Organização criminosa

Inquérito conclui que três PMs executaram juíza

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12 de setembro de 2011, 10h12

Acusados do assassinato da juíza Patrícia Acioli , o tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes e os cabos Sergio Costa Junior e Jefferson de Araujo Miranda, ambos do Grupo de Ações Táticas do 7º BPM (São Gonçalo), tiveram suas prisões temporárias decretadas pelo plantão Judiciário de Niterói, neste domingo (11/9).

Eles estão presos na Unidade Prisional, o antigo BEP. O trio também é acusado da morte de Diego de Souza Beliene, de 18 anos, no Complexo do Salgueiro, São Gonçalo, em junho. Horas antes de ser executada, a própria juíza havia decretado as prisões. O inquérito da Divisão de Homicídios do Rio (DH) concluiu que um mês antes do assassinato de Patrícia, uma advogada telefonou para o cabo Jefferson Miranda.

A juíza foi atingida por 21 tiros, em 11 de agosto, quando chegava de carro em Piratininga, Niterói. De acordo com ela, como declarado no pedido de prisão temporária, os policiais são definidos como "membros de uma verdadeira organização criminosa de altíssima periculosidade".

Ela iria incluir no processo sobre Diego toda a guarnição do GAT que esteve no local. A conversa elucidou alguns pontos. Até aquele momento, só os cabos Sammy dos Santos Quintanilha e Flávio Cabral Bastos tinham sido presos. Jefferson foi ao encontro de Sérgio Costa Junior em São Gonçalo. No final da tarde, os dois marcaram com o tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes no Largo do Barrada, Niterói. Dali, eles seguiram para a rua onde a juíza residia. Permaneceram lá por cerca de meia hora, retornando para o Largo do Barrada.

Patrícia enviou ofício ao comando do 7º BPM para que fossem informados os nomes e identidades dos integrantes da guarnição do GAT que participaram da operação no Complexo do Salgueiro, em 12 de junho, um mês antes do assassinato.

No dia do crime, a advogada de um deles foi ao Fórum de São Gonçalo e soube pela própria Patrícia Acioli que ela iria decretar a prisão dos outros policiais. Segundo as investigações, a mulher telefonou para seu cliente, para o cabo Jefferson e o tenente Daniel Benitez, que estava no 7º BPM. Também estava naquela unidade o cabo Sérgio Costa Junior. Foi quando Daniel e Sérgio se deslocaram para o Fórum de São Gonçalo, na Avenida Getúlio Vargas, de onde Patrícia Acioli saiu por volta das 23h15 em direção à sua casa onde foi executada.

De acordo com o relatório, o assassinato foi motivado por um crime ocorrido pouco mais de dois meses antes de sua morte, no dia 3 de junho, quando a guarnição do GAT do 7º BPM, comandada pelo tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes, fez uma incursão no conjunto da PM, no Complexo do Salgueiro, e matou Diego da Conceição Beliene.

De acordo com os policiais, a morte decorreu de auto de resistência por parte de traficantes. Ainda assim, as investigações não comprovaram a versão dos policiais e dois cabos tiveram a prisão temporária decretada pela juíza. No dia 11, o delegado da 72ª DP representou pela prorrogação das prisões.

A partir da análise das câmeras de monitoramento de vigilância da região, ficou demonstrado que a juíza foi seguida desde a saída do fórum por seus executores, que estavam em uma motocicleta Honda azul, modelo Falcon. Quando eles se aproximaram da ponte que dá acesso ao bairro do Tibau, os executores perceberam que Patrícia seguia para casa, onde eles já tinham estado um mês antes, e a ultrapassaram. Eles ficaram escondidos atrás de uma Kombi estacionada na frente de uma casa vizinha a de Patrícia.

Ela foi surpreendida por dois criminosos, quando parou o carro em frente ao portão de casa. Eles abriram fogo contra a janela e a porta lateral esquerda do Fiat Ideia dirigido por Patrícia. O grupo deixou o local calmamente e de lá cada um dos acusados seguiu para a sua casa.

Vários estojos e projéteis de calibres .38, .40 e .45 foram recolhidos pelos peritos da DH. De acordo com a Companhia Brasileira de Cartuchos, o lote foi vendido para a PM e parte destinado ao 7º BPM. Com informações das Assessorias de Imprensa do TJ-RJ e da Amaerj.

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