Fim de Bin Laden

Governo americano defende sigilo de imagens de morte

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28 de setembro de 2011, 11h30

O governo americano iniciou, na noite de segunda-feira (25/9), sua luta na Justiça para não liberar fotos e vídeos do assassinato do líder e fundador da Al Qaeda, Osama Bin Laden, por um comando integrado por militares e agentes da CIA, em maio deste ano. Em sua defesa, o governo Obama alegou que as imagens não podem ser liberadas ao público porque podem revelar segredos militares e de inteligência, provocar ataques contra propriedades e cidadãos americanos no exterior e ameaçar a segurança nacional, noticiam a National Public Radio (NPR) e o Politico.

A ação judicial foi movida em um tribunal federal de Washington pela organização Judicial Watch contra o Departamento de Defesa (Pentágono) e a CIA, para exigir, com base na Lei da Liberdade da Informação, a liberação das fotos e vídeos. Na esfera administrativa, o Pentágono já havia rejeitado pedidos de liberação das imagens feitos pela Judical Watch, Associate Press e outras publicações.

Os advogados do Departamento de Justiça disseram que a CIA "localizou" 52 fotos e gravações em vídeo. Em uma declaração, incluída nos documentos protocolados pelos advogados, o diretor do Serviço Clandestino Nacional da CIA, John Bennet, argumentou que as fotos e vídeos são "muito explícitos, porque mostram o ferimento à bala na cabeça de Bin Laden e outras imagens horripilantes de seu cadáver". As imagens foram capturadas durante a operação de assassinato de Bin Laden e de seu sepultamento no mar.

Bennet escreveu que as imagens são classificadas como "Top Secret" (segredos de estado), significando que sua divulgação pode resultar em "danos excepcionalmente graves" à segurança nacional e às relações internacionais dos Estados Unidos. Em uma declaração separada, o almirante da Marinha William McRaven, o militar de mais alto posto do Comando de Operações Especiais dos EUA, escreveu que a liberação das imagens pode colocar em risco os integrantes do comando que executou a operação na cidade de Abbottabd, no Paquistão.

O governo americano solicita ao tribunal o encerramento do processo. O presidente da Judicial Watch, Tom Fitton, acusou o governo Obama de haver tomado uma "decisão política", ao classificar as imagens como secretas. "Não devemos jogar fora nossas leis da transparência, porque o seu cumprimento pode ofender a terroristas", ele disse em uma declaração. "Os registros históricos da morte de Bin Laden devem ser liberadas ao público, conforme determinado pela lei", declarou.

A Associated Press, por sua vez, fez pedidos com base na Lei da Liberdade da Informação para examinar vários documentos, como os planos de contingência para a captura de Bin Laden, relatórios sobre o desempenho dos equipamentos usados no assalto de 1º de maio ao complexo de Abbottabad e cópias de testes de DNA que confirme a identidade do líder da Al Qaeda. A agência de notícias também solicitou a liberação de fotos e vídeos feitos durante a missão, incluindo as de Bin Laden depois de morto.

O governo Obama rejeitou o pedido da AP. A agência apelou da decisão, com o argumento de que protelações burocráticas desnecessárias lesam o interesse público e permitem a autoridades vazar, de forma seletiva e anônima, detalhes da missão. Sem um processamento ágil, a liberação de material sensível pode ser protelado por meses ou anos. A AP apresentou seu pedido um dia depois do assassinato de Bin Laden.

Existem muitas dúvidas sobre a veracidade das descrições feitas pelo governo Obama sobre a operação de assassinato de Bin Laden e seu conveniente sepultamento no mar, que eliminou as provas de sua morte. Segundo as publicações — e diversas entidades americanas — essas dúvidas, que o governo classifica como "teorias da conspiração", poderiam ser dirimidas com a liberação das fotos e vídeos ao público.

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