IDEIAS DO MILÊNIO

"O Congresso não deixa Obama fechar Guantánamo"

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25 de março de 2011, 5h18

Nas crises, sejam econômicas, sociais ou mesmo desastres naturais, governos e sociedades ficam traumatizados e vulneráveis. Essas situações são propícias para o surgimento de utopias totalitárias, demagogos, golpes, repressões e abusos de direitos humanos. Nos últimos dois séculos aconteceu na Rússia, Alemanha, Itália, China e quase todos os países da América Latina e Europa Central. No fim do Século 19 a França estava traumatizada pela derrota contra o exército do chanceler de ferro Otto von Bismarck, o responsável pela unificação da Alemanha. Os franceses descobriram que um oficial de alta patente vendia segredos para os alemães. O alto comando francês sabia quem era o verdadeiro culpado, mas acusou e julgou um capitão judeu. Alfred Dreyfus, condenado a prisão perpétua na Ilha do Diabo, foi solto depois de cinco anos graças a uma mobilização de intelectuais liderados pelo escritor Émile Zola. Louis Begley, conhecido advogado e escritor americano faz a conexão entre a França do final do Século 19 e os Estados Unidos do começo do século 21 traumatizados pelo ataque às Torres Gêmeas. No país vulnerável vieram abusos do poder executivo, as torturas de Abu Ghraib, a prisão de Guantánamo. Begley lamenta a falta de um ou mais Émile Zola nos dias de hoje. Autor de nove livros, Begley já disse ao que veio logo no primeiro deles: Infância de Mentira lançado quando ele tinha 57 anos. O diretor Stanley Kubrick chegou a comprar os direitos e gastou dez milhões de dólares em pré-produção, mas não fez o filme. Outro livro ganhou as telas. Batizado no cinema como As Confissões de Schmidt, ganhou dois Globos de Ouro em 2003, um deles para Jack Nicholson.

Lucas Mendes — Vamos começar pelo presente ou pelo passado recente, e retroceder no tempo até sua ficção. Para os que não conhecem o Caso Dreyfus, por que ele é relevante? Ele é o tema de seus livros mais recentes.
Louis Begley — Ele é relevante porque mostra claramente como é importante proteger os direitos civis dos cidadãos. O que acontece em O Caso Dreyfus é um exemplo enorme e brutal de abuso de poder por uma variedade de motivos discutidos no livro, entre eles, o antissemitismo, que era muito forte na França daquela época. O alto comando do exército francês, ao procurar o traidor — pois havia um traidor vendendo segredos militares franceses para os alemães — decidiu levianamente que se tratava do único oficial judeu servindo no Estado Maior. Uma vez que o acusaram, voltar atrás foi muito difícil, e eles cometeram uma ilegalidade atrás da outra no processo de acusação contra Dreyfus, que acabou sendo preso na Ilha do Diabo. Foi preciso haver mais dois julgamentos para que Dreyfus fosse finalmente inocentado. O fato de ele ser inocentado, além de algumas coincidências incríveis, se deveu a dois fatores: em primeiro lugar, o sistema judicial francês finalmente funcionou; e, em segundo lugar, os partidários de Dreyfus, cidadãos comuns de todo tipo, liderados logicamente pela família dele, fizeram pressão suficiente para que a injustiça fosse corrigida. Uma pessoa como Émile Zola, que arriscou a ser preso, se expôs intencionalmente a um processo por difamação. É uma grande lição sobre como todos nós que prezamos a liberdade devemos ter cuidados ao proteger os direitos dos cidadãos. Essa é uma das razões para o livro ser relevante nos dias de hoje. A outra razão é que passamos por um período de grande tensão, de grande risco, por causa da atual “guerra ao terror”, essa invenção de Bush. Essa guerra ao terror levou a enormes violações de direitos humanos e direitos civis. As lições são particularmente pertinentes nos dias de hoje.

