario Sergio Duarte Garcia.

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