Intolerância e crime

Justiça condena skinhead a 24 anos de prisão

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21 de maio de 2011, 9h27

A Justiça de São Paulo condenou, na sexta-feira (20/5), Juliano Aparecido de Freitas a 24 anos e seis meses de prisão. Ele é acusado pela morte de Cleiton da Silva Leite e por tentar matar Flávio Augusto do Nascimento Cordeiro. Os crimes foram motivados por intolerância social. Os crimes aconteceram em 2003, na periferia da Grande São Paulo. Juliano terá o direito de recorrer da sentença em liberdade.

O julgamento aconteceu em Mogi das Cruzes e foi presidido pelo juiz Alberto Alonso Muñoz. Começou às 13h e terminou por volta das 22h. Outros dois acusados de participação no caso, Vinícius Parizatto e Danilo Gimenez Ramos respondem a processos separadamente. O julgamento de Vinicius está marcado para 28 de setembro e o de Danilo ainda não tem data para acontecer.

Juliano é um dos três skinheads acusados de obrigar os dois jovens a saltarem de um trem em movimento na cidade de Mogi das Cruzes. Cleiton da Silva Leite, que na época tinha 20 anos, morreu de traumatismo craniano após ser obrigado a pular do vagão da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Flávio Augusto Nascimento Cordeiro, que estava com 16 anos, sobreviveu à queda, mas teve o braço direito decepado ao cair no vão que separa o trem da plataforma.

O réu respondeu pelos crimes de tentativa de homicídio e homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima). A defesa sustentou as teses de atipicidade da conduta, ausência de dolo e falta de prova da relação entre a conduta do acusado e a morte e ferimentos das vítimas. A linha de argumentação será a de que as vítimas saltaram do trem por vontade própria.

O advogado Adriano Hisao Moyses Kawasaki disse que se as vítimas tivessem enfrentado o acusado, nada teria acontecido. "Os rapazes foram vítimas dos próprios temores", afirmou Adriano Kawasaki diante do plenário do Tribunal do Júri.

Os crimes ocorreram em dezembro de 2003, numa composição da linha E da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), do ramal Leste da capital paulista, nas imediações da estação Brás Cubas. De acordo com a denúncia, os jovens, acompanhados das namoradas, estavam a caminho de um shopping para jogar boliche.

O visual dos dois garotos de cabelos espetados com gel e camisetas de bandas de rock punk atraiu a ira do grupo de rapazes skinhead, de cabeças raspadas, coturnos, jaquetas e calças com detalhe militar e armados com machadinha e tchaco (instrumento de dois bastões ligados por uma corrente). “Ou pula ou morre”, teria dito um dos acusados.

De acordo com o Ministério Público, um dos réus disse que se não fosse atendido os jovens seriam mortos ali mesmo. Assustadas, as vítimas saltaram do trem em movimento. Cleiton da Silva Leite, de 20 anos, morreu dias depois de traumatismo craniano, e Flávio Augusto Nascimento Cordeiro, de 16 anos, teve o braço decepado ao cair no vão que separa o trem da plataforma.

As cenas dos agressores e da queda das vítimas foram registradas pelas câmeras da CPTM. Em depoimento, os acusados disseram que abordaram os dois rapazes para saber porque estavam vestidos com um visual agressivo. Os dois jovens teriam saído do vagão, ao perceberem a aproximação. Quando os skinheads foram para outro vagão, os jovens não estavam mais lá.

Os skinheads são conhecidos por pregar a discriminação contra negros, homossexuais, judeus e nordestinos. Os punks, que têm o anarquismo como ideologia, são considerados inimigos dos grupos neonazistas.

 

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