Censura prévia

Caras vai recorrer da censura no caso Cibele Dorsa

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30 de março de 2011, 20h33

A revista Caras vai recorrer da decisão da 19ª Vara Cível de São Paulo que a impediu de publicar a íntegra da carta enviada à redação pela atriz Cibele Dorsa antes de sua morte, no último sábado (26/3). O pedido foi feito pelo ex-marido da atriz, o cavaleiro Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda. Para cumprir a determinação judicial, a edição chegou às bancas nesta terça-feira (29/3) com tarjas pretas nas páginas em que relata o caso. O processo corre em segredo de Justiça.

O advogado Alexandre Fidalgo, do escritório Lourival J. Santos — que representa a revista ao lado da advogada Claudia de Brito Pinheiro David — afirmou que a decisão foi equivocada, pois deixou de analisar as circunstâncias reais que envolvem o caso. Ele afirmou ainda que a juíza cometeu "ato censório ao impedir que a Caras produza material jornalístico a respeito do acontecido". A juíza Renata Mota Maciel, ao conceder tutela antecipada ao Doda, determinou a retirada do site de Caras a notícia intitulada "Cibele Dorsa deixa carta antes de morrer", na qual constavam trechos da carta enviada pela atriz.

O diretor da Editora Caras, Luis Maluf, afirmou à Folha de S.Paulo que trata-se de censura. "Se não ter o direito de publicar alguma coisa específica por ordem judicial é censura, então estamos sendo censurados." Em seu site, a revista publicou nota na qual afirma estar sofrendo censura na cobertura da morte de Cibele Dorsa. "A edição impressa circulará esta semana tarjada como em épocas de censura militar, devido ao fato de que todo o material se encontrava em processo de impressão quando o mandado judicial chegou à editora", diz o comunicado.

Suicídio
Cibele Dorsa morreu após cair da janela de seu apartamento no bairro do Real Parque, na zona sul de São Paulo, na madrugada de sábado (26/3). A morte é investigada como suicídio. Em janeiro, o noivo dela, Gilberto Scarpa, cometeu suicídio do mesmo local. Antes de morrer, a atriz deixou mensagens de adeus em seu perfil no Twitter e enviou carta à Editora Caras. No documento, que seria publicado na íntegra pela revista, a atriz critica Doda, seu ex-companheiro e pai de sua filha Viviane. A menina e o outro filho de Cibele, Fernando, de 13, moram com Doda na Bélgica.

A ConJur procurou o advogado da família de Doda, Antônio Carlos Mendes, porém, não o encontrou em seu escritório. Ao jornal O Estado de S. Paulo, ele afirmou que a medida judicial foi necessária para proteger a imagem dos filhos de Cibele, e não a de Doda. O advogado disse ainda que o cavaleiro pagou um serviço de cuidados médicos em casa, que mantinha duas enfermeiras com Cibele 24 horas por dia, e que a atriz assinou há menos de 15 dias a renovação de autorização para que os filhos continuassem por mais dois anos na Europa. Doda divulgou um comunicado oficial lamentando a morte de Cibele.

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