Lucas Mendes — O senhor vê ligações entre a guerra ao terror hoje e o caso Dreyfus, mas o senhor vê semelhanças entre a França do final do século 19 e os EUA do início do século 21?
Louis Begley — Vejo. Ambos eram países traumatizados. Já haviam se passado 30 anos, mas a França ainda estava traumatizada pela desastrosa derrota na guerra contra a Prússia em 1870, e foi traumatizada ainda mais por uma série de escândalos políticos que abalaram o país, uma série de escândalos financeiros, além da disputa acerca da posição da Igreja na sociedade francesa. O resultado foi que o exército, para a grande maioria dos franceses, parecia ser a única instituição confiável, a esperança da França que, um dia, repararia a injustiça, vingaria a derrota de 1870 e reanexaria as províncias que haviam sido perdidas. A adoração pelo exército tornou a ideia de um oficial vender segredos aos alemães particularmente odiosa. Portanto, para o cidadão comum, a ideia de que generais haviam mentido e desobedecido a Lei era quase intolerável. A situação nos EUA, o trauma aqui, remonta ao 11 de Setembro de 2001, que foi um enorme choque para a nação, e que foi explorado, na minha opinião, pelo governo Bush, que nos expôs a outros choques: as guerras mal planejadas e mal conduzidas no Afeganistão e no Iraque, e, obviamente, agora, a crise econômica.

Lucas Mendes — O senhor mencionou Émile Zola. Por que, até hoje, ainda não surgiram escritores, mais pessoas como o senhor, denunciando os abusos de poder?
Louis Begley — Houve algumas denúncias, sim, mas elas não tiveram a importância dos ensaios de Zola e de sua carta aberta ao presidente da França, que ficou conhecida como “Eu Acuso!”. Por quê? Talvez pelo fato de a História não se repetir de forma precisa, e de não haver sempre um escritor que se pronuncie em defesa da liberdade.

Lucas Mendes — O senhor faz críticas ao governo Bush, em especial ao presidente, ao (vice-presidente Dick) Cheney, ao (secretário de Defesa Donald)  Rumsfeld e aos advogados do governo que produziram os memorandos que justificavam a tortura e outros abusos. Mas o senhor parece gostar do presidente Obama e apoiá-lo. Por que ele não fecha Guantánamo?
Louis Begley — Ele não fecha Guantánamo porque o Congresso não deixa. O Congresso não libera a verba para a construção de uma penitenciária nos EUA para receber os prisioneiro que não puderem ser soltos, o Congresso não autoriza que os julgamentos sejam conduzidos em solo americano… O Congresso literalmente deixou o presidente de mãos atadas. A outra razão para Guantánamo não ser fechada é a resistência de outros países em acolher os detentos que os EUA liberaram para transferência. Como não podemos trazê-los para cá, porque o Congresso não permite, nem podemos enviá-los para nenhum outro lugar, eles ficam restritos a Guantánamo. Creio que hoje, em Guantánamo, haja cerca de 140 detentos, dos quais mais da metade foi inocentada e poderia partir. Eles se dividem em dois grupos: os que podem ser enviados a qualquer país que queira acolhê-los, e os iemenitas, que são 40, creio eu. O governo Obama suspendeu a repatriação para o Iêmen por causa da difícil situação do país, e por suas leis, que permitem a formação de centros de treinamento de terroristas. Há apenas 42 detentos que o governo Obama não está disposto a liberar.

Lucas Mendes — Mas há um outro ponto. O que está acontecendo com os EUA, principalmente com os republicanos, que estão tão interessados em cortar impostos para si próprios e os serviços para os pobres? A desigualdade, a distância neste país, parece estar aumentando.
Louis Begley — É verdade. E é espantoso.

Lucas Mendes — Por quê? Mesmo os ricos deveriam ser inteligentes o bastante para pensar: “Eu não quero viver num país cheio de pobres.” Não faz sentido.
Louis Begley — Eu acho que o Partido Republicano perdeu o rumo, não sabe em que direção está indo. E eu suspeito que vai haver um racha dentro do Partido Republicano entre o grupo da extrema direita e os que estão mais ou menos no centro. Porque há republicanos razoavelmente moderados, e não vejo como podem coexistir dentro do partido com os tipos de extrema direita. O Partido Republicano era o partido da eficiência administrativa. Eles defendiam a decência, defendiam a moderação fiscal, a eficiência administrativa, eram contra a corrupção… Por exemplo, o planejamento familiar era uma causa republicana. Eles abandonaram tudo isso, e, como você disse, o principal objetivo do Partido Republicano agora é tornar os ricos mais ricos. É revoltante.

