Conheça os livros da vida do advogado Edis Milaré
8 de agosto de 2012, 4h07
A carta, que seria uma resposta ao pedido dos presidente dos EUA para que os índios vendessem suas terras, tornou-se famosa entre ambientalistas e defensores do Direito Ambiental, como Milaré.
“Essa carta é fantástica. Para mim, é uma cartilha de fé e de ética não só com as futuras gerações, mas para com o mundo”, diz.
Ao lado da obra, Milaré, ex-secretário paulista do Meio Ambiente, também tem como referência o livro O Outro Lado do Meio Ambiente, de seu amigo e companheiro de trabalho no governo Fleury Ávila Coimbra.
“Ele chama muito às ideias e ao trabalho de São Francisco, que colocava os animais não sob o jugo do homem, mas a seu lado. Não é por outra razão que São Francisco é o protetor da ecologia”, diz Milaré, que tem uma imagem do santo em sua sala.
Primeiras Letras
Nascido em Estrela do Oeste, no interior de São Paulo, Milaré conta que fez o ginásio em Fernandópolis, já que no município em que nasceu não havia vagas para todas as crianças. Foi nessa época que começou a desenvolver o hábito da leitura, com a coleção Tesouro da Juventude. “Li praticamente toda essa enciclopédia, que vinha com resumos das obras”.
Milaré cresceu ao lado de dez irmãos e seu pendão pelo direito começou quando, atraído pelos embates entre defesa e acusação, driblava a segurança dos tribunais para acompanhar as sessões do Tribunal do Júri de Fernandópolis. “Botei na cabeça que queria ser promotor”.
Obras jurídicas
Para isso, ele abandonou o plano original que o fez ir para São Paulo: tornar-se médico. Fez o curso Camões e prestou vestibular para Direito no Mackenzie, onde travou contato com obras jurídicas que marcaram sua vida, como A Luta Pelo Direito, de Rudolf Von Ihering. “São princípios que devem estar incutidos no coração e na alma da gente e por ele devemos lutar sempre”, diz sobre o livro.
Seu maior ídolo no Direito foi seu professor Edgard Magalhães Noronha, autor de Direito Penal e Direito Processual Penal “Eu tive a felicidade de ter um grande professor, autor de uma obra muito importante. Ela me influenciou muito na vida, no meu destino”.
Concluída a faculdade, prestou concurso para o Ministério Público, onde fez carreira e se tornou referência em Direito Ambiental após ser incumbido pelo procurador-geral do estado das ações que poderiam ser tomadas sobre um acidente ambiental ocorrido em 1983. “Fui pinçado por acaso para tratar de um caso específico de meio ambiente e que deu origem no país a todas as promotorias do meio ambiente”, diz, sem modéstia.
Direito Ambiental
Naquele ano, durante a construção da rodovia Rio-Santos, um duto da Petrobras havia sido atingido por uma pedra após uma explosão numa pedreira. “Descobri que dois anos antes havia saído a Lei Ambiental Brasileira 6.938/1981, que dava poderes ao MP de promover medidas em favor do meio ambiente”.
Embora dedique a maior parte do tempo à leitura de obras e artigos jurídicos, o advogado diz que, quando pode, ouve cantores de música romântica, como Luis Miguel e Roberto Carlos. “Você tem que dar o desconto da idade”, diz ele, que completou 70 anos. Aliás, histórias românticas, como a do filme A Lagoa Azul, são suas preferidas quando o assunto é cinema. “Acho muito romântico. É um filme que lava a alma. É quase inocente. A juventude não gosta mais desse tipo de filme”.
Ele, porém, está bem antenado nos sucessos juvenis das telona, como a saga Crepúsculo, que ele diz adorar. Neste ano, Milaré inclusive foi até Montepulciano, na Itália, onde foram rodadas cenas dos filmes. “Na fotografia é muito bonito, mas chegando lá, parece que está abandonada. Talvez seja por isso que tenham rodado lá”, diz.
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