Adeus à toga

Desembargador paulista se despede do STJ

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12 de maio de 2011, 11h20

Celso Limongi - Spacca - SpaccaSpacca" data-GUID="celso-limongi-spacca.png">“Não quero sequer imaginar a nau do Poder Judiciário, que tanto amo, navegando sem rumo, bordejando, por falta de vento, ou melhor, de coragem dos juízes, aliados a tibieza do Legislativo e conformados com a hipertrofia do Executivo.” A afirmação foi feita pelo desembargador convocado Celso Limongi, que participou na quarta-feira (11/5) da última seção no Superior Tribunal de Justiça.

A manifestação de Limongi, que tem aposentadoria compulsória prevista para 8 de julho, quando completa 70 anos, foi no sentido de preocupação com os rumos da Justiça brasileira. Ele se disse confiante na ética, moral e conhecimento jurídico e humanista dos magistrados, em especial dos ministros do STJ, que, segundo ele, têm coragem e prudência para sujeitar-se somente à lei efetivamente válida, coerente com os significados da Constituição Federal.

Torcedor fanático do Corinthians, o desembargador volta ao Tribunal de Justiça de São Paulo para encerrar a carreira e se despedir dos colegas da 12ª Câmara Criminal e também do Órgão Especial, do qual é membro nato.

Celso Limongi que presidiu a Associação Paulista dos Magistrados (Apamagis) e o Tribunal de Justiça de São Paulo chegou ao STJ por meio da Portaria 43, de fevereiro de 2009. O desembargador convocado atuou na 3ª Seção e na 6ª Turma do STJ e ocupou a vaga da desembargadora Jane Silva, que deixou a corte em fevereiro de 2009 para retornar ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o desembargador assumiu um acervo de cerca de cinco mil processos. Desembargador do TJ paulista desde 1988, Celso Limongi atuou como juiz de Direito de 1ª, 2ª e 3ª entrância e da especial, e, ainda, como juiz do extinto Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo (Tacrim).

A presidente da Seção, ministra Laurita Vaz, afirmou que Limongi prestou valiosos serviços ao STJ, contribuindo com sua vasta experiência de magistrado, competência e dedicação. Ela também destacou algumas características peculiares do desembargador: simplicidade, sabedoria, equilíbrio e extrema gentileza. “Nestes dois anos trabalhando juntos na 3ª Seção, nunca vi o desembargador irritar-se ou ao menos alterar a voz”, elogiou a ministra.

Membro da magistratura paulista há 42 anos, Celso Limongi nunca imaginou que seria convocado para integrar o STJ. “Um prêmio, me deixou muito feliz e honrado”, revelou. Ao despedir-se, ele demonstrou preocupação com a formação dos juízes e com o volume inesgotável de ações judiciais que acarretam na morosidade. “A morosidade do Judiciário, que desperta nos outros Poderes a ideia de culpá-lo por todas as vicissitudes que a sociedade enfrenta, quando a culta está precisamente na incapacidade dos outros Poderes”, disse.

 

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