Lucas Mendes — Há um filme chamado As Confissões de Schmidt baseado por alto…
Louis Begley — … bem por alto. 

Lucas Mendes — Eu não me lembrava bem do filme, mas acabei de ler o livro… É completamente diferente.
Louis Begley — Pois é. 

Lucas Mendes — Mas o senhor gostou do filme?
Louis Begley — Acho o filme excelente, mas não é sobre o meu livro, embora tenho o mesmo título em inglês. Eu acredito que Alexander Payne, que é muito talentoso — ele foi coautor do roteiro e dirigiu o filme —, captou a ideia da extrema desorientação e tristeza de alguém que perde a esposa e para de trabalhar ao mesmo tempo. Como você reconstrói a sua vida, como se ajusta à vida solitária? Ele captou isso muito bem. Ele também captou a dificuldade do relacionamento do pai com uma filha casada com um homem que ele acha abominável. 

Lucas Mendes — Um de seus livros mais bem-sucedidos, talvez o mais bem-sucedido em termos de premiação, foi o primeiro livro que o senhor publicou, já aos 57 anos: Wartime Lies (Infância de Mentira, na versão brasileira). É sobre uma pequena família judia na Polônia e a brutalidade dos alemães e dos católicos poloneses. Stanley Kubrick comprou os direitos do livro e gastou 10 milhões de dólares em pré-produção, mas não chegou a fazer o filme. Foi por causa da Lista de Schindler ou por ele ter receio de abordar o Holocausto?
Louis Begley — Ambos os fatores tiveram um peso. Eu nunca tive qualquer contato com o próprio Kubrick. Eu falava com muita freqüência com seu cunhado, Jan Harlan. O que eu entendi das explicações de Jan a respeito do que aconteceu foi que a história de Wartime Lies deixava Kubrick muito nervoso, muito ansioso. Ele estava vivendo a história de tal forma, que sua esposa estava ficando preocupada com tamanho envolvimento. Isso foi um dos aspectos. O Outro foi, de fato, o surgimento de A Lista de Schindler e seu enorme sucesso. Kubrick resolveu que seria melhor esperar um pouco. Nesse meio tempo, ele estava fazendo De Olhos Bem Fechados, mas morreu antes de terminar. 

Lucas Mendes — O senhor até hoje não lê histórias sobre o Holocausto? Li em algum lugar. É verdade? 
Louis Begley — É. Elas me incomodam muito.

Lucas Mendes — Elas o incomodam muito?
Louis Begley — Sim.

Lucas Mendes — O livro Wartime Lies é, de certa forma, autobiográfico. Mas o senhor disse que se recusa a fazer diferença entre os incidentes que viu, que testemunhou, e aqueles que o senhor imaginou. O senhor acha que não há diferença. Por que não separa os fatos…?
Louis Begley — O que eu disse não foi bem isso. Creio que o que eu disse, e tentei deixar muito claro, foi que o material em que Wartime Lies se baseia são as minhas próprias experiências da guerra na Polônia enquanto jovem. E as aventuras, as minhas próprias aventuras, não foram muito diferentes das aventuras vividas por aquele garotinho. Mas eu não tentei reproduzir no livro o que aconteceu comigo. Há situações em que nossas histórias se cruzam, e há outras em que elas são linhas paralelas. Mas eu não tentei relembrar exatamente o que me aconteceu e coloquei em palavras.

Lucas Mendes — O senhor publicou seu 1º livro aos 57 anos de idade.
Louis Begley — Aos 56.

Lucas Mendes — O senhor era muito ativo como advogado.
Louis Begley — É verdade. 

