Observação Constitucional

Um espaço público para a interpretação da Constituição

Autores

  • André Rufino do Vale

    é doutor e pós-doutor em Direito líder do Grupo de Estudos e Pesquisas Observatório Constitucional (IDP/CNPq) e procurador federal da AGU.

  • Fábio Lima Quintas

    é editor-chefe do Observatório da Jurisdição Constitucional pós-doutor em Ciências Jurídico-Processuais pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra doutor em Direito do Estado pela USP mestre em Direito do Estado pela UnB professor no curso de graduação em Direito no mestrado e no doutorado acadêmico do IDP (Brasília) e advogado.

11 de agosto de 2012, 8h00

No ano de 2007, numa iniciativa surgida dentro do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), foi concebido o Observatório da Jurisdição Constitucional, com a pretensão de constituir-se como um espaço aberto à comunidade de intérpretes da Constituição, acessível não apenas aos corpos docente e discente do instituto, mas a todos que queiram publicar notícias, opiniões, artigos doutrinários, comentários e críticas a respeito das atividades da Jurisdição Constitucional no Brasil e em outros países. Certamente, a manutenção de um espaço público ativo de produção de comentários e estudos críticos a respeito das atividades da Jurisdição Constitucional cumpre um papel fundamental dentro de um processo aberto de interpretação da Constituição.

A crescente importância da análise do Direito Comparado também faz desse espaço um observatório internacional, cujo objeto abrange igualmente as decisões produzidas nas cortes e tribunais de outros países e das comunidades internacionais. O Observatório da Jurisdição Constitucional, nesse sentido, constitui, simultaneamente, um espaço de interlocução e de divulgação transnacional das jurisprudências brasileira e estrangeira.

Nessa perspectiva, o Observatório também se preocupa com o desenvolvimento das práticas argumentativas na jurisdição constitucional. Atualmente, mantém parceria com o Observatorio DOXA de Argumentación Jurídica para el Mundo Latino, do departamento de Filosofia do Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Alicante (Espanha), criado no ano de 2010 (web.ua.es/es/observatoriodoxa). O Observatório DOXA mantém, em diversos países, uma rede local de observadores, composta por universidades, organizações e juristas preocupados em fornecer informações e aportar opiniões acerca das práticas jurídico-argumentativas dos tribunais. No Brasil, a rede local conta com a parceria do Observatório da Jurisdição Constitucional.

Buscando ampliar ainda mais a interlocução com a comunidade jurídica, o Observatório da Jurisdição Constitucional passa a ter a oportunidade de dialogar com os leitores da revista Consultor Jurídico (em mais uma profícua parceria que se inicia), por meio de uma coluna especial intitulada “Observatório Constitucional”, publicada aos sábados. A proposta é oferecer ao público leitor notícias, comentários e críticas a respeito de decisões e atividades do Supremo Tribunal Federal e de outras Cortes e Tribunais Constitucionais em diversos países. Esse novo espaço de produção crítica sobre a jurisdição constitucional contará com diversos colunistas, todos integrantes do Conselho Editorial do Observatório.

O primeiro artigo, de autoria de Beatriz Bastide Horbach, comenta caso de grande importância para o futuro da União Europeia, que envolve discussão que se põe hoje no Tribunal Constitucional Federal alemão (Bundesverfassungsgericht) acerca da constitucionalidade de instrumentos econômicos concebidos para combater a atual crise na Zona do Euro. Diversas questões relevantes serão apreciadas nesse julgamento, destacando-se, por exemplo, a relacionada à legitimidade da transferência de determinadas competências nacionais a um órgão supranacional. O caso colocou em debate a própria atualidade da Lei Fundamental de Bonn, que, segundo opiniões, já teria chegado ao seu limite, tornando necessária a elaboração de um novo texto constitucional, mais aberto à União Europeia. O fato é que em poucas ocasiões o Tribunal Constitucional alemão enfrentou tanta pressão política para julgar um caso como no momento atual. A Alemanha passará a ser a principal contribuinte do fundo monetário, o que faz com que não apenas o governo, mas também a própria população alemã aguarde com ansiedade o que será decidido pelo tribunal. É um caso que poderá ter consequências em todo o processo de integração europeia.

Agradecemos à Consultor Jurídico o apoio na construção desse novo espaço,que esperamosseja bem recebido pelo público leitor e, dessa forma, possa contribuir para o aperfeiçoamento dos debates sobre a atuação dos órgãos de jurisdição constitucional no Brasil e em outros países. 

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