Nova chefia

Anamara Osório deve comandar o MPF-SP

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23 de maio de 2011, 16h19

A procuradora da República Anamara Osório Silva deverá ser designada, esta semana, para o cargo de procuradora-chefe do Ministério Público Federal em São Paulo. A chapa única, encabeçada por Anamara, obteve 60 votos dos 61 procuradores que compareceram às urnas. O pleito aconteceu na última quinta-feira (19/5). O nome de Anamara depende agora da nomeação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

A procuradora Elizabeth Mitiko Kobayashi ocupará o cargo de 1ª procuradora-chefe substituta e Aurio Marcus Lopes será o 2º procurador-chefe, o primeiro procurador a chegar à cúpula do MPF-SP que não atua na capital.

Desde 2001, o cargo de chefe administrativo da Procuradoria da República em São Paulo está nas mãos de mulheres. A procuradora da República Zélia Pierdoná foi a primeira delas, seguida por Paula Bajer. Em seguida, Adriana Zawada Melo ficou quatro anos no posto. Foi eleita para o biênio 2005-2007 e depois reconduzida ao cargo até 2009. Deixou a chefia da PR-SP para entregar o bastão à atual procuradora-chefe, Adriana Scordamaglia. Esta não quis disputar a reeleição, assim como a primeira procuradora-chefe substituta, segundo cargo na hierarquia, Ana Cristina Bandeira Lins.

Anamara Osório tem 34 anos, nasceu em Porto Alegre e é formada em Direito pela PUC-RS, na turma de 1999. Começou no Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul, como estagiária. Em 2002, passou no concurso e veio para São Paulo. Hoje, é integrante do Grupo de Trabalho em Lavagem de Dinheiro e Crimes Financeiros formado por sete procuradores da República de diferentes estados. A tropa de elite do MPF tem como uma de suas funções criar articulação interna e externa dentro do sistema nacional e internacional de combate à lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro.

Em São Paulo, Anamara é procuradora da área criminal. Atuou nas duas varas especializadas em Crimes Financeiros e lavagem de dinheiro: a 2ª e a 6ª Vara Federal Criminal. Atualmente representa o MPF na 6ª Vara, ao lado dos procuradores da República Silvio Luis Martins de Oliveira e Karen Louise Jeanette Kahn. Esta vara tinha como juiz titular o hoje desembargador Fausto De Sanctis. Agora é tocada pelos juízes Douglas Camarinha, no exercício da titularidade, e pelo juiz substituto Marcelo Costenaro Cavali.

A procuradora da República Anamara Osório carrega no currículo atuação nas investigações das operações Chacal e Satiagraha. A primeira investigou as atividades de espionagem da Kroll, empresa de auditoria empresarial, por encomenda de Daniel Dantas. O alvo seria a Telecom Italia. A disputa empresarial entre o Banco Opportunity e a Telecom Italia pelo controle acionário da Brasil Telecom acabou se transformando num caso de Polícia.

Na segunda, colaborou na investigação contra Daniel Dantas e condenou o banqueiro do Opportunity a dez anos de prisão por corrupção ativa. Ele foi acusado de tentar subornar um delegado da Polícia Federal para ter seu nome excluído das investigações da Satiagraha. A operação da Polícia Federal está sendo questionada no STJ por conta da participação de arapongas da Abin. Dois ministros votaram pela ilegalidade das provas e um a favor. Faltam dois votos para concluir o julgamento.

Muito próxima ao então juiz Fausto de Sanctis, ela atuou ao lado dele na operação de busca e apreensão das obras de artes do ex-dono do Banco Santos Edemar Cid Ferreira. O juiz, com apoio do MPF, determinou a doação das obras de arte da milionária coleção do banqueiro para a União e pretendia transformar a mansão de Edemar Cid Ferreira num museu.

No ano passado, Anamara foi destacada para atuar no inquérito aberto pela Polícia Federal que apura suspeita de irregularidade, envolvendo o rombo de R$ 2,5 bilhões no banco Panamericano.

O procurador-chefe é o chefe administrativo da Procuradoria da República em São Paulo, que é a maior unidade do Ministério Público Federal, com 110 procuradores distribuídos entre a capital e mais 25 procuradorias da República em municípios do interior e da Grande São Paulo.

Além de questões administrativas, o procurador-chefe é o responsável, por exemplo, pela designação de procuradores para participarem de inspeções, correições e forças-tarefa. É atribuição do ocupante do cargo cuidar da representação do MPF perante outras instituições, como a Polícia Federal, Receita Federal, o Banco Central, a Advocacia-Geral da União e a Justiça Federal, no estado de São Paulo.

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