Lucas Mendes — E publicou muitos outros livros enquanto ainda era advogado.
Louis Begley — É verdade.

Lucas Mendes — É impressionante que tenha tido tempo para publicar tantos livros. Depois que o senhor se aposentou, o senhor passou a escrever mais, a mesma quantidade, menos?
Louis Begley — Eu diria que me tornei menos produtivo por vários motivos. Um deles foi que o meu livro mais recente, Questão de Honra eu levei muito mais tempo para escrever do que qualquer outro livro, por motivos muito pessoais: a morte da minha mãe e minha necessidade de rever o meu ponto de vista a respeito de várias coisas sobre as quais eu estava escrevendo em Questão de Honra. Esta é uma das razões para eu ter demorado mais a escrever o livro do que o esperado. Depois, eu escrevi dois livros de não ficção, coisa que eu nunca havia feito. Cada um deles, incluindo o tempo de pesquisa, me tomou mais tempo do que escrever um romance. Portanto, é um tipo diferente de produtividade.

Lucas Mendes — O senhor tem uma sagacidade e uma habilidade para descrever os ricos que vivem nos EUA, onde o senhor passou a maior parte da vida. O senhor também tem uma sagacidade para descrever os menos afortunados, os pobres. E a ligação…
Louis Begley — Resumindo: eu sou sagaz!

Lucas Mendes — O senhor é sagaz. E as ligações entre eles. É interessante porque, embora o senhor não tenha tido tanto contato com os pobres, a não ser pelas pessoas que trabalham na sua casa… Um dos críticos mais influentes disse que o senhor é um dos melhores – se não o melhor escritor de modos e costumes -, e o comparou a Evelyn Waugh. Desculpe pela pergunta tão longa, mas quero chegar ao seguinte: o rico americano é diferente dos outros ricos? O senhor conhece muitos deles.
Louis Begley — Bom… Há ricos de todos os sabores. Nos EUA, há tantos sabores… Há os ricos empreendedores, os que não tinham nada e ganharam muito dinheiro por seus próprios méritos. E temos uma quase aristocracia formada pelos que são ricos há pelo menos três gerações… 

Lucas Mendes — É muito tempo!
Louis Begley — Muito! Os ricos da Europa eram muito diferentes. Poucos tinham saído da pobreza e ganhado muito dinheiro. Agora isso acontece. Eu olho para todos eles e… Nos livros sobre Schmidt, eu me divirto muitíssimo com o senhor Mansour, um americano de origem egípcia, um bilionário, que tem um papel importante em Schmidt Steps Back (ainda sem tradução em português). Ele vai ficando cada vez melhor, na minha opinião.

Lucas Mendes — O senhor, como novelista, como escritor de ficção, fica surpreso por não haver mais bons livros de ficção sobre a Guerra ao Terror. O senhor conhece algum?
Louis Begley — Creio que não haja nada muito bom. Há um livro de John Updike que eu não terminei de ler. Eu não gostei muito. Em um dos livros de Don DeLillo, há uma descrição muito forte das consequências do ataque ao World Trade Center. É a história de um sobrevivente do atentado que ficou muito traumatizado pelo que aconteceu. Mas não há nenhum livro de ficção sobre a Guerra ao Terror.

Lucas Mendes — Antes de falarmos sobre o passado, vamos avançar um pouco até o futuro para falar sobre seu próximo livro, que está prestes a ser lançado: Schmidt Steps Back. Eu li em uma de suas entrevistas que o livro fala de assuntos do momento atual.
Louis Begley — Isso.

Lucas Mendes — Como escritor, esse tema o interessa? Ele o atrai?
Louis Begley — O quê? A Guerra ao Terror?

Lucas Mendes — Exato.
Louis Begley — O tema me interessa, mas não acho que tenha encontrado uma maneira de abordá-lo além do que faço em Schmidt Steps Back. Nem todos os romancistas trabalham da mesma forma. Eu não sou o tipo de escritor que pega um acontecimento e se propõe a escrever sobre ele. Os meus livros surgem a partir de um dilema vivido por alguém que eu imagino. Eu ainda não tive uma inspiração que me levasse no caminho da Guerra ao Terror.

