Sociedades S.A.

Controle financeiro deve ser cada vez mais rigoroso

Autor

  • Simone Viana Salomão

    é consultora coordenadora e professora nos cursos de Administração de Contencioso de Massa Administração Legal para Advogados Direito Digital Comunicação Estratégica para Advogados e Planejamento de Carreira da GVlaw da EDESP-FGV/SP coordenadora do comitê de finanças do CEAE. Gerente da TOTVS Consulting.

14 de dezembro de 2012, 7h00

Spacca
As sociedades de advogados, atualmente, ao menos uma boa parte delas, atentaram-se o quão importante é a preservação da saúde financeira da banca. Projetar e planejar financeiramente o futuro do escritório.

Sim, a vontade de perenizar seu negócio é valiosa, exige uma visão de longo prazo, de criação e fortalecimento de um nome, de um conjunto de sócios, colaboradores, além de uma série de medidas, atitudes, procedimentos, posicionamento, desenvolvimento humano, aprimoramento contínuo e excelente programação financeira e dos investimentos.

Vamos pensar um pouquinho: se hoje os sócios resolvessem parar de advogar, principalmente os de contencioso, com isso não teriam mais nenhuma entrada de honorários, apenas os êxitos e possíveis sucumbências. Quanto ainda teriam de trabalho a realizar? Quanto tempo e dedicação de equipe precisariam para dar vazão ao trabalho já contratado e efetivamente pago? De onde viria o dinheiro para manter a estrutura, pagar os salários, incentivar colaboradores durante o processo de finalização do serviço em estoque?

O movimento comum é de receber o valor do serviço contratado nos primeiros anos do trabalho, às vezes por fases, procedimentos ou atos e em alguns casos com êxito ao final. Ao receber este dinheiro os sócios já apuram o resultado do período e distribuem este valor que ainda tem muito a ser feito, ou seja, não é feito uma distribuição ou reserva gradual, pensando na duração do processo todo.

As bancas que distribuem lucros aos colaboradores remuneram uma equipe que não realizará o trabalho pesado envolvido neste caso, ou muitas vezes ao contrário, os colaboradores que recebem o êxito ou a bolada não estiveram envolvidos no processo, apenas na fase final.

O ponto principal é que o valor recebido não é escalonado para criar uma reserva sustentável e mesmo a distribuição dele é feita de forma descasada da duração do serviço. Isto causa um impacto a longo prazo prejudicial à sociedade.

É fato que um controle estruturado deste exige ferramental e equipe preparada para fazê-lo corretamente; estudar o estoque de serviço, dimensionar o custo atual e projetá-lo ao longo dos anos e para cada novo caso/projeto considerar sua duração e intercorrências, realmente é um trabalho valioso.

Como sempre discutimos as boas práticas nesta coluna, a sugestão válida é que cada vez os controles financeiros sejam mais rigorosos, um fluxo de caixa estruturado e bem avaliado; sim dimensiona-lo é fundamental. Um plano de contas que possibilite análise das principais receitas e despesas e tentar mensurar o valor de cada trabalho.

Vamos a um exemplo simples: um caso de JEC, o qual sua duração deverá ser de aproximadamente em torno de 14 meses, quantos colaboradores da equipe este processo exigirá? Quantas diligências serão necessárias? Cópias, audiências e outros custos envolvidos? Se projetarmos estes dados como despesas descobriremos o quanto custa o processo, mas temos que nos lembrar das despesas de nossa estrutura; suporte administrativo, aluguel, secretárias, financeiro, limpeza entre outros que são parte de nossos gastos para o bom desenvolvimento do trabalho.

É uma boa prática projetarmos caso a caso, carteira a carteira, grupo de clientes e como mais desejarmos visualizar a saúde financeira da banca, porém como dito acima, exige tempo, dedicação e equipe especializada. Uma maneira simplificada, até construirmos estas informaçães, é a criação de dois fundos;

(i)           Fundo de capital de giro: com valor sugerido mínimo de seis meses dos gastos do escritório, esse poderá ser movimentado em casos de grande inadimplência, baixo rendimento, entre outras necessidades de caixa desde que aprovada sua utlização pelo grupo de tomada de decisões (conselhos, comitês, etc).

(ii)         Fundo de sustentabilidade: este de composição permanente geralmente se retém de 2% a 5% do lucro apurado do período. Deve se suspender sua alimentação ou recorrer a esta reserva em casos de necessidades extremas.

É um pequeno passo, mas de grande valia para o futuro de sua sociedade.

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    é consultora, coordenadora e professora nos cursos de Administração de Contencioso de Massa, Administração Legal para Advogados, Direito Digital, Comunicação Estratégica para Advogados e Planejamento de Carreira da GVlaw da EDESP-FGV/SP, coordenadora do comitê de finanças do CEAE. Gerente da TOTVS Consulting.

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