Caminhos da investigação

Perícias reforçam hipótese de suicídio de desembargador

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16 de abril de 2012, 13h04

A Polícia Civil ainda aguarda a remessa dos laudos do exame necroscópico e de perícias para concluir em quais circunstâncias morreu o desembargador de São Paulo, Adilson de Andrade, de 60 anos. Porém, resultados obtidos com exclusividade de fontes do Núcleo de Perícias Criminalísticas de Santos e do Instituto Médico-Legal reforçam a hipótese de suicídio.

Integrante da 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Andrade foi encontrado morto com dois tiros de revólver calibre 32 no abdômen, na manhã da última terça-feira (10/4). O seu corpo estava em dos quartos do pavimento superior do sobrado onde residia sozinho, na Ponta da Praia, em Santos.

Durante o exame necroscópico detectou-se zona de tatuagem no orifício de entrada dos disparos. Característica dos tiros encostados, típicos de suicídio, essa zona é formada pela impregnação de pólvora na pele, ao redor do buraco pelo qual penetrou o projétil, conforme ensina a literatura médico-legal.

Os tiros que atingiram o desembargador não foram transfixantes, razão pela qual os projéteis puderam ser extraídos. Apesar do exame necroscópico, o laudo ainda não foi elaborado e remetido ao 3º DP de Santos, porque é preciso esperar a conclusão de exame toxicológico.

Segundo a delegada titular Leolar Emília de Souza, que preside o inquérito policial sobre a morte do desembargador do TJ paulista, o pedido de exame toxicológico é uma “praxe”, cuja finalidade principal, além de esclarecer algum ponto relevante à investigação, é não deixar qualquer eventual dúvida sem resposta.

Arma de fogo
Exames residuográficos feitos pelo Núcleo de Perícias Criminalísticas nas mãos do desembargador e de um filho seu, de 32 anos, deram resultado positivo para o primeiro e negativo para o segundo. Esse tipo de perícia detecta vestígios de chumbo e pólvora em quem fez uso recente de arma de fogo.

O filho do desembargador foi submetido ao residuográfico porque admitiu ter retirado as munições do revólver (três cápsulas intactas e duas deflagradas) e mexido no corpo, logo após constatar que o pai estava morto. Ele chegou à casa do desembargador por volta das 8 horas da última terça-feira, sendo a primeira pessoa a constatar a morte.

Logo em seguida, o filho saiu da casa bastante abalado, afirmando que o pai se suicidara e pedindo ajuda. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser acionada ao local, mas nada pôde fazer a não ser constatar o óbito. Um desembargador amigo de Andrade também foi avisado e se dirigiu ao imóvel.

O resultado do residuográfico não foi informado oficialmente à Polícia Civil porque constará de laudo no qual serão incluídas as conclusões de outras perícias, entre as quais a do local do evento. Não havia sinais de arrombamento no sobrado e, aparentemente, tudo estava em ordem no local.

A Polícia Civil também requereu perícia em um lençol recolhido no cômodo onde o desembargador foi encontrado morto. O objetivo é saber se a mancha nessa peça é de sangue e, em caso positivo, se ele pertence a Andrade. Os peritos também examinam os arquivos de um notebook e de um celular do membro do TJ-SP recolhidos no sobrado.

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