Lucas Mendes — Agora vamos voltar ao passado. O senhor Schmidt é um homem de sessenta e poucos anos, é muito rico, mora em Richport, que é uma região nobre…
Louis Begley — Rich Hampton. 

Lucas Mendes — Rich Hampton, desculpe.
Louis Begley — Não tem problema.

Lucas Mendes — Rich Hampton é uma região muito rica. Ele tem uma relação difícil com sua única filha… Esse é seu terceiro livro sobre Schmidt. O que ele nos conta? O que o senhor está nos contando? Por que esse homem é tão interessante?
Louis Begley — A história contada em Sobre Schmidt é bem complexa. Schmidt, como era de se esperar, se apaixona novamente, e…

Lucas Mendes — Esqueci de dizer que ele perde a… O livro começa com a morte da mulher dele…
Louis Begley — Sobre Schmidt começa com a morte da esposa dele. O livro conta o caso amoroso dele com a bela garçonete Carrie. Schmidt Libertado, que é o segundo livro sobre o personagem, cobre cerca de dois anos e meio, três anos, da vida de Schmidt ao lado de Carrie. E termina quando ela encontra um marido da sua idade. Ela está grávida, e Schmidt dá a ela um milhão de dólares, que é um dote muito generoso. E ele arranja um novo emprego. Ele vai a Paris e se encontra com a filha, faz as pazes com ela, embora talvez seja só um trégua. Quando o livro termina, ele está prestes a visitar a viúva de um sócio mais jovem que ele tinha, um de seus pupilos. O terceiro livro sobre ele: Schmidt Steps Back, começa nessa parte, que tem início em abril de 1995 e vai até o Ano Novo de 2009. Ele conta a história de um novo romance de Schmidt e também de alguns episódios desastrosos com sua filha Charlotte. Você quer me fazer uma pergunta.

Lucas Mendes — Por favor, termine. Estou ficando um pouco ansioso, mas estou fascinado com a história.
Louis Begley — Fico feliz que esteja, mas acho que vai ficar mais fascinado quando tiver a oportunidade de ler o livro. Ao longo do caminho, Schmidt presencia vários eventos catastróficos que marcaram os 15 anos que vão do começo da história até o seu fim. A história termina num tom de grande esperança, tanto na vida pessoal de Schmidt, em que ocorre uma verdadeira redenção, quanto em sua tremenda esperança acerca do futuro do país sob a liderança do presidente Obama. Pode-se dizer que é um livro com bastante conteúdo político. 

Lucas Mendes — As duas última perguntas: O senhor, enquanto advogado, teve vários tipos de clientes, dentre eles, imagino eu, árabes. Eles confiavam em advogados judeus?
Louis Begley — Eu nunca tive clientes árabes, mas tive contato, por mais de 15 anos, com argelinos. Não como clientes, mas do outro lado da mesa. Implicitamente, creio que eles confiavam em mim. 

Lucas Mendes — O senhor mencionou, assim que eu cheguei, que gosta muito de brasileiro. O senhor pode falar um pouco sobre a sua ligação com o Brasil?
Louis Begley — Eu estive no Brasil pela primeira vez representando um conglomerado de empresas brasileiras que eu acho que desapareceu. Eu estava negociando licenças complicadas para eles. Nessa viagem, conheci várias pessoas que se tornaram amigos para a vida inteira. Depois, voltei ao Brasil várias vezes representando clientes japoneses que estavam investindo lá. Durante o tempo em que eu os representei, conheci mais brasileiros que se tornaram meus amigos e, curiosamente, o que é raro de acontecer, também se tornaram meus clientes. Eles não são mais meus clientes, são clientes da minha firma, já que me aposentei como advogado. Eu me aposentei em 2004. Mas os brasileiros têm alguma coisa, tem uma doçura inata – não há outra forma de descrever – uma doçura inata, uma bondade inerente, um calor humano, que me fascinam. Eu não consigo resistir.

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