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Conheça os livros da vida do advogado Paulo Sergio João

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22 de agosto de 2012, 7h48

Spacca
Na década de 70, o advogado trabalhista Paulo Sergio João exerceu uma atividade um tanto inusitada, mas não de todo estranha aos profissionais do Direito: tradutor. O serviço era prestado para a antiga editora Mestre Jou e consistia em verter para o português verbetes de uma enciclopédia espanhola.

Pouco depois, viajou a estudos para a Europa, continuou por um breve tempo o trabalho de tradutor, mas a enciclopédia não vingou. “Acho que a evolução da tecnologia chegou mais rápido”, analisa.

Professor da PUC desde 1978, João fundou seu próprio escritório há cerca dois anos, quando deixou o Matos Filho Advogados. O antigo escritório passou por uma das cisões mais comentadas dos últimos anos, e Paulo Sergio decidiu partir para voo solo. Apaixonado pela literatura de língua espanhola, tem entre seus autores preferidos Miguel de Cervantes e especialmente Pablo Neruda. “Gosto do jeito dele de se relacionar com a vida e suas paixões”, comenta.

O interesse pelo poeta chileno não é por acaso. Neruda é apenas um de vários autores de obras de conteúdo social que figuram na lista de preferências do advogado. Foi no ginásio, a partir da orientação de professores, que ele começou a se interessar por livros desse tipo, como Geografia da Fome e Homens Caranguejo, de Josué de Castro. “São livros extremamente chocantes. Isso colaborou para a minha formação social e essa, digamos, pretensão de querer mudar o mundo”, afirma.

Primeiras Letras
Filho de um funcionário público do Departamento de Estradas e Rodagem, Paulo Sergio João credita todo o seu interesse pelos livros às escolas em que estudou. Tanto é assim que o primeiro livro que leu, Ben Hur (Lew Wallace), foi conquistado como prêmio dado aos alunos com as melhores notas da escola primária municipal de São Bernardo do Campo. “Os primeiros colocados do curso foram homenageados com uma medalha e um livro”, recorda-se.

O poder de atração dos livros manifestou-se até mesmo quando prestou vestibular: foi aprovado no curso de Direito da PUC e no de letras da USP, curso que abandonou. “Eu não era tão assíduo. O curso foi se esgarçando e não fazia mais sentido eu ficar desfocado”, justifica.

Obras Jurídicas
Com foco do curso de Direito, decidiu seguir carreira na área trabalhista, um pouco por exclusão. “Eu sabia o que não queria, como tributário e administrativo”, revela. A certeza veio com o estágio na Procuradoria Regional do Trabalho de São Paulo. Na época havia poucos autores de Direito Trabalhista, mas um em particular exerceu forte influência em sua formação: Octavio Bueno Magano. “Era uma pessoa que tinha um talento e uma capacidade indiscutível”, diz. Além de Magano, João cita ainda Cesarino Junior, autor de Direito Social, e Washington de Barros Monteiro, de Direito Civil, como os autores mais importantes para sua formação.

Li e Recomendo
O foco em obras jurídicas nunca o afastou da literatura. Além de autores espanhois, ele cultiva um gosto especial pelos escritores franceses. Novamente, sua preferência recai sobre obras de forte mensagem social, como A Besta Humana, de Émile Zola, e O Estrangeiro, de Albert Camus. “Foi o meu primeiro contato com uma obra de um autor Frances”, diz sobre Camus. “O livro me chamou a atenção por conta do contexto e a forma como ele trata de questões sociais”.

Céu e Inferno
Amante da música erudita, João diz gostar de compositores clássicos até os modernos. E sua preferência é justamente por um compositor considerado a ponte entre o romantismo do século XIX e as vanguardas estéticas do século XX: Gustav Mahler. Entre as obras do austríaco, ele destaca a Sinfonia Número 3. “Ela vai do céu ao inferno. A gente não sabe se é uma pessoa muito feliz ou muito desesparada que compôs aquilo